HERMANN NITSCH

Quem vê pela primeira vez a obra de Hermann Nitsch poderá achar que está perante um psicopata homicida que levou o mundo da arte a financiar rituais satânicos e bacanais sangrentos. A verdade é que Nitsch é o líder barbudo e sinistro do Orgy Mystery Theater, um grupo de performance artística e um projecto em curso que já encenou perto de cem performances ritualísticas, entre as décadas de 60 e 90.

Os eventos, eram bizarras orgias dos sentidos, repletas de imolações de animais, crucificações, montes e montes de fruta, entranhas, vestes brancas, nudez, galões de fluidos corporais e Deus sabe o que mais. Estas celebrações estranhíssimas culminaram na Six-Day Play, a interpretação de Nitsch sobre a História da Criação, que teve no lugar no castelo onde morou mais de quarenta anos.

Nitsch formou-se na Wiener Graphische Lehr-und Versuchsanstalt, na Áustria. As suas telas de grandes dimensões estão encharcadas e salpicadas de tons de vermelho, castanho e cinzento. Nitsch é frequentemente associado ao Accionismo Vienense – um movimento que reúne um grupo de artistas reaccionários e conflituosos austríacos, do qual também faz parte Günter Brus, Otto Muehl, and Rudolf Schwarzkogler — mas Nitsch há muito que transcendeu qualquer “movimento” identificável e começou a talhar uma arte gore como só ele o sabe fazer.

Nitsch limita-se a reproduzir as complexidades das antiquadas cerimónias religiosas insanas inerentes às crenças dos que tanto o difamam. Além do mais, todos os que acharem que uma encenação de uma orgia de pessoal sem roupa durante seis dias, intoxicação em massa e chapinhanços em vísceras animais nos interiores de um castelo antigo não é divertido, devem ser gajos tão seca, que mais valia era morrerem todos.

No entanto, ainda muitos questionam o trabalho de Nitsch, independentemente da religião de cada qual. Por isso, tentámos humildemente obter algumas respostas, após o termos presenteado com as nossas oferendas: três cordeiros esventrados e um cântaro de hidromel.