14/04/2010

LIA NO PORTO 2000

Coreografa brasileira traz ao Porto peça que lhe deu importantes prémios internacionais e que foi espectáculo do ano no Brasil.

“Você nunca vai olhar para um corpo da mesma maneira depois de assistir a esta performance da companhia brasileira de Lia Rodrigues na qual oito dançarinos subvertem todas as expectativas em relação ao corpo humano.”
The Guardian (Reino Unido)

Era com estas informações que eu parti com vontade de ir ver a peça.

“AQUILO DE QUE SOMOS FEITOS”: LIA RODRIGUES E COMPANHIA DE DANÇAS EM SERRALVES


25 SET , 2000 > 17h e 22H >

O Auditório de Serralves recebeu, no dia 25 de Setembro, a coreografia “Aquilo de que somos feitos” de Lia Rodrigues e Companhia de Danças do Rio de Janeiro. A peça, estreada em 2000 e que rodou meio mundo, foi aclamada pela crítica, considerada “o espectáculo do ano 2000” no Brasil e venceu importantes prémios de dança incluindo o Bank of Scotland Prize no prestigiado Fringe Festival de Edimburgo, em 2002.

O espectáculo começou por causar sensação no Brasil quando, no ano da sua estreia esgotou salas sucessivamente, levando pessoas a esperar até três horas na fila por um lugar, criando enormes confusões às portas dos teatros quando as pessoas se empurravam para conseguir um bilhete, feito raro para um espectáculo de dança contemporânea. O “show”, que ficou conhecido na altura pelo preço dos bilhetes - 1,99 reais.

Foi a primeira vez que eu assisti a uma performance em cima do palco face a face com os bailarinos que lentamente se transmutam em poses enigmáticas e esculturais. Os corpos dos bailarinos deitados, rastejam e trepidam pelo chão todos nús, nós encontramos-nos sentados no chão, uns estão ajoelhados, outros de pé, obrigam-nos mudar de posição, ora para a esquerda ou para a direita, pois nada é mais sexual, sexuado, do que as diferentes sequências que ela instala no estúdio. Procura entender um espectáculo que percebe mais do que vê, encontrando ângulos inesperados onde um pedaço de nariz pode ser confundido com uma parte do seio. Enquanto os bailarinos aparecem e desaparecem em solos, duos e ensembles, vestidos ou nus, em silêncio ou conversando, as fronteiras do palco diluem-se convocando o espectador para o espaço de representação e desafiando-o a construir uma leitura pessoal a partir dos slogans proferidos.

O QUE DISSE A CRÍTICA

Há em “aquilo de que somos feitos” um amor pela vida tão luminoso que nos confunde. Uma generosidade tão bela que impede qualquer tentativa de sarcasmo. E, no entanto, pensamos um pouco cansados: "De novo corpos nus". A brasileira Lia Rodrigues, subvertendo os códigos da moda que querem que a nudez seja castigada, desprezada e martirizada, canta o nu (mais do que a nudez) com felicidade e fervor.

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