17/03/2012

THE VELVET UNDERGROUND and NICO

45 years of...The Velvet Underground & Nico, released on 12 March, 1967.

Há exactamente 45 anos, ou 16,437 dias, independentemente da forma como você olha para o aniversário na segunda-feira, do primeiro álbum de estúdio dos The Velvet Underground, intitulado simplesmente The Velvet Underground & Nico, e conhecido por muitos simplesmente como "o álbum da banana".

Quando saiu, poucos gostaram, muitos não entenderam nada ou muito pouco, e apenas meia dúzia de gatos pingados iam aos shows.

Formados em 1964 por Lou Reed (guitarra e vocal) e John Cale (baixo e viola), a banda se consolidaria no ano seguinte já com Sterling Morrison (guitarra e baixo) e Maureen "Mo" Tucker (bateria). Reed queria, desde o início, explorar novas possibilidades no rock and roll além de temas ingénuos e adolescentes que dominavam o estilo. Anos depois, definiu o conceito como "rock para adultos", o que combina com o facto do nome da banda ter sido inspirado num romance pornográfico.

Paralelamente, Cale havia estudado música de vanguarda com La Monte Young, e trouxe consigo idéias musicais até então inéditas, explorando como nunca antes o caos, o barulho e as harmonias estranhas.Isso tudo, junto à imagem sinistra e androginia da baterista "Mo" Tucker.

Um dos álbuns de culto do rock'n'roll e um disco que tem influenciado milhares de artistas de diferentes gêneros musicais, desde a sua publicação, também chamou a atenção do controverso ícone da Pop Art, Andy Warhol- o 25 º aniversário da sua morte, foi no mês passado, dia 22 de Fevereiro, que financiou e apadrinhou a banda, apresentando ao grupo a cantora alemã Nico- morreu em Ibiza em 1988.

A bela e excêntrica modelo era dotada de uma estranha voz grave, e coube como uma luva na formação dos Velvet.

Começa aí o processo de criação que chegaria ao álbum de estréia, e um dos mais principais e fundamentais do rock.

Gravado entre Abril e Novembro de 1966 pelo lendário produtor Tom Wilson, o trabalho trazia o repertório inicial do grupo. A união sem precedentes de sensações pop, experimentalismo e noise consciente é o adorno perfeito para canções tão atraentes quanto perversas como “Femme Fatale”, “Venus in Furs” e mais do que isso, era o primeiro disco de música pop com canções falando abertamente de prostituição, do vício em drogas pesadas ("I'm Waiting For The Man", "Heroin", "Run Run Run") e sadomasoquismo em("Venus in Furs").

Ainda mais experimental, "European Son" fecha o disco com sete minutos de improvisação e ruídos. Multidimensional, o álbum também contava com canções singelas e líricas como "Sunday Morning", "Femme Fatale","I'll Be Your Mirror", ou “All Tommorows Parties” onde a voz adicional da alemã Nico confere a espaços, a sensualidade indispensável para colocar a obra no limiar da perfeição.

Quem o ouviu quis formar uma banda. A frase poderá não ser rigorosa, mas confirma numa ideia repetida vezes sem conta, a marca de disco mais relevante e influente da história da música popular contemporânea.

Resultado do encontro entre a urbana perversão de Lou Reed e a erudição de John Cale, sob o patrocínio de Andy Warhol, “The Velvet Underground and Nico” é um dos poucos registos a merecer o estatuto de disco lendário.

O primeiro elemento a confirmar esse estatuto é a sua sonoridade.

Gravado num estúdio quase improvisado em Nova York, “The Velvet Underground and Nico” arranca num registo harmonioso. A deslumbrante “Sunday Morning” é, no entanto, apenas um agradável convite para penetrar num universo musical até então desconhecido.

A capa, uma criação do mestre da pop-art Andy Warhol, é mais um elemento a confirmar o estatuto lendário, garantindo ainda aos Velvet Underground o lugar de primeira banda rock a entrar no mundo da “Grande Arte”.

Na Inglaterra, David Bowie ouvia com atenção e elaborava o que viria a fazer na década seguinte. Na Alemanha, os futuros integrantes de bandas como Can e Neu! tinham epifanias. Nos EUA, o adolescente Jonathan Richman largava tudo para seguir a banda, antes de inventar a new wave com seu grupo The Modern Lovers.

Durante a década de 70, mesmo com o sucesso da carreira a solo de Lou Reed, a banda continuou obscura, alimentando uma sociedade secreta de fãs. Isto se refletiu diretamente nos covers gravados por diversas bandas punks inglesas, na temática sinistra dos Joy Division e de forma ainda mais extrema em bandas da década de 80 como os Sonic Youth e Jesus & Mary Chain, que definiram o indie rock reproduzindo tanto o visual como as microfonias e experimentações sonoras dos Velvet Underground.

As suas canções foram covers, alguns com mais sucesso do que outros, de quase todos os artistas que podem ter no vosso leitor de MP3, incluindo nomes tão diversos como- Nick Cave, Vanesa Paradís, Weezer, Mazzy Star, Orchestral Manouvers in the Dark (OMD), Belle & Sebastian, R.E.M, Eurythmics, The Strokes o Tracy Thorn (pre Everything but the Girl)só para citar uns poucos de uma lista interminavel.

Mas claro, tantas novidades (e polémicas!) foram acompanhadas por um fracasso comercial.Fala-se de apenas 10.000 cópias vendidas da primeira edição.

A verdade é que a gravação do LP foi bastante intensa. Começou um ano antes, em 1966, e veio em dois cenários diferentes: Los Angeles e Nova York. O atraso na publicação, diz o livro The Velvet Underground New York Art (Rizzoli, 2009) foi devido a problemas com a censura, as letras falam principalmente da prostituição, masoquismo e drogas em toda parte, e precisavam de "uma máquina especial para a capa original", no qual a banana descascada lentamente (um facto que também foi um problema para a censura da época). O tema escuro das canções do álbum contrastou com a altura da cultura hippie nos Estados Unidos.

O papel do gênio da arte pop neste disco sempre foi controverso. John Cale, há não muito tempo atrás, disse que Andy Warhol "não fez nada" sobre o disco, ao contrário do que os créditos dizem, onde foi apontado como produtor.

E isso não termina aí.A famosa capa foi recentemente objecto de controvérsia. A banda começou em Janeiro com uma ação legal contra a Andy Warhol Foundation para manter a banana que o americano artista pop projectou, para ser usada em produtos da Apple, incluindo bolsas e mochilas para iPads ou iPhones.

O grupo acredita que, conforme publicado no The Guardian ", o símbolo (a banana) tornou-se tão identificado com o grupo, que o público, especialmente aqueles que ouvem rock, reconhecem essa figura como símbolo e ícone dos Velvet Underground".

O ponto é que a banda não gravou o 'logo' como marca própria, algo que os representantes de Warhol aparentemente fizeram. Agora tudo é decidido por um tribunal federal nos EUA.

Ao longo dos anos o preço do vinil original têm vindo a alcançar cifras astronómicas. Num lance do eBay em 2006 por um acetato das sessões de gravação chegou aos 155.401 dólares, mas acabou sendo vendido por$ 25.200.

Lançado a 12 de Março de 1967, “The Velvet Underground and Nico” não teve uma boa recepção do público. A temática controversa e a sonoridade inédita contribuíram para que o disco fosse rejeitado por lojas e banido de várias rádios.

Ao ser lançado, quase um ano após o início das gravações, "The Velvet Underground & Nico", "apanhou" o início da revolução psicadélica no verão de 1967. A banda, no entanto, não poderia estar mais distante do "flower power". Vestidos de preto, falando sobre temas urbanos e negativos, foram um dos poucos antídotos aos clichês da geração hippie. Ao mesmo tempo anti-comerciais e fora de sintonia com a contracultura, só conseguiram chegar ao número 171 dos tops da Billboard.

Contudo, tal como a verdade, a qualidade acaba sempre por ser reconhecida. “The Velvet Underground and Nico” é a inspiração para as grandes bandas rock de culto que desde os finais da década de 70 abraçam o espírito original de Reed, Cale, Morrisson e Tucker.

A influência deste álbum tem vindo a ser nome para eventos importantes de musica como o All Tomorrow's Parties (ATP) o prestigiado festival de música independente realizado no Reino Unido e EUA, e primo do Primavera Sound de Barcelona.

Aos 45 anos, "The Velvet Underground & Nico", sou 4 anos mais velho... tem o prestígio que merece. Eleito pela revista "Rolling Stone" como o 13º disco mais influente de todos os tempos, é mais conhecido do que nunca.

Durante todas estas décadas, se existe um disco que sempre é citado quando uma nova geração de bandas surge para "salvar o rock",é os Velvet Underground, ... assim deve continuar.

E não é reduzido o número de bandas formadas após a primeira audição de “Velvet Underground and Nico”.

Sem comentários:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails