20/12/2010

TICHÝ

Por mais de 20 anos, a população de Kyjov, cidade da Morávia com pouco mais de 12 mil habitantes, acompanhou de longe um andarilho barbudo, que vagueava pelas ruas da República Checa com câmaras fotográficas caseiras feitas de papelão e outros materiais improvisados.

Miroslav Tichý buscava em praças, parques, piscinas, estação rodoviária e outros locais públicos, o seu objecto de desejo e obsessão: as formas femininas. Entre as décadas de 60 e 80, Tichý disparou de forma clandestina cerca de 90 fotos por dia. Depois seguia para casa, onde num laboratório improvisado imprimia as imagens que se espalhavam pelos quartos.

Visto ora como excêntrico, ora como louco, a grande maioria de suas “modelos” não tinha conhecimento que estavam sendo fotografadas, e, outras, não acreditavam que as câmaras feitas de tubos de papelão eram reais, o que resultava em poses gratuitas. Muita gente pensava que ele só fazia de conta que fotografava quando o viam escondido atrás dos arbustos da cidade. A soma dessa experiência é um acervo gigantesco, que captura uma realidade sensual de um artista pouco convencional. O que se vê são mulheres fotografadas em todos os ângulos, às vezes, em corpo nu, outras limitadas a pés, pernas, costas, nádegas.

Ao longo dos anos, o seu estilo de vida não-conformista, bem como sua doença mental, colocaram-no em apuros com as autoridades, resultando em períodos de confinamento em instituições psiquiátricas e a perda de seu estúdio em 1972.

Sem comentários:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails