04/11/2011

GNR

Distantes vão os trinta anos, daqueles cujo olhar viu nascer Portugal na CEE e Espelho Meu, engenho da banda de Toli César Machado, Alexandre Soares e Vitor Rua, provocatoriamente baptizada de GNR.

Naquele ano de 1981, é editado um segundo 45 rpm, Sê um GNR, novo êxito, com a mesma fórmula infalível do primeiro, se bem que, desta vez, as palavras surjam em tom mais agitador, investindo sobre a instituição militar a quem, com sucesso, já haviam usurpado a sigla.

Se tens dezoito anos e a quarta classe / És um jovem ambicioso/

Procuras aventura e emoção / Uma farda e um boné/

Vem ser um gordo da Gnr

Crescente numero de seguidores, na sua maioria, a Norte, composta por uma juventude de classe média, saída da infância da revolução dos cravos, que soltou ideais, vontades e murmurações, o rastilho acendeu e provocou, mais tarde, a inevitável explosão, já a nível nacional.

Portugal na CEE e Sê um Gnr, são marcos das memórias do rock português. Um e outro venderam mais de vinte ml cópias, muito perto, do disco de prata.

Ainda em 1981, a banda entra em estúdio e no ano seguinte sai Independança. Já com Rui Reininho na voz, substituindo na tarefa Alexandre Soares. Reininho viera juntar as suas líricas à música de Toli e Vítor Rua, para o primeiro longa duração da banda, um dos mais conseguidos e inovadores trabalhos da nova musica feita em Portugal.

O disco é mostrado no Ritz Club, em Lisboa e a banda decide acertar a data de saída de Alexandre Soares, cada vez mais ausente. A viragem dá-se, contudo, em Vilar De Mouros; o guitarrista já não compõe o cenário. Os GNR apresentam-se em palco em formato de trio, com baixo, bateria e voz, essenciais para um Avarias, desfilado em mais de meia hora de concerto. Arrojado. Eu marquei presença nesse que foi o meu primeiro FESTIVAL. Ainda hoje tenho memorias visuais desse concerto.

Independança acabou por não colher, na altura, a unanimidade da critica, tão pouco da sociedade consumidora.

Sete temas no lado A e um delírio musical, de nome Avarias, com 27 minutos de duração, a preencher toda a face B do disco. Ousadia, ou tão simplesmente a influência estética de Jorge Lima Barreto, o homem dos projetos vanguardistas.

Lima Barreto mais tarde com Vitor Rua viria a formar o grupo experimental TELECTU, num percurso longo.

Agora em 2011 o grupo celebra “oficialmente” o trigésimo aniversário do aparecimento dos dois primeiros singles dos GNR, Portugal na CEE e Sê um Gnr.

Vitor Rua em entrevista ao site imagemdosom, explica como como nasceu o Portugal na CEE " Num apartamento na Foz, na casa de uma namorada minha. Compus ao piano. A letra era em inglês. Chamava-se She´s Walking. Ainda não existiam os GNR. Foi em inglês e com esta letra que os GNR deram os primeiros concertos ainda com a Isabel Quina como cantora, "o Alexandre e eu temos um ou dois encontros na minha garagem; da terceira vez já tinhamos o Toli; pouco tempo depois tínhamos e Mano Zé; concerto na Igreja do Carvalhido; concertos na Granja; gravaçãos do CEE; substituição do Mano Zé pelo Miguel Megre; gravação do GNR".

1 comentário:

David Shearn disse...

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Regards:
Calacatta marble

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