GUY DEBORD
(1931-1994)
Publicado em 1967, nas vésperas do Maio
de 68, o ensaio A Sociedade do Espectáculo estabeleceu GuyDebord, já então conhecido pela sua participação activa em movimentos subversivos (do Letrismo à Internacional Situacionista), como um dos principais críticos do capitalismo, reinterpretando o trabalho de Marx deforma a estender o conceito de alienação a outras esferas, para lá da actividade laboral. A sua análise da cultura de massas e do poder das imagens tornou-seainda mais pertinente após o triunfo da globalização,a que já não assistiu por se ter suicidado, em1994, aos 63anos, com um tiro no coração. A Antígona editou um livro sobre a sua figura e obra, assinado por Anselm Jappe.
O que nos ensinou: a urgência revolucionária, da teoria à prática.
ISAAC ASIMOV
(1920-1992)
Autor norte-americano de origem russa, foi um dos chamados Três Grandes da
Ficção Científica (a par de Robert A. Heinlein e do recentemente falecido Arthur
C. Clarke). Com uma capacidade de trabalho inesgotável, que lhe permitiu escrever ou editar maisde 500 livros, Asimov ganhou tudo o que havia para
ganhar no campo da FC (oito prémios Hugo, três Nebula, o respeito dos outros autores) e ainda conseguiu estabelecer uma enorme reputação enquanto
divulgador de temas científicos. O que nos ensinou:muita ciência, em bruto e através
das suas ficções.
JORGE LUIS BORGES
(1899-1986)
Tal como Joyce, foi esquecido pela Academia Sueca, tão
lesta a entregar o Nobel a escritores menores. A bem
dizer, nunca necessitou desse tipo de caução.A sua fama,
ganhou-a com textos buriladíssimos – ficções labirínticas,
poemas de uma elegância clássica, ensaios desvairadamente enciclopédicos – e com a pose de sábio cego, feliz no recato de uma biblioteca sem limites, alimentando-se apenas da música das palavras. Erudito, bibliómano,Borges é o escritor por antonomásia,o
homem que tinha na cabeça a Literatura toda (das 1001 Noites às sagas islandesas, de Cervantes a Chesterton) e a soube reinventar em livros que são como jogos
de espelhos em que se aprisiona o infinito.A sua escrita, cerebral e de uma lógica avassaladora,prestou-se a todo o tipo de pastiches.Poucos autores do século XX terão influenciado tantos bons escritores e tantos maus epígonos, iludindo-se estes coma aparente facilidade de imitar o que afinal era inimitável. O que nos ensinou: uma biblioteca pode ser um lugar mais aventuroso do que a selva amazónica.
JEAN-PAUL SARTRE
(1905-1980)
Exemplo clássico do intelectual francês ideologicamente empenhado, Sartre assumiu durante
décadas o papel do maître à penser, o filósofo existencialista que enviava dos cafés do Boulevard
Saint-Germain, em Paris, as coordenadas a partir das quais muita gente interpretava o que
se ia passando no mundo. Embora se outorgasse
o estatuto de consciência moral do seu tempo,
o fundador do jornal Libération (e um dos
mentores do Maio de 68) teve dificuldade em
conciliar a suposta defesa intransigente da liberdade
humana – pilar da sua filosofia – com o
apoio prolongado aos regimes autoritários comunistas.
Talvez por isso, e porque a globalização
foi retirando estatuto e influência à cultura
francesa, a posteridade não tem sido muito benevolente
como seu legado, incluindo a vasta
obra literária, distinguida como Nobel em1964
– um prémio que Sartre recusou, afirmando que
um escritor deve recusar que o transformem numa instituição.
O que nos ensinou: “a existência precede a essência”.
PRIMO LEVI
(1919-1987)
“Há dois tipos de sobreviventes do Holocausto: os que calam e os que falam”,
disse um dia este discreto químico italiano – vítima, como tantos outros judeus,
das atrocidades que fizeram de Auschwitz um“buraco
negro” na História do século XX. Após o fim da
guerra, Levi, que nunca deixou de ser o prisioneiro n.º
174517 (número que substitui o epitáfio na sua campa),
escolheu falar do horror nazi em vários dos seus
livros, um dos quais, Se Isto é um Homem, crónica
quase científica do que se passou, narrada de forma
objectiva e destituída de pathos, viria a transformar-se
num dos melhores reflexos literários do “dever de
memória” que pesava sobre quem conseguiu escapar
do inferno.
O que nos ensinou: uma posição ética inabalável perante
a barbárie nazi.
GEORGE ORWELL
(1903-1950)
Em1948,este escritor britânico criou uma extraordinária distopia: Mil Novecentos e Oitenta e Quatro. Nesse então futuro longínquo ,que para nós já
é passado, Orwell imagina uma sociedade totalitária levada às últimas consequências, em que o Estado tem um controlo absolutos obre os
cidadãos, dominando-os através da linguagem(a “Novilingua”
que asfixia à nascença qualquer forma de rebeldia)
e da vigilância permanente (“Big Brother is
watchingyou”).Que o nome do ditador,esse Grande Irmão omnipotente, tenha sido dado ao primeiro
reality show televisivo de grande sucesso não
deixa de ser irónico.Nunca chegámos sequer perto da profecia negra de Orwell, mas há formas mais subtis de alienação que produzem efeitos assustadoramente parecidos.
E nem sequer faltam,por esse mundo fora, equivalentes do Ministério da Verdade
que tentam manipular o passado com a
maior desvergonha, a seu bel-prazer.
O que nos ensinou: “somos todos iguais, mas alguns
são mais iguais do que outros ".
PABLO NERUDA
(1904-1973)
Durante décadas, Ricardo Eliezer Neftalí Reyes y Basoalto, que transformou o seu
pseudónimo(Pablo Neruda) em nome oficial, simbolizou o poeta militante, disposto
a colocar o lirismo tanto ao serviço do amor como de causas políticas (em Canto Geral,por exemplo,narra de forma épica a História da América Latina). Comunista
ortodoxo, apoiante de Salvador Allende,morreu de ataque cardíaco a 23 de Setembro de 1973, 12 dias após o golpe de Pinochet. O quenos ensinou: a fazer odes às coisas comuns (mesa,
cadeira, pão, sabonete, um par de peúgas, etc.)
Enid Blyton (1897-1968)
Hermann Hesse (1877-1962)
Samuel Beckett (1906-1989)
Thomas Mann (1875-1955)
Graham Greene (1904-1991)
T. S. Eliot (1888-1965)
J. R. R. Tolkien (1904-1973)
Pablo Neruda (1904-1973)
Ludwig Wittgenstein (1889-1951)
Emilio Salgari (1862-1911)
J. K. Rowling (1965-)
Robert Musil (1880-1942)
Roland Barthes (1915-1980)
Rainer Maria Rilke (1875-1926)
Vladimir Nabokov (1899-1977)
Scott Fitzgerald (1896-1940)
Sylvia Plath (1932-1963)
Sigmund Freud (1856-1939)
Umberto Eco (1932-)
André Breton (1896-1966)
Michel Foucault (1926-1984)
Marcel Proust (1871-1922)
Georges Perec (1936-1982)
Raymond Carver (1938-1988)
Barbara Cartland (1901-2000)
Juan Rulfo (1917-1986)
Karl Popper (1902-1994)
J. D. Salinger (1919-)
Walter Benjamin (1892-1940)
Albert Camus (1913-1960)
Marguerite Duras (1914-1996)
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