01/11/2012

H.P. LOVECRAFT

"O Necronomicon realmente existe?"
 Nascido na última década do século XIX em Providence, a vida de Lovecraft foi marcada pela morte prematura dos pais, por sucessivas depressões nervosas e pela sua dedicação à literatura clássica, química, astronomia e o gosto pelo fantástico e gótico. Autodidacta por natureza, por volta de 1919, já Lovecraft escrevera os seus primeiros contos, ainda muito próximos das tendências da literatura simbolista.

Durante a vida, a obra de Lovecraft teve pouco ou nenhum reconhecimento, foi divulgada postumamente pelo seu amigo August Derleth.

 Curiosamente, nunca se quis juntar aos grandes autores da Literatura Americana, optando antes pelo estatuto marginal de um autor de pulp fiction.

Apesar do seu gosto pelas velhas instituições, o autor revela-se, no entanto, profundamente ateu e um grande admirador de todas as descobertas científicas.

Morreu na cidade em que nasceu, em 1937, na miséria e no anonimato. Posteriormente, a sua obra exerceu uma notável influência nos escritores da literatura fantástica e de ficção científica.

Howard Phillip Lovecraft, autor do início do século 20 que produziu algumas das obras mais estranhas da literatura americana. Ele próprio, aliás, era figura exótica, um solitário da “velha nobreza” da área das Treze Colônias apaixonado por magia, terror e ficção científica.

Conta-se que, mesmo sendo pouco afeito a sair de casa, manteve contato com milhares de pessoas por meio de cartas que o tornaram um dos maiores clientes dos correios dos Estados Unidos.

Há quem afirme, inclusive, que, numa de suas poucas viagens ao exterior, ele teria se encontrado com Fernando Pessoa, em Cascais na Boca do Inferno, para uma jornada misteriosa pelos círculos esotéricos europeus.Há rumores que Lovecraft conheceu Alesteir Crowley pois o mencionava em algumas cartas. A sua maior influência foi o mestre do terror do século XIX, Edgar Allen Poe, por quem Lovecraft nutria profunda admiração.

Um tema recorrente do universo lovecraftiano é o que se refere aos livros secretos, obras que, por sua capacidade de perturbação mental ou de acesso a potências espirituais, seriam vedadas aos olhos comuns. Em muitas de suas histórias, Lovecraft se refere ao Necronomicon, volume que teria sido escrito no século 6 por um certo Abdul Alhazred, personagem identificado (apenas e tão somente) como “o Árabe Louco”.

Pois o tal alfarrábio – até onde se sabe, uma invenção – foi descrito de modo tão convincente que passou a ser considerado verdadeiro. Pessoas não só o procuraram como, com o tempo, passaram a brindar secretamente bibliotecas com fichas catalográficas e cópias especialmente produzidas para alimentar o mito.
O fascínio pelo Necronomicon e por obras semelhantes (como as referidas por Jorge Luis Borges e Umberto Eco) nasce da esperança de contato com o maravilhoso.

 O Necronomicon não existe, nunca existiu e se existe algo hoje em dia com esse título é porque muita gente quer ganhar um trocado em cima das histórias de H.P. Lovecraft.

Lovecraft disse textualmente que o livro não passava de uma peça de ficção, algo que ele inventou para suas estórias. Mas mesmo assim, tem gente que não se convence. Quer acreditar que o Necronomicon existe.

 No início dos anos 70, no auge da moda ocultista, dois monges ortodoxos teriam procurado o editor Harry Slater para oferecer a ele um manuscrito que seria a única cópia existente de um terrível livro de magia até então desconhecido. O nome do livro era Necronomicon.

Os monges afirmavam ter conseguido o manuscrito após um roubo perpetrado à biblioteca de um Bispo Ortodoxo chamado Simon. Um roubo a uma valiosa coleção de livros de fato ocorreu em 1972, mas embora muitos livros de valor tenham sido levados, o Necronomicon não era um deles. Slater afirmou ter comprado o manuscrito dos monges, mas jamais permitiu que o documento fosse examinado dizendo que seria algo extremamente perigoso. Essa preocupação, no entanto, não impediu que ele mandasse o texto para impressão e o publicasse como sendo um verdadeiro tratado de magia.

Herman Slater foi uma figura proeminente entre os adeptos do neo-paganismo e wiccan nos anos 70. Ele era dono de uma livraria popular em Nova York, a Warlock Shop, que vendia todo tipo de bugiganga, quinquilharia e publicava literatura barata sobre o mundo oculto.

Em 1975, a editora lançou a primeira edição de "Necronomicon: o Texto de Simon" (ou "The Simon Necronomicon" como ele ficou mais conhecido). O material era supostamente parte de um manuscrito muito antigo escrito em inglês arcaico.

Segundo boatos, o livro teve uma tiragem de 666 cópias, vendidas a 70 dólares o exemplar. Os livros se esgotaram e no ano seguinte uma segunda edição com 3.333 volumes foi para o mercado. Eventualmente, os direitos foram comprados pela Avon Press, que imprimiu o livro em formato pocket book e o comercializou em massa ao custo de 5 dólares. Desde seu lançamento, o Simon Necronomicon jamais esteve fora de impressão e continua sendo vendido até hoje (vá lá conferir no Amazon, é verdade!)

Slater sempre alegou que a misteriosa história do Necronomicon atraía o público. Ele alertava a todos que o conteúdo do livro não era para qualquer um, a não ser os iniciados nos mistérios arcanos. É claro, isso fazia parte do marketing para promover seu produto.

Lovecraft não se cansava em dizer que o Necronomicon não existia. Em 1933 ele escreveu para seu colega Robert Bloch:
 "Por falar nisso, não existe tal coisa como o Necronomicon ou o árabe louco Abdul Alhazred. O livro é algo que saiu da minha imaginação e que parecia, modéstia à parte, bom demais para não ser usado repetidas vezes".

 Em português há o "Necronomicon - as Peregrinações de Alhazhed", de Donald Tyson.
  "Necronomicon", de Robert Price, da editora Chaosium, edição de 1996. Lá há algumas tentativas de criar trechos do Necronomicon: versão de John Dee, Manuscrito de Sussex e também um suposto estudo académico de partes do livro, além de uma biografia de Abdul Alhazhed.
 

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