ERNEST
HEMINGWAY
(1899-1961)
através da forma como escrevia: frases curtas, dinâmica narrativa colada ao osso da história, diálogos exemplares. São inúmeros os escritores americanos que lhe devem qualquer
coisa a este nível: J. D. Salinger, Kerouac, Hunter S. Thompson, Elmore Leonard e até autores mais jovens como Bret Easton Ellis ouChuck Palahniuk. Depois, enquanto figura literária.
O yankee à solta na Europa, a viver a Festa em Paris, a atravessar a guerra de Espanha, dando o corpo ao manifesto e exemplificando o que é isso da “grace under pressure”, corresponde na perfeição ao ideal do escritor aventureiro. Não será exagerado dizer que a forma como viveu (e morreu, disparando um tiro na cabeça) foi uma das suas melhores obras, se não a melhor.
GABRIEL
GARCÍA
MÁRQUEZ
(1928-)
De todos os escritores latino-americanos responsáveis pelo chamado boom do realismo mágico, durante a década de 60 do século passado, Garcia Márquez (Gabo para os amigos) é aquele
que conheceu uma aceitação mais universal, reflectida na atribuição do Nobel, em1982.As suas
histórias, irradiando a partir da cidade imaginária de Macondo são narrativas que introduzem com grande mestria elementos fantásticos no quotidiano de personagens maiores do que a vida.Os romances Cem Anos de Solidão e O Amor nos Tempos de Cólera foram obras-primas marcantes para milhões de leitores em todo o mundo.
JAMES JOYCE (1882-1941)
Há precisamente dez anos, a revista Tim e elegeu Joyce como o escrito rmais influente do século
XX .A escolha compreende-se.Nascido em1882, soube fazer a ponte entre a tradição literária e
as vanguardas. Se as primeiras obras (Gente de Dublin ou Retrato do Artista Quando Jovem) ainda respeitavam os principais códigos narrativos vigentes, o romance Ulisses (1922) estilhaçou todas as regras, revolucionando a literatura de uma forma que só tem paralelo com as mudanças
de paradigma instauradas por Einstein no campo da Física.
VIRGINIA WOOLF (1882-1941)
No tempo que lhe coube viver, conseguiu impor uma voz feminina num mundo dominado por homens. “Para escrever ficção, uma mulher precisa de dinheiro e de um quarto que seja seu”, afirmou num famoso ensaio. Ao longo da vida levou a frase à letra, como comprovamos nove romances e dois livros de contos que constam da sua bibliografia.
Pertenceu ao Grupo de Bloomsbury e ao movimento modernista inglês, tendo contactado
de perto com os principais intelectuais britânicos da primeira metade do século XX.Atormentada
pela depressão, pôs fim à vida como sentido trágico das suas personagens, afogando-se no rio
Ouse com os bolsos cheios de pedras, depois de escrever ao marido uma pungente nota de suicídio. A cena está reproduzida no romance As Horas, de Michael Cunningham (adaptado ao cinema em2002) ,que cruza a vida da escritora coma da protagonista do livroMrs. Dalloway (1925).
MARCEL PROUST
(1871-1922)
Embora tenha escrito outras obras, inclusive nocampo da não-ficção (ensaio, crítica, crónicas, pastiches), Proust será sempre lembrado como o autor de um projecto literário de escala gigantesca: Em Busca do Tempo Perdido, romance
com mais de três mil páginas, dividido em sete volumes (editados há uns anos pela Relógio d’Água, tradução de Pedro Tamen). Partindo do conceito de “memória involuntária”, acesa por uma espécie de interruptor (a madalena molhada no chá), Proust conduz o seu alter-ego através de um prodigioso labirinto de reminiscências, num tour de force narrativo que lhe ocupou os últimos 13 anos de vida, passados em reclusão no seu apartamento forrado a cortiça do Boulevard Haussmann.No momento da morte, aos 51 anos, ainda não tinha revisto as provas dos últimos três volumes, publicados postumamente, mas a sua reputação já estava firmada. Graham Greene, por exemplo, considerava-o o “maior romancista do século XX”. O que nos ensinou: o tempo que já passou pesa muito mais do que o que está para vir.
muitomais do que o que está para vir
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