26/07/2010

FRANK ZAPPA

Zappa considera que o seu trabalho contribuia para um melhor esclarecimento político das pessoas. Pensa que o ideal será poder contar com um público consciente, social e politicamente, isto é, um público comprometido que sinta o que há a fazer. É aliás exactamente isso que Zappa diz numa entrevista dada em 1968 em Hollywood: "Queremos contribuir para um maior esclarecimento político das pessoas. A maior parte dos jovens norte-americanos não pensa em termos de política. Advém daí que dispõe de muito tempo livre e tenta passá-lo da melhor forma possível. Por isso, creio que seria um grande passo obrigá-los a raciocinar."

Ainda nessa mesma entrevista à pergunta de como deveria ser a sociedade futura, Zappa confessa que a nova devia ser uma sociedade sem governo, embora diga não vislumbrar que nos próximos quinhentos anos a possibilidade dessa experiência. O que é necessário no imediato é usufruir desta sociedade, apesar de os governantes ditos democráticos, terem perdido todo o contacto com o povo que representam. No entanto, Zappa só se considera anarquista em casa, nos seus pensamentos, nas suas divagações.

- "Como deveria ser, na sua opinião, a nova sociedade?

- Gostaria muito da sociedade sem governo. Creio que isso seria o ideal. Mas nos próximos quinhentos anos não vejo possibilidades de amadurecermos para tentarmos essa experiência.

- Que haverá então a fazer?

- É urgente usufruir o máximo desta sociedade, baseada num governo democrático, interessada realmente na vontade popular. Na minha opinião, falar-se hoje em dia em democracia é arriscar uma resposta irónica. Porque as pessoas que afirmam governar democraticamente, perderam todo o sentido do contacto com o povo que representam. Por outro lado, existem muitas pessoas que não compõem efectivamente o governo e que apostam na defesa de determinadas coisas vistas sob um prisma pessoal e que significam proveito próprio. Estes intrusos deviam ser afastados do governo, já que o que eles pretendem nada significa para o povo. Porém, a influência dessas pessoas é notória e pesa muito nas decisões governamentais. É uma situação lamentável e que não tem razão de ser,.

- Você é anarquista?

- Só em casa, nos meus pensamentos, nas minhas divagações. Mas também sou prático e sei que há coisas que não funcionam isoladas. Uma anarquia só tem fundamento no seio de um povo integralmente civilizado e culto. Mas ainda estamos muito longe desse ponto. O ponto não tem cultura, nem civilização e há muita gente a morrer de fome. Se não for a fome de comida, será pelo menos a fome de ajuda emocional, que não recebem efectivamente. É necessário sublinhar e enfrentar esta sociedade desagradável e injusta e isso não se faz na simplicidade da frase: "Aqui tens a liberdade.

Podes fazer aquilo que entenderes, já que não há governo nem lei." Esta atitude é impossível, pois lançaria a confusão e ninguém saberia o que fazer. Seria o caos, a destruição, a antropofágica simultânea, semelhante à luta entre animais. É preciso aconselhar, preparar toda a gente. E aqui põe-se a questão: Será lícito, em tais circunstancias, "entreter" as pessoas?"

Frank Vincent Zappa foi um dos músicos - compositores mais importantes da segunda metade do século XX.

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