19/05/2012

LAUREL HALO

Inspirada por Steve Reich, techno de Detroit, um período de seis meses na Tailândia, e ficção científica, exuberante artesanato e electrónica avant-pop, Laurel Halo é tão teórica como brincalhão. Uma nativa de Ann Arbor, MI, e moradora em Brooklyn, Halo começou a tocar piano aos seis anos e acrescentou viola e violino ao seu repertório ainda em criança. No entanto, não começou a compor até que aos 19 anos, usando não só a teoria clássica da sua infância, mais o fascínio com a traduçãode  formas geométricas como arcos e abóbadas em música e os sons que absorveu na Universidade de Michigan, e de forma livre como DJ na,estação de rádio WCBN, como pedras de toque para seu trabalho.

Com uma carreira breve, mas já com diversos registos em carteira - em particular Frkwys Vol. 07 em colaboração com gente como Daniel Lopatin e James Ferraro - a potenciar todo um buzz em redor, Laurel Halo habita uma fronteira entre a canção e o experimentalismo electrónico com ecos da IDM do início dos anos 90, da pop mais etérea e da música de dança leftfield


Lançou vários EPs  entre 2006-2009, incluindo The Future Fruite, e Ambrosia, 2009, (do qual duas músicas foram, remix por Mogi Grumbles, um ano depois). Lançamento de Halo no entanto, foi o EP, King Felix, inspirado na novela de Philip K. Dick, VALIS,  lançado pela Hippos in Tanks -- também a casa de GAMES, Sun Araw, e Oneohtrix Point Never. Halo manteve uma agenda lotada, colaborando com os labelmates GAMES, e preparou o lançamento em 2012, do album de estreia, Quarantine, acabado de sair pela Hyperdub

 Não é necessário entrar pela militância Tumblr/Blogger para constatar que o buraco indie cheio de bandas de guitarrinha frágil em devoção afectada "xonice" está hoje muito mais dependente dos efeitos da música electrónica, no que a atenção diz respeito. Não deixa de ser uma zona de conforto demasiado conformista, mascarada por um hipotético bom gosto, habitando num limbo que não permite resvalar, ora para o nicho da música far out, ora para a aceitação massiva com a cultura popular- já que a ironia não faz parte da agenda pós(?)-pós-moderna. E é nessa indecisão que a cena mais leftfield da música de dança tem vindo a escalar o top da Billboard indie – se este existisse.

Com aquela vaga de estranheza que levou as gentes de Brooklyn ao stardom possível há uns 8 ou 9 atrás - a tornar-se uma prática comum, é normal que nomes nascidos no lamacento mundo das cassetes e dos concertos em locais duvidosos se tenham visto alvo de uma transversalidade algo estranha com as aproximações sucessivas à canção. Mesmo quando o talento está longe de ser o suficiente para essa prática e a referenciar legados mais ou menos esquecidos ou fechados como a cold wave, a house de Chicago, a Warp dos primeiros tempos e a pop sintética.

Podia-se pensar no percurso da Not Not Fun desde os seus primórdios até à criação da 100% Silk como cápsula destes movimentos laterais, mas para situar a Laurel Halo pode-se traçar um contínuo de senhoras como Stellar Om Source, Zola Jesus e Grimes – mais ou menos nesta ordem – para chegar até à essência contextual de Quarantine, sem grandes transtornos para qualquer uma das partes. Com a vantagem de que, em relação a estas duas últimas – mesmo com a influência de Kate Bush em comum – a Laurel Halo pareça ser uma exploradora mais incansável do som enquanto processo para as tais canções, ao invés de lhes chegar por uma via tentativa de aproximação. Com o conhecimento de causa da música electrónica nas suas vertentes mais expansivas – a kösmische desse grupo de viajantes que se encontrou em Frkwys vol. 7 - ou cerebrais – a IDM postulada em Hour Logic - Quarantine procura alinhar essas facetas em torno da tendência mais cancioneira de King Felix


 Laurel Halo regressa ao Aquário da ZDB, em Lisboa no próximo dia 24 de Maio Na mesma noite, os Gala Drop dão continuidade às suas explorações após o lançamento de Broda em colaboração com Ben Chasny, num regresso da banda lisboeta ao palco da ZDB

1 comentário:

phase108 disse...

vai ser um concerto a não perder, e quem sabe não aparece o Chasny!

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