Julian Cope disse uma vez: “Não há um grupo mais mitico do que os Faust” no seu livro intitulado Krautrocksampler.
A música dos Faust parece ter sido produzida por uma máquina programada através dos mais complicados algoritmos.
Faust, o disco de estreia, vendeu muito poucas unidades mas recebeu aclamação por parte a crítica pela sua inovação e estabeleceu uma base de fieis seguidores. Em 1973 lançaram Faust IV, um falhanço comercial que resultou na perda do contrato com a Virgin, de Richard Branson, negou-se a lançar o quinto álbum. Em 1975, os Faust terminaram mas reuniram-se oficialmente de novo – com o núcleo a ser constituído pelo Irmler, Diermaier e por Jean-Herve Peron para uma mão cheia de datas na Europa na década de 90. A nova encarnação dos Faust foi no Inverno de 2004 . Em 2008 passaram pela Casa da Musica, no Porto, onde eu vi um dos concertos da minha vida, e uma das poucas cidades europeias (4) a receber a banda, numa altura em que se celebrava o primeiro ano de existência da Casa da Musica, e os 35 anos de existência da banda ( foto do Porto - concerto esgotado, mostraram um palco com um cenário a fazer lembrar uns Pink Floyd em Pompeii , a guitarra de Steven Wray Lobdell, bateria de Jan Fride-Wolbrandt e o baixo de Michael Stoll (que também tocou flauta e contrabaixo) e o jovem Lars Paukstat, foi responsável pela percussão e pelos utensílios bizarros (ferros contra ferros numa banca e até uma enorme chapa metálica onde chegou a bater com umas correntes e com um enorme martelo, produzindo um barulho imaginável, e também pela introdução em alguns momentos de vocalizações em alemão em inglês que continuavam em loop .A certa altura, Lars Paukstat chegou-se à frente onde estava uma enorme viga de ferro e, com uma rebarbadora, provocou uma verdadeira explosão de faíscas (que atingiu algum público instalado nas primeiras filas, durou alguns minutos e produziu um efeito sonoro e visual impressionante. Pouco depois o mesmo Lars Paukstat pegou noutra rebarbadora para fazer o mesmo junto da grande chapa de ferro que se encontrava junto de um dos lados do palco. Pelo efeito surpresa provocado por certos elementos e por alguns realmente excelentes momentos de exploração,e experimentalismo os Faust de hoje não envergonham quando comparados com os Faust dos anos 70.Na primeira parte do concerto estiveram os Dälek, duo formado por Will Brooks (na voz) e Oktopus (nas máquinas) que gravaram em tempos Faust vs Dälek com os Faust.
Factos sobre os Faust:
Wümme, é uma aldeia alemã, extremamente pequena com apenas algumas casas, algumas delas quintas, uma delas era uma espécie de bar, todas disseminadas numa longa longa estrada sempre a direito. A zona era muito rural, e influenciou a musica do grupo, era lá que tinham o próprio estúdio, o próprio engenheiro de som,e não tinham de se preocupar com dinheiro, etc...).Bizarro, mas no meio daquela paisagem belíssima e pacifica conseguiam fazer música caótica, selvagem e brutal.
Em Wümme, nunca ouviram outra música senão aquela que ia na cabeça. Nunca tiveram contacto algum com qualquer outro grupo alemão (Can ou os Kraftwerk ) ou qualquer grupo de todo.
A casa onde vivíam tinha sido em tempos uma escola. Humanamente, vivíam num isolamento parcial. De tempos em tempos recebíam visitas do Uwe, e de amigos. Não havia televisão, nem rádio. Gostávam assim, queríam as coisas dessa forma. De tempos em tempos, havia orgias com mulheres e drogas e depois ficávam semanas a comer comida macrobiótica e a fazer experiências musicais. Durante o período em Wümme, perdem o contacto com a realidade por causa da situação e por causa das drogas. É bom e é mau. Era necessário e era inútil. O relacionamento entre os membros dos Faust era obviamente intenso. Éram seis músicos (o Arnulf Meifert, Gunther Wüsthoff, Hans-Joachim Irmler, Jean-Herve Peron, o Rudolf Sosna e o Werner Diermaier), e um engenheiro de som, o Kurt Graupner. E dois ou três cães. Mais tarde, também o road manager, o Ruud Bosma. Uma vezes era como um mosteiro,outras como um bordel .
Neste período também aconteceram colaborações muito importantes… Como com o Tony Conrad, Slapp Happy, Tomorrows Gift, Moon, e Yello...
Os Faust não são uma banda alemã de todo. Jean-Hervé Péron é francês, o Zappi é austríaco, o James Johnston e o James Hodson são ingleses e o Geraldine Swayne é irlandês.
Segundo facto: o destino dos Faust esteve sempre nas mãos de mulheres e ainda está. Terceiro facto, os Faust são os grandes mestres na arte do desaparecimento. O facto é que foram sempre as nossas namoradas/esposas os permitiu seguir em frente durante uma catástrofe até que chegássem a outra. Monika Mangold, Marita Sperling, Almuth Jürgens, Carina Varain, Cornelia Paul, Doris, Person S e claro a Petra Nettelbeck… se não tivessem sido elas, já teriam morrido há muito tempo ou então mergulhado no esquecimento.
Mais factos, fizemos com que pessoas vomitassem durante os nossos concertos e alguns dos nossos fãs admitiram que adorariam esmagar as nossas caras enquanto tocamos. Também fizeram chorar mulheres de felicidade, passar a ferro e gritar ao vivo. O primeiro encontro dos membros fundadores Zappi e Jean-Herve Peron foi numa casa de fotografia chamada Wolfgang. Mais tarde, nesse dia, o Zappi teve sexo com a namorada do Jean-Herve Peron. O cão do Jean-Herve Peron ficou tão bravo que mijou nas costas do Zappi. Mais. Durante as gravações em São Francisco, tiveram de tocar no tanque de óleo na rua porque não cabia no estúdio.
Durante a digressão francesa dos Faust em 1971 foram impedidos de passar compota nos seus croissants. Gostava de dizer olá à “Mary” que era secretária na Virgin em 1973 em Portobello Road. A Virgin? diz Jean-Hervé Péron: divertíamo-nos com as secretárias, e produzimos dois bons discos.
O Richard Branson comprou-me uma guitarra acústica e mais tarde pôs-nos fora porque tínhamos contas de vinho gigantes e “ocupávamos” demasiado a secretária dele. Olá Mary! estamos convencidos que os Faust não somos nós e que os Faust não são música.The Faust Tapes é um álbum de cut-and-paste que juntou um grande número de pedaços e sons da extensa colecção de gravações privadas. Era no fundo um disco de sampling.
São um conjunto de gravações feitas em Wümme numa altura em que o grupo consistia por vezes de todos os Faust (Gunther, Rudolf, Arnulf, Diermaier, Irmler e Jean-Herve Peron) por vezes sem o Arnulf, por vezes apenas o Rudolf. Tínham sido despedidos da Polydor sobretudo porque não estávam preparados para fazer mais concessões a nível musical e éram demasiado avant-garde e, logo, não éram um produto que desse lucro. Na Polydor, cabeças tinham de rolar para que o negócio voltasse ao normal: não mais freaks criminosos, não mais noise non-sense. O Sr. Dr. Vogelsang provavelmente viu as suas contas e assustou-se muito com as somas em vermelho.
Os Faust hoje são Hans-Joachim Irmler (teclados), Steven Wray Lobdell (guitarra), Michael Stoll (baixo e flauta), Lars Paukstat (percussão e vozes), Jan Fride-Wolbrandt (bateria) e John Silk (som).
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