31/12/2010

XTC

XTC sabe a “ecstasy”. No ano em que os XTC se formaram, em 1976, ainda não tinham aparecido as pastilhas que dão cor aos olhos e asas aos pés. Quando, já no final da década, o punk conseguiu por fim arranjar espaço na então depauperada indústria da pop, os XTC mostraram que afinal era possível ser forte e inteligente sem ter que dar um pontapé no traseiro da tradição.

Parece que a maior banda de Swindon realmente não existe mais. Esta notícia é podre, mas há um catálogo fantástico e gratificante voltar lá para amenizar a dor. Sempre conhecedores dos melhores Fabs, Kinks, além da música britânica, Andy Partridge Colin Moulding - e Dave Gregory - avançaram as suas raízes na new wave e tornaram-se confiáveis no campo de um dos cultivadores de gema-pop, em obras como Drums and Wires, Black Sea, o estupendo Skylarking de 1986, ou Oranges & Lemons. Quem é que se esquece de louvar Apple Venus e Wasp Star?. E o alter ego psicadélico The Dukes Of Stratosphear?.

"Orange and Lemons" é uma das "nursery rhymes" mais famosas. Elas se referem aos vários sinos de igreja dentro da cidade de Londres. Mas a história dela é um pouco mais macabra.

Na brincadeira entre as crianças, elas levantam os braços em forma de arco e quando param de cantá-la baixam os braços sobre a criança que parou. Ao abaixarem os braços, imitam uma decapitação, presente nas três últimas linhas da música.

Os condenados enviados ao corredor da morte eram informados pelo carcereiro, na noite anterior e recebiam uma vela acesa colocada ao lado da cama para que pudessem fazer as pazes com o Deus antes da morte. As execuções comentavam pontualmente às nove horas da manhã, quando os sinos ressoavam. Ao pararem, iniciavam-s as decapitações, que às vezes iam até o outro dia.

Apesar do tema lúgubre, Orange ans Lemons (o disco) é um álbum positivo e alegre e isso se pode perceber pela capa colorida.

Andy, "quanto mais olho para essas canções, mais parecem 'nursery rhymes' para mim. Eu acho que a música pop é a 'nursery rhyme' do futuro" .

A banda enfrentou momentos difíceis desde que Andy teve um ataque de pânico em cima do palco, em Paris, em 1982 (stage fright), que marcou o fim das tournées com a banda.

"Eu não sou uma pessoa de grande presença física, fico intimidado facilmente e subir ao palco me fazia perder muitos quilos. Além disso, eu não estava fazendo justiça as canções berrando-as no microfone. Havia também um detalhe que eu quase não via o público quando as luzes se apagavam, à medida que saímos de lugares minúsculos para espaços maiores. Isso me deixava ansioso, berrava cada vez mais e, em Paris, entrei em colapso. Por outro lado, rendo bem mais em estúdio, pois me sinto mais relaxado para escrever".

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