Robby Krieger: do jazz ao rock.Guitarrista dos The Doors grande admirador de Coltrane, fala sobre a
influência do jazz na sua música e comemora o lançamento do DVD Live At
The Bowl ´68, registo antológico da banda.
Era um garoto que amava Wes Montegomery, Albert King, e Larry Carlton. Ou seja: seria um milagre se tornasse-se um ícone do
rock, ainda mais no turbulento rock dos anos 1970.
Mas Robby Krieger
tornou-se guitarrista de uma das bandas lendárias do género, e
referência eterna. Hoje com 66 anos, continua excursionar com os
Doors (com Ian Astbury, dos The Cult, como cantor; e com Brett Scallions, actualmente tem um novo vocalista, David Brock - tem uma banda de cover dos Doors, chamada Wild Child. E vêm tocando Doors desde os anos 1980) quando não está jogando golfe, uma das suas paixões.
The Doors foi um tipo de mistura de jazz e poesia harmonizada, quando
tocávamos ao vivo era uma grande sessão de improvisação, e todos nós
amávamos o jazz. Era basicamente nossa intenção, juntar poesia e jazz, e
eventualmente rock e blues e outras coisas também. Acho que The Doors
era muito mais uma questão de jazz do que de rock’n’roll. Eu costumava
ouvir Wes Montgomery, Miles Davis, Roland Kirk, isso anos antes de eu
integrar os Doors.
Krieger não é mencionado tão frequentemente quanto deveria em artigos ou
mesmo entre as novas gerações, embora seja muito influente. Fica magoado? " Jim Morrison foi uma figura tão icónica, carismática, que todos
mundo provavelmente pensam que ele compôs todas as canções dos Doors. Não
sabem que eu compus muitas delas. Às vezes eu tenho de dizer às
pessoas: “Hey, eu escrevi ‘Love Me Two Times’”. Mas creio que, um dia,
vão se dar conta.
Havia grande interesse de todo mundo naquela época na música indiana,
em meditação, continua Robby Krieger "nós experimentamos LSD, peyote, buscando algo espiritual,
era uma rebelião contra a normalidade católica, judaica, contra as
religiões, em busca de algo novo. No início, Ray Manzarek tocava o baixo
de forma muito hipnótica. Não sei quanto as pessoas que buscaram
caminhos por meio das drogas foram bem-sucedidas. Para muita gente
funcionou, para outras não, isso depende de quanto você usou e por
quanto tempo. Se você usa pelas razões certas, pode ser muito útil, pode
conduzir à abertura da consciência".
E, em
ocasiões como esta, em que lança um show inédito dos Doors em DVD,
Live at the Bowl 68, Krieger obriga-o a falar pela enésima vez do
passado. Conta que a banda nunca ficou satisfeita com a explicação sobre
a morte repentina de Jim Morrison em Paris. “Sabíamos que ele tinha de
facto morrido, mas a forma como morreu será sempre um mistério”, disse.
O show que está sendo
lançado foi gravado em 5 de julho de 1968 em Hollywood, Califórnia.
Somente agora, 44 anos depois, é que os fãs poderão conferir o resultado
da performance.
Era a noite seguinte ao feriado da Independência americana, 5 de
julho de 1968, e Jim Morrison, John Densmore, Robby Drieger e Ray
Manzarek estavam no pico de suas capacidades criativas. A banda estava
lançando o seu terceiro álbum, Waiting for the Sun, e a canção “Hello I
Love You” liderava os tops de sucesso, segundo lembra a editora.
The Doors - Live at The Bowl 68 sai em DVD e Blu-Ray. O material só teve o seu lançamento viabilizado
por causa da tecnologia. Em três músicas, “When the Music’s Over”, “The
Wasp” (Texas Radio and the Big Beat) e “Hello I Love You”, os vocais de
Jim Morrison simplesmente eram inaudíveis. Os técnicos usaram os vocais
do cantor em outro show, “Absolutely Live”, para “restaurar” o som que
se ouvia.
Entre
os extras, o DVD traz um mini documentário sobre a restauração do
filme, depoimentos dos músicos e três clips de performances da banda na
televisão: “Wild Child”, “Light My Fire” e “Gloria” (composição de Van
Morrison).
Com isso, também se tornou possível lançar um CD com o
resultado, com três faixas jamais lançadas antes.
Para o crítico Glen Boyd, para uma banda tão celebrada como os Doors, a
ausência de um registo ao vivo definitivo, representou uma grande
lacuna ao longo das últimas décadas. “Houve inúmeras tentativas, mas por
vários motivos (que vão da má qualidade do registo sonoro à pobreza de
algumas performances), a banda nunca conseguiu produzir um trabalho
como Get Your Yas-Yas Out, dos Stones; ou The Who Live At Leeds”,
O ano de 2012 começou com o relançamento, remasterizado, do disco LA Woman, uma celebração dos 40 anos do seu lançamento.
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