CARL SAGAN
(1934-1996)
Astrónomo norte-americano com excepcionais dons de comunicação, destacou-se
como divulgador científico.O seu livro Cosmos, a partir do qual foi feita uma notável
série televisiva, desvendou ao cidadão comum os grandes segredos do Universo e estimulou muitos jovens a seguirem uma carreira científica. Escreveu
ainda o romance Contacto (adaptado ao cinema por
Robert Zemeckis), sobre o encontro da espécie humana com uma civilização extra-terrestre.
O que nos ensinou: mesmo princípios científicos
complexos, se explicados com clareza, podem ser entendidos
por qualquer um.
GILLES DELEUZE
(1925-1995)
Com uma vastíssima bibliografia, criticou com o mesmo grau de profundidade
Spinoza, Kant,Nietzsche, Foucault ou o cinema. Para ele, a filosofia era criação
de conceitos. Entre os seus textos mais citados estão os escritos ameias com Félix Guattari, nomeadamente os reunidos em Capitalismo e Esquizofrenia
(cujo segundo volume,Mil Planatos, foi editado pela Assírio & Alvim). O que nos ensinou:metáforas físicas para modelos epistemológicos, como o célebre “rizoma” (entidade
difusa, sem centro; o oposto do carácter hierárquico
da estrutura clássica da “raiz”)
BERTOLT BRECHT
(1898-1956)
Dramaturgo, além de poeta, teorizou e levou à prática uma visão épica e dialéctica
do teatro, na qual se procurava um distanciamento entre o espectador e a
cena, de forma a centrar o trabalho dramatúrgico na crítica das relações sociais, com uma preocupação didáctica, tendo em vista a tomada de consciência de quem assistia aos espectáculos. A companhia Berliner Ensemble prosseguiu estes princípios mesmo após a sua morte.
O que nos ensinou: a força radical do teatro enquanto meio
para questionar as ordens estabelecidas.
AGATHA CHRISTIE
(1890-1976)
“Rainha do Crime”, chamaram-lhe. Criadora de dois dos mais carismáticos detectives
com que alguma vez os leitores de policiais se cruzaram(o refinado Hercule Poirot, sempre orgulhoso das suas “pequenas células cinzentas”, e a adorável Miss Marple), Agatha Christie está registada no Livro Guinness dos Recordes como a autora que mais livros vendeu, deixando para trás Shakespeare e sendo batida apenas pela Bíblia. Há milhões
de leitores que talvez não tenham lido mais nada, mas leram os seus intrincados mistérios.
O que nos ensinou: a culpa nem sempre é do mordomo.
MARCEL PROUST
(1871-1922)
Embora tenha escrito outras obras, inclusive no
campo da não-ficção (ensaio, crítica, crónicas,
pastiches), Proust será sempre lembrado como
o autor de um projecto literário de escala gigantesca:
Em Busca do Tempo Perdido, romance
com mais de três mil páginas, dividido em sete
volumes (editados há uns anos pela Relógio
d’Água, em tradução de Pedro Tamen). Partindo
do conceito de “memória involuntária”, acesa
por uma espécie de interruptor (a madalena
molhada no chá), Proust conduz o seu alter-ego
através de um prodigioso labirinto de reminiscências,
num tour de force narrativo que lhe
ocupou os últimos 13 anos de vida, passados em
reclusão no seu apartamento forrado a cortiça
do Boulevard Haussmann.Nomomento da morte,
aos 51 anos, ainda não tinha revisto as provas
dos últimos três volumes, publicados postumamente,
mas a sua reputação já estava firmada.
GrahamGreene, por exemplo, considerava-o
o “maior romancista do século XX”.
O que nos ensinou: o tempo que já passou pesa
muito mais do que o que está para vir
JUAN RULFO
(1917-1986)
Ganhou um lugar de destaque no panteão
das letras latino-americanas com
apenas dois livros curtos: A Planície em
Chamas (1953) e Pedro Páramo (1955).
Por prodigiosa que fosse a sua escrita, preferiu pousar
a caneta e pegar n máquina fotográfica,mas a
sua influência não diminuiu depois da síndrome de
Bartleby.Gabriel García Márquez conta que foi a leitura
de Rulfo que o salvou de um bloqueio criativo,
no início da década de 60. Ou seja: sem a existência
de Comala, talvez não existisse Macondo.
O que nos ensinou: as melhores obras completas não
se medem pelo número de páginas.
J. D. SALINGER
(1919-)
Quando é preciso dar exemplos de escritores reclusos, o seu nome vem sempre à baila, juntamente com os de Thomas Pynchon e Cormac McCarthy
(embora este último tenha começado a sair do casulo, com aparições no programa da Oprah e na
entrega dos Óscares). Salinger deve grande parte da sua fama ao romance The Catcher in the Rye (À Espera no Centeio, Difel), um livro de culto para
sucessivas gerações de jovens revoltados, desde que foi publicado em 1951. O escritor ainda
editou contos e novelas até ao início da década de
60 ,mas depois disso fechou-se à chave dentro da
sua vida e remeteu-se a um silêncio absoluto, até
agora imune às muitas tentativas de violação da
privacidade. Embora nunca tenha deixado de escrever,
não se sabe ao certo a magnitude da obra
póstuma que vai deixar. Entre os autores que assumiram
uma influência do peculiar estilo de Salinger,
contam-se Harold Brodkey, John Updike,
Haruki Murakami e o Philip Roth dos primeiros
tempos.
O que nos ensinou: a retórica da invisibilidade
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