18/05/2012

IAN CURTIS 32 ANOS APÓS A SUA MORTE

Os Joy Division é, sem sombra de dúvida, uma das bandas mais importantes do pós-punk. Sem eles, o mundo underground não seria o mesmo.

 Ian Curtis, o vocalista dos Joy Division, morreu a 18 de Maio de 1980, na sua casa de Macclesfield.
depois de assistir a um filme de Werner Herzog e de ouvir "The Idiot", de Iggy Pop.

Morreu prestes a partir para uma digressão pelos EUA, de forma aparentemente premeditada, no auge da carreira do grupo e depois de concluído um dos seus sonhos: ser capa do "New Musical Express".


As suas últimas canções eram já bilhetes desesperados de despedida, resultado de uma vida amorosa tortuosa e de uma epilepsia que nunca quis assumir frontalmente. As duas últimas letras que escreveu, as de "Ceremony" e de "In a Lonely Place" (com que os sucessores New Order se estrearam), são esclarecedoras quanto às suas intenções lúgubres. Assim como as imagens de "Closer".

 Há exactamente 32 anos, o jovem músico Ian Curtis, atormentado por angústias e culpa, sentindo a pressão do sucesso crescente de sua banda, enforcou-se dentro de casa. Ian Curtis morreria ali, mas o seu mito, um dos maiores da história do rock, acabava de nascer.

O epitáfio de Ian Curtis, no cemitério de Macclesfield, Cheshire, nas imediações de Manchester, não poderia ser mais apropriado: "Love Will Tear Us Apart". A canção, que hoje é um clássico da iconografia pop-rock, perdura como registo autobiográfico de uma estrela tão ascendente quanto suicida.


Lançado postumamente, "Love Will Tear Us Apart" foi o tema mais funesto gravado pelos Joy Division e o "single" do grupo que mais subiu na tabela de vendas inglesa (um modesto 13.º lugar). A canção já conheceu várias versões (de Paul Young aos Nouvelle Vague) e foi nomeada para o prémio de melhor tema dos últimos 25 anos da música britânica (ganhou Robbie Williams...).


Juntamente com "Closer", segundo álbum de originais, o tema contribuiu para imortalizar uma banda cuja importância é inversamente proporcional à sua duração e transformar Curtis no primeiro mártir rock dos anos 80. Anos que não viveu de todo, mas que influenciou como ninguém

  Ian Curtis de A-Z

Anton Corbijn - fotógrafo e director de clips de bandas como U2 e Depeche Mode. Ele dirigiu o longa Control, sobre a vida de Ian Curtis 

 David Bowie - A fase glam do roqueiro, de discos como Ziggy Stardust e Diamond Dogs, foi uma forte influência no jovem Ian.



Closer - Segundo álbum do Joy Division, saiu um pouco depois da morte de Ian e é considerado sua obra-prima. Tem faixas como A Means To An End, Isolation e Atrocity Exhibition.

 Deborah Curtis - Mulher de Ian até á sua morte. O casamento foi problemático, com um Ian cada vez mais difícil de conviver e infiel. Deborah escreveu em 1995 o livro Touching from a Distance: Ian Curtis and Joy Division.

Epilepsia - Ian sofria da doença. A sua dança desengonçada no palco às vezes descambava em ataques epilépticos de verdade. Ele tinha que ser removido do palco e levado ao camarim para ser socorrido.

Factory - A gravadora independente comandada pelo apresentador de TV Tony Wilson. A Factory foi a casa de grande parte das bandas pós-punk de Manchester, incluindo os Joy Division, que por ela lançou todos os seus singles e álbuns.

Góticos - Com a sua postura depressiva e clima nublado, a música dos Joy Division foi uma enorme inspiração para o movimento dos casacões pretos e lápis borrado no olho que surgiu nos anos 80.

Haçienda - Clube/casa de shows que tinha como sócios o pessoal dos New Order e Wilson, da Factory. Abriu dois anos depois da morte de Ian, mas é certo que o sucesso póstumo do Joy Division ajudou ao projecto.

Love Will Tear Us Apart - O maior hit, considerado em 2002 pela revista inglesa NME como o melhor single da história, e pela Rolling Stone como um dos 200 melhores. A faixa aparece no filme Donnie Darko.

 Manchester - Antigo centro da Revolução Industrial e inspiração para um jovem Engels formular as suas teorias socialistas, a cidade chegou nos anos 70 do século 20 combalida e ultrapassada. Foi onde Ian morou a maior parte da sua vida e o epicentro do pós-punk no norte da Inglaterra.

New Order - Depois de sua morte, os três membros restantes, Bernard Sumner, Peter Hook e Stephen Morris, decidiram seguir em frente com um novo nome, New Order. No começo, o som era uma continuação dos J.D. Com o passar do tempo, os New Order ganham cara própria, mais electrónico, e pop dançante.

Oitenta - Algumas das principais bandas dessa década são admiradoras do som dos Joy Division e das letras de Ian Curtis: U2, The Cure, Echo and the Bunnymen e Simple Minds.

Peter Saville - O designer que deu à Factory a sua identidade visual minimalista e elegante, co-autor de Closer e Unknown Pleasures.
Peter Saville, o "designer" das capas do grupo e da esmagadora maioria dos discos da defunta Factory Records, escolhera sem saber a mortalha ideal para o vocalista dos Joy Division: as fotografias do cemitério de Staglieno, em Génova, da autoria de Bernard Pierre Wolff.
Vinte e cinco anos depois, Saville reconheceu, à "Mojo", que Curtis fizera da capa de "Closer" mais uma nota para o seu suicídio.

Quieto - Uma das características marcantes de Ian Curtis era a sua introversão. Durante as gravações da banda  quase não interagia com os seus companheiros.

Retrospectivas - A obra dos Joy Division pode ser encontrada em várias colectâneas lançadas em diferentes épocas. Algumas importantes: Still, Substance, Heart and Soul (caixa), Joy Division The Complete BBC Recordings, The Best of Joy Division e The Peel Sessions.

Sex Pistols - Quando eles tocaram em Manchester pela primeira vez, apenas um punhado de gente foi ver. Todos que foram, porém, tiveram uma epifania e saíram de lá determinados a montar uma banda, incluindo Ian Curtis e os seus amigos.

Twenty-Four Party People - Óptimo filme que conta a trajectória de Tony Wilson, Factory, Haçienda e a cena de Manchester. Traz Ian Curtis como um jovem agressivo e extremamente sarcástico.

Unknown Pleasures - Primeiro álbum dos Joy Division, contém clássicos como New Dawn Fades e She's Lost Control.

 “Os Joy Division não eram punk, mas eram directamente inspirados pela sua energia”. Jon Savage, uma das vozes críticas essenciais dos anos 80. No início, o grupo chegou a chamar-se Warsaw, em homenagem a David Bowie (o primeiro tema do lado B de "Low" chamava-se "Warszawa"), quando pelo palco do Electric Circus passavam os The Buzzcocks, os The Fall e outras bandas que faziam de Manchester o pólo criativo que varreu o final da década de 70 e da década seguinte.

A proximidade fonética com o nome de uma banda que nunca deixou a obscuridade foi o argumento para a mudança de nome para Joy Division — a ala dos campos de concentração nazis destinada ao trabalho sexual forçado.

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