18/05/2011

PETER BISKIND- Como A Geraçao Sexo-Drogas-E-Rock'n'roll Salvou Hollywood

Num período que começou com a gestação de Uma Rajada de Balas (1967) e terminou com o fracasso monumental de O Portão do Paraíso (1980), Hollywood foi sacudida por uma geração de cineastas intelectualizados que desafiou a velha guarda e colocou o cinema de autor em voga. Steven Spielberg, George Lucas, Martin Scorsese, Hal Ashby, Dennis Hopper, Francis Ford Copolla, Paul Schrader, Michael Cimino, Peter Bognadovich, Robert Altman e outros criaram obras-primas incontestáveis e mudaram a linguagem cinematográfica. Mas essa turma não resistiu às tentações de tanto poder e fama e afundou em um mar de dinheiro, drogas, megalomania, sexo fácil e auto-indulgência.

No começo dos anos 80, boa parte dessa gente não passava de farrapo humano e acabou tomando rasteira dos estúdios. Nesse contra-ataque, a chamada Nova Hollywood foi suplantada por blockbusters e filmes cada vez mais infantilizados. Ironicamente, Lucas e Spielberg foram os grandes responsáveis por essa situação, que de certa forma dura até hoje.O que eu descobri, é que esta é uma indústria nojenta.


- Bob Rafelson, director e produtor


“Como a geração sexo, drogas e rock ‘n’ roll salvou Hollywood” , do jornalista norte-americano Peter Biskind. Nas 500 páginas da obra, o autor entra nos bastidores, quartos de hotéis, estúdios de filmagens, mansões de directores, produtores e actores, do final dos anos 60 até o início da década de 80.

Nesse período Hollywood foi invadida pela contracultura e a sua estrutura de produção de filmes em série foi abalada com o sucesso de obras polémicas. Inspirados principalmente pelo cinema-arte europeu, eles fizeram fama e fortuna produzindo filmes autor que os transformaram em estrelas, a tal ponto que os grandes estúdios abriram mão de parte do seu poder e permitiram que os directores praticamente fossem “donos” dos filmes em que trabalhavam, e até mesmo tivessem a palavra final sobre a edição e montagem. Algo impensável até então em Hollywood, quando directores ou argumentistas, com raras excepções, não passavam de simples empregados dos grandes estúdios.

O período ficou conhecido como a Nova Hollywood e se encaixa perfeitamente no espírito revolucionário da contracultura norte-americana, quando muitos jovens passaram a questionar (na música, no cinema, na literatura, na política, etc.) valores pré-estabelecidos socialmente.

O ponto de partida para o livro de Biskind são os filmes Bonnie & Clyde (1967) Arthur Penn, e Easy Rider: sem destino (1969)de Dennis Hopper, produzidos com baixo orçamento, tornaram-se grande sucessos de bilheteria.

Em “Como a geração sexo, drogas e rock ‘n’ roll salvou Hollywood” ficamos conhecendo como foi processo caótico de produção de filmes hoje clássicos como O Padrinho I e II (1972 e 1974), O Exorcista (1973), Chinatown (1974), Taxi Driver (1976), Apocalypse Now (1979) e muitos outros.

Em Hollywood, esta reviravolta , segundo Peter Biskind, teve início em filmes de sucesso como Tubarão (1975) e Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977), de Steven Spielberg, e Guerra nas Estrelas, de George Lucas.

Como definiu o autor do livro, “Tubarão mudou a indústria para sempre. (...) Mais do que isso, Tubarão despertou o apetite corporativo por lucros rápidos, o que significa que dali para a frente os estúdios queriam que todo filme fosse Tubarão. De certa forma, Spielberg foi o cavalo de tróia através do qual os estúdios recobraram o poder”. Isso significa dizer que os estúdios de cinema estavam fartos de diretores e roteiristas egocêntricos e viciados e até mesmo o público estavam cansados de filmes com narrativas complicadas, finais infelizes, personagens de caráter moral duvidoso e de comportamento violento. A contracultura dos anos 60 estava em queda e, com ela, a Nova Hollywood também.

A maioria das declarações bombásticas e os acontecimentos surreais foram ouvidos por Peter Biskind da própria boca das principais personalidades envolvidas em centenas de entrevistas gravadas.

Um período na história de Hollywood que Spielberg definiu: “os anos 70 foram a primeira vez em que as restrições de idade foram abolidas, e jovens tiveram a permissão para tomar tudo de assalto com toda a sua ingenuidade e toda a sua sabedoria e todos os privilégios da juventude. Foi uma avalanche de ideias novas e ousadas e, por isso, os 70 tornaram-se um marco”.

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