19/10/2012

MORREU MANUEL ANTONIO PINA

"O Porto assenta-me perfeitamente. Provavelmente é aqui que vou morrer e hei de ficar a fazer parte da cidade fisicamente", disse ao P24 Manuel António Pina, após ter vencido o Prémio Camões em 2011. “É a coisa mais inesperada que podia esperar”.

 Manuel Pina estava internado no Hospital de Santo António no Porto. Morreu esta tarde tinha 68 anos e perdeu a luta contra o cancro.

 Fez do jornalismo a sua profissão no Jornal de Notícias, onde foi editor e onde mantinha a crónica "Por Outras Palavras". Estendeu a sua actividade à rádio e à televisão. Mas Manuel António Pina licenciara-se em Direito na Universidade de Coimbra e exercia a advocacia regularmente e de forma gratuita, empenhando-se na defesa de associações ligadas à Cultura

Manuel António Pina nascido no Sabugal, Beira Alta,  no dia 18 de Novembro de 1943, além de escritor, trabalhou no Jornal de Notícias durante três décadas. Apesar de licenciado em Direito, foi nas letras que singrou.
 Também a sua poesia tinha sentido de humor – o que é raro na poesia portuguesa - e mantinha vivo o diálogo com Fernando Pessoa.Costumava citar Luiz Pacheco, que dizia que daqui a cem anos ninguém se lembrará do que escrevemos, para contrapor que essa meta acabava: já daqui a um ano. No entanto os seus livros, nomeadamente os infantis que formaram a geração que hoje tem mais de 40 anos, continuam a ser reeditados e não envelheceram. 

A poesia reunida de Manuel António Pina traça o percurso integral de um dos nossos maiores poetas vivos.
Quando um poeta se estreia garantindo "Ainda Não É o Fim Nem o Princípio do Mundo Calma É Apenas Um Pouco Tarde" (1974), notamos logo esse tristonho "tarde" no meio de tanta ironia.

 Além da poesia (o primeiro livro foi editado em 1974, «Ainda não é o fim nem o princípio do Mundo, calma é apenas um pouco tarde») e da literatura infanto-juvenil («O país das pessoas de pernas para o ar», em 1973), escreveu ainda diversas peças de teatro e obras de ficção e crónica.

Tem obras traduzidas em França (francês e corso), Estados Unidos, Espanha (espanhol, galego e catalão), Dinamarca, Alemanha, Países Baixos, Rússia, Croácia e Bulgária.

O último documentário de Manuel António Pina vai ser emitido, esta sexta-feira, à noite na RTP2.
No documentário, que será exibido às 20.58 horas, "Um Sítio Onde Pousar a Cabeça", Manuel António Pina revela-se na primeira pessoa, com testemunhos de amigos, familiares e especialistas da sua obra.


A obra poética de Manuel António Pina está reunida no volume Todas as Palavras, editado este ano pela pela Assírio & Alvim.

Além do Prémio Camões 2011, ganhou as seguintes distinções e prémios:
1978
Prémio de Poesia da Casa da Imprensa («Aquele que quer morrer»);
1987
Prémio Gulbenkian 1986/1987 («O Inventão»);
1988
Menção do Júri do Prémio Europeu Pier Paolo Vergerio da Universidade de Pádua, Itália («O Inventão»);
1988
Prémio do Centro Português para o Teatro para a Infância e Juventude (CPTIJ) (conjunto da obra infanto-juvenil);
1993
Prémio Nacional de Crónica Press Club/ Clube de Jornalistas;
2002
Prémio da Crítica, da Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos Literários” («Atropelamento e fuga»);
2004
Prémio de Crónica 2004 da Casa da Imprensa (crónicas publicadas na imprensa em 2004);
2004
Prémio de Poesia Luís Miguel Nava 2003 («Os livros»);
2005
Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores/CTT («Os Livros»);
2011
Prémio Camões

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