09/07/2011

R. I. P. JORGE LIMA BARRETO - TELECTU

O músico e musicólogo, criador do grupo Telectu com Vítor Rua, Jorge Lima Barreto, 61 anos, morreu vítima de uma pneumonia.

Segundo o seu irmão, Luís Lima Barreto, o músico estava há quase um mês internado na unidade de cuidados intensivos de um hospital de Lisboa com uma pneumonia.

O corpo de Jorge Lima Barreto estará em câmara ardente na Igreja de Santa Joana Princesa, em Lisboa, a partir das 17h de domingo.

Daí seguirá na segunda-feira, às 16h, para o crematório dos Olivais, em Lisboa.

Jorge Lima Barreto nasceu em Dezembro de 1949, licenciou-se em História de Arte (1973) e doutorou-se em Musicologia e Teoria da Comunicação Social na Universidade Nova de Lisboa (1995).

Barreto deixa vasta obra literária e uma discografia extensa, nomeadamente nas áreas do jazz de vanguarda, música concreta e minimalismo.

Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Letras, criou em 1969 a Anar Band (por onde passaria, anos depois, Rui Reininho). Autor de vários livros, Lima Barreto fundou a AnarBand, a Associação Música Conceptual e o grupo Telectu, projectos a solo, duo Kits com Carlos “Zíngaro” e duo Zul Zelub com Jonas Runa), trabalho radiofónico (o programa Musonautas da Rádio Comercial, em emissão durante 14 anos), docência, realização de conferências em vários países, programação e direcção artística de festivais (da lendária edição de 1982 do Festival de Vilar de Mouros ao Fonoteca Files, com Rui Neves).

No início dos anos 80 formou o duo Telectu, com Vítor Rua (ex-GNR), e editou vários álbuns, o primeiro dos quais - Ctu Telectu , de 1983 - re-editado no final da década passada pela Valentim de Carvalho.

Na área do jornalismo, Lima Barreto colaborou com o Jornal de Letras, com o Expresso e com o jornal BLITZ.

" Morreu hoje o meu Mestre, o meu maior amigo,o maior musico e musicólogo português: Jorge Lima Barreto ... Grande perda para a nossa Cultura que tanto o desprezou!!!... Viva Jorge Lima Barreto !!! foram estas as palavras da outra metade dos Telectu... Vitor Rua.



Ligado às músicas mais exploratórias, experimentais e improvisadas, a solo ou em formações como os Telectu e AnarBand, Jorge Lima Barreto, nascido em 1949, licenciou-se em História de Arte (1973) e doutorou-se em Musicologia e Teoria da Comunicação Social na Universidade Nova de Lisboa (1995), tendo desenvolvido em simultâneo à actividade de músico, produção como documentador e musicólogo, tendo editado quase uma vintena de títulos dedicados a diversas músicas, relacionando-as historicamente, como “Revolução jazz” (1972), “Jazz-Off” (1973), “Rock Trip” (1974), “Rock & Droga” (1982), “Música Minimal Repetitiva” (1990), “JazzArte” (1994), “Música e Mass Media” (1996), “Musa Lusa” (1997) ou “B-Boy” (1998).

Mas foi com os Telectu, o duo de música experimental formado em 1982 com Vítor Rua (vindo da formação original dos GNR), que viria a conhecer maior projecção, tendo a dupla actuado um pouco por todo o mundo. Vindo da tradição do jazz, Jorge Lima Barreto incorporou nos Telectu uma grande variedade de elementos musicais, que iam do jazz mais livre à electrónica, passando pelo minimalismo ou pela música concreta. Ao longo de trinta anos de carreira, editaram uma volumosa discografia de mais de vinte títulos – de estúdio ou registados ao vivo – tendo colaborado com inúmeros músicos de excepção, da música improvisada ou experimental, como Elliot Sharp, Chris Cutler, Sunny Murray, Jac Berrocal ou Carlos Zíngaro. Em simultâneo, compuseram também música para teatro, vídeo-arte ou performances multimédia.

Projecto singular durante muitos anos na paisagem musical portuguesa, os Telectu, pela sua natureza, sempre em conjugação com outras áreas artísticas, e pela forma como recorriam à ironia, criando situações surpreendentes, nem sempre se sentiram compreendidos no contexto português, onde as linguagens mais exploratórias são quase sempre relegadas para plano secundário.

Personalidade inquieta, Jorge Lima Barreto sempre orientou a sua actividade pela procura de novas soluções interpretativas e composicionais, ao mesmo tempo que procurou estar actualizado com os desenvolvimentos tecnológicos no campo da música.

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