16/05/2011

SAMMY DAVIS Jr.

"O fracasso é tentar agradar a todos". Sammy Davis Jr.

Sammy Davis Jr., um dos mais ágeis talentos do show business americano, perdeu a batalha que travava contra o cancro na garganta. Coube ao seu médico informar a sua legião de fãs que o artista não resistiu ao tratamento de quimioterapia e morreu na sua mansão em Beverly Hills.

Cantor, dançarino, imitador, comediante, actor e autor (escreveu a sua biografia Yes, I can - que ficou entre os títulos mais vendidos nos EUA, na ocasião de seu lançamento em 1965), Sammy simbolizou como poucos o triunfo de uma arte americana baseada no ecletismo.

O primeiro álbum, "Starring Sammy Davis Jr.", foi lançado em 1954. Desde então, passaria a reunir uma série de sucessos.Naquele ano, ficou meses afastado porque perdeu o olho esquerdo num acidente de carro.

Sammy Davis Jr. dominava o palco: cantava, dançava, actuava e tocava diversos instrumentos. Por isso, mais do que 23 filmes e 40 discos(LP), as suas performances gravadas ao vivo são o seu principal legado. Os seus temas mais conhecidos são "Mr. Bojangles", "Candy Man" e "That Old Black Magic". Notável intérprete de Cole Porter, Sammy estrelou a versão para o cinema da ópera "Porgy and Bess", sob a direção de Otto Preminger, em 1959.

O público conservador americano manifestou sua ira em dois episódios: a conversão de Sammy ao judaísmo e o seu casamento com May Britt, uma actriz branca, loura e sueca. Nesses períodos, recebeu ameaças de morte.

Apresentou-se durante anos na cidade-casino de Las Vegas, onde passou a viver, tendo chegado a sofrer várias repreensões dos empresários devido aos problemas com o alcoolismo. Em entrevista a David Kelley, da UPI, três anos antes da sua morte, afirmou: 'Olha, cara, fiquei na cama três meses, só pensando na vida, e já decidi: mais três anos caio fora do show-business. Faz mais de 50 anos que não faço outra coisa senão dançar, contar piadas, cantar, interpretar'.

No cinema, desenvolveu curiosa carreira de actor secundário. Estreou num filme falado, Rufus Jones for president (1928). Roubou o show no papel de Sportin'Life em Porgy e Bess (1959). Estrela na Uma dupla em Sinuca (1970). Trabalhou também em papéis com Frank Sinatra, Dean Martin e Peter Lawford. Se não fez mais foi pelas limitações impostas por Hollywood a um artista totalmente fora do padrão: negro, baixinho, feio e com um olho de vidro.

Dirigiu, em parceria com Frank Sinatra e Liza Minnelli, o célebre grupo de amigos Rat-Pack-Clique nos casinos de Las Vegas, em 1959. O mesmo grupo produziu também filmes, como "Ocean's Eleven" ("Onze homens e um destino"), "Sergeants 3" (1962) e "Robin and the Seven Hoods" (1964).

Álias, não foi à toa que o seu último grande sucesso aconteceu no palco, percorrendo os EUA numa milionária trupe mambembe, ao lado dos velhos amigos e partners Frank Sinatra e Dean Martin. Rindo de cair, apoiados nos respectivos copos, eles trocavam piadas e maledicências. Num certo momento do espectáculo cabia aos parceiros o reconhecimento. "Se nós zombávamos de você nos velhos tempos", iniciava Martin, dirigindo-se a Sammy, "não era porque era preto". E Sinatra: "Ou baixinho". E Martin: "Ou judeu". A sentença final vinha de Sinatra: "É porque você era tão talentoso que nós ficávamos com ciúmes".

"Gostem ou não de mim, eles sabem que o meu espetáculo vale o dinheiro que gastaram com o ingresso", disse numa entrevista.

O seu último desempenho foi numa produção para a TV, "O maior presente de Natal" ("The kid who loved Christmas") em 1990.

A 16 de maio de 1990 aos 64 anos, morre o ecléctico e talentoso Sammy Davis Jr.

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