02/10/2012

JOHN CALE

Para um músico tão cansado de aventuras como John Cale, encontrar um território novo e emocionante para trabalhar pode parecer quase impossívelÀ frente do seu novo álbum, fala do seu amor pelo hip-hop, por que tangerinas são mais tentadoras do que as drogas, e por que  não se sente mal em atirar a sua raiva em pianos ... ou galinhas.

Cale, ex-Velvet Underground é um tesouro do rock n´roll, tem desempenhado um papel de liderança em três ou quatro álbuns clássicos indiscutivelmente (embora nenhum desde o início dos anos 70) e agora se inspira em Snoop Dogg, tentou tudo. 

Será que desenhou o hip-hop para trabalhar com os Happy Mondays? "Eu não sabia  nada sobre o hip-hop na época, que só veio mais tarde", "o Bez ser capaz de ficar em pé, mesmo quando estava sóbrio.. ver o Bez tentar tocar num  tambourine "pandeiro", era como assistir a um colapso de um edifício. Foi muito engraçado".... 

Um grande fã do uso de técnicas experimentais para alcançar certos sons ... " há um monte de software que posso usar para criar ruídos estranhos, tendo instrumentos normais e torcê-los em outra coisa.Há um programa chamado Beat Detective, que leva tudo o que você toca e se encaixa numa grade", a  sua escala favorita, é D maior, diz " é muito fácil de tocar numa guitarra", mas neste álbum muito vem do ritmo, porque a maior parte do disco foi escrito não num piano ou guitarra, mas numa máquina de ritmo. Eu amo o jeito como o hip-hop leva o funk, fazendo o contratempo muito preguiçoso.

Nookie Wood, é uma espécie de lugar escuro, como o escuro filme Blade Runner. No comunicado de imprensa diz que a escuta é como olhar para uma coleção de pedras preciosas." Como quando você olha para uma pedra preciosa e está tentando descobrir... porque esta coisa é tão atraente. Em cada uma dessas músicas há algo que é atraente ... para mim é o ritmo, para outras pessoas é as texturas. As texturas continuam mudando. As faixas levam-te a uma viagem" diz John Cale.

Um tema de Hemmingway envolve a perfuração de um piano. Você  sente-se mal atirando a sua raiva num instrumento inocente? "Eu não acho o instrumento, eu acho o som. Não temo a culpa sobre isso. Recebo culpa sobre outras coisas. Muitas coisas"....
 Como quando uma vez matou uma galinha viva no palco?Oh, eu olho para trás, com carinho. A coisa toda foi fodida para começar. Paramos numa fazenda entre Oxford e Londres para apanhar o frango.Eu disse: "Mantenham a maldita coisa no galinheiro, não o puxe para fora." E o tipo esse idiota, que vinha saindo da casa da fazenda atirou-a para o alto, orgulhoso. Você podia sentir a tensão no carro no caminho para o show, todo mundo estava murmurando. Então, alguém o vai fazer, de certeza.... eu disse: "O que você vão fazer com o frango, vai machucá-lo?" Eu disse: "Não. Eu não vou machucá-lo." Depois do show, eles disseram: "Você mentiu, você disse que não iria machucá-lo." E eu disse: "Eu feri-lo, não o matei." Isso foi meio bobo.

Desde “Black Acetate”, de 2005,  que não lançava um disco a solo, ( lançou em 2011 o EP “Extra Playful”). John Cale o génio, está de volta ao seu décimo quinto LP a solo, o primeiro em sete anos, um regresso  com o novo Shifty Adventures in Nookie Wood, edição agendada no dia 1 de Outubro, na Double Six Records.
 Shifty ....Wood  abre com “I Wanna Talk 2 U”, um número  funk co-produzido por Danger Mouse e há uma canção sobre a infância de assédio moral - bullying, chamada Maria.
Tudo o resto  fica a cargo de John Cale:  canta, toca guitarra, teclados, sintetizadores, baixo.... vale lembrar que este ano completou 70 anos


O génio criativo dos lendários Velvet Underground reinventa-se com o passar dos anos e a idade traz-lhe um fôlego de desassossego. Depois de mais de 30 álbuns a solo e colaborações com inúmeros artistas, o novo álbum mistura caos e beleza em medidas iguais, sublinhando o seu carácter experimental e revelando, como sempre acontece nas gravações de Cale, algo de inteiramente novo.

John Cale apresenta-se no fim do mês na Casa da Música, 27 de Outubro no Optimus Clubbing, uma celebração do rock que se estende aos DJ sets de Adolfo Luxúria Canibal, líder dos Mão Morta, e Nuno Calado, autor do programa "Indigente" na Antena 3.

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