09/08/2009

Autores mais influentes do séc. XX

CARL SAGAN (1934-1996)
Astrónomo norte-americano com excepcionais dons de comunicação, destacou-se como divulgador científico.O seu livro Cosmos, a partir do qual foi feita uma notável série televisiva, desvendou ao cidadão comum os grandes segredos do Universo e estimulou muitos jovens a seguirem uma carreira científica. Escreveu ainda o romance Contacto (adaptado ao cinema por Robert Zemeckis), sobre o encontro da espécie humana com uma civilização extra-terrestre. O que nos ensinou: mesmo princípios científicos complexos, se explicados com clareza, podem ser entendidos por qualquer um.
GILLES DELEUZE (1925-1995)
Com uma vastíssima bibliografia, criticou com o mesmo grau de profundidade Spinoza, Kant,Nietzsche, Foucault ou o cinema. Para ele, a filosofia era criação de conceitos. Entre os seus textos mais citados estão os escritos ameias com Félix Guattari, nomeadamente os reunidos em Capitalismo e Esquizofrenia (cujo segundo volume,Mil Planatos, foi editado pela Assírio & Alvim). O que nos ensinou:metáforas físicas para modelos epistemológicos, como o célebre “rizoma” (entidade difusa, sem centro; o oposto do carácter hierárquico da estrutura clássica da “raiz”)
BERTOLT BRECHT (1898-1956)
Dramaturgo, além de poeta, teorizou e levou à prática uma visão épica e dialéctica do teatro, na qual se procurava um distanciamento entre o espectador e a cena, de forma a centrar o trabalho dramatúrgico na crítica das relações sociais, com uma preocupação didáctica, tendo em vista a tomada de consciência de quem assistia aos espectáculos. A companhia Berliner Ensemble prosseguiu estes princípios mesmo após a sua morte. O que nos ensinou: a força radical do teatro enquanto meio para questionar as ordens estabelecidas.
AGATHA CHRISTIE
(1890-1976)
“Rainha do Crime”, chamaram-lhe. Criadora de dois dos mais carismáticos detectives com que alguma vez os leitores de policiais se cruzaram(o refinado Hercule Poirot, sempre orgulhoso das suas “pequenas células cinzentas”, e a adorável Miss Marple), Agatha Christie está registada no Livro Guinness dos Recordes como a autora que mais livros vendeu, deixando para trás Shakespeare e sendo batida apenas pela Bíblia. Há milhões de leitores que talvez não tenham lido mais nada, mas leram os seus intrincados mistérios. O que nos ensinou: a culpa nem sempre é do mordomo.
MARCEL PROUST (1871-1922)
Embora tenha escrito outras obras, inclusive no campo da não-ficção (ensaio, crítica, crónicas, pastiches), Proust será sempre lembrado como o autor de um projecto literário de escala gigantesca: Em Busca do Tempo Perdido, romance com mais de três mil páginas, dividido em sete volumes (editados há uns anos pela Relógio d’Água, em tradução de Pedro Tamen). Partindo do conceito de “memória involuntária”, acesa por uma espécie de interruptor (a madalena molhada no chá), Proust conduz o seu alter-ego através de um prodigioso labirinto de reminiscências, num tour de force narrativo que lhe ocupou os últimos 13 anos de vida, passados em reclusão no seu apartamento forrado a cortiça do Boulevard Haussmann.Nomomento da morte, aos 51 anos, ainda não tinha revisto as provas dos últimos três volumes, publicados postumamente, mas a sua reputação já estava firmada. GrahamGreene, por exemplo, considerava-o o “maior romancista do século XX”. O que nos ensinou: o tempo que já passou pesa muito mais do que o que está para vir
JUAN RULFO (1917-1986)
Ganhou um lugar de destaque no panteão das letras latino-americanas com apenas dois livros curtos: A Planície em Chamas (1953) e Pedro Páramo (1955). Por prodigiosa que fosse a sua escrita, preferiu pousar a caneta e pegar n máquina fotográfica,mas a sua influência não diminuiu depois da síndrome de Bartleby.Gabriel García Márquez conta que foi a leitura de Rulfo que o salvou de um bloqueio criativo, no início da década de 60. Ou seja: sem a existência de Comala, talvez não existisse Macondo. O que nos ensinou: as melhores obras completas não se medem pelo número de páginas.
J. D. SALINGER (1919-)
Quando é preciso dar exemplos de escritores reclusos, o seu nome vem sempre à baila, juntamente com os de Thomas Pynchon e Cormac McCarthy (embora este último tenha começado a sair do casulo, com aparições no programa da Oprah e na entrega dos Óscares). Salinger deve grande parte da sua fama ao romance The Catcher in the Rye (À Espera no Centeio, Difel), um livro de culto para sucessivas gerações de jovens revoltados, desde que foi publicado em 1951. O escritor ainda editou contos e novelas até ao início da década de 60 ,mas depois disso fechou-se à chave dentro da sua vida e remeteu-se a um silêncio absoluto, até agora imune às muitas tentativas de violação da privacidade. Embora nunca tenha deixado de escrever, não se sabe ao certo a magnitude da obra póstuma que vai deixar. Entre os autores que assumiram uma influência do peculiar estilo de Salinger, contam-se Harold Brodkey, John Updike, Haruki Murakami e o Philip Roth dos primeiros tempos. O que nos ensinou: a retórica da invisibilidade

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