16/07/2009

José Afonso ou Zeca Afonso

Na capa uma caricatura de José Afonso pelo traço de Vasco Castro, a viola e uma pomba pousada no ombro com uma nova de música no bico.A fotobiografia foi escolhida pela proximidade com o dia 2 de Agosto, em que Zeca Afonso faria 80 anos se fosse vivo, enquanto a opção pela Casa da Imprensa visou evocar a conferência de imprensa que o cantor deu, em 1982, para informar sobre o seu estado de saúde e que decorreu precisamente na sala onde hoje teve lugar o lançamento. A fotobiografia do cantor, dirigida por Joaquim Vieira, é apresentada hoje na Casa da Imprensa, em Lisboa. O trabalho tem a garantia de qualidade da historiadora Irene Flunser Pimentel, investigadora do Instituto de História Contemporânea, é autora de "História das Organizações Femininas do Estado Novo" (2000, Prémio Carolina Michaelis), "Fotobiografia de Manuel Gonçalves Cerejeira" (2002), "Judeus em Portugal durante a Segunda Guerra Mundial. Em Fuga de Hitler e do Holocausto" (2006, Prémio Adérito Sedas Nunes, ex-aequo), "A História da PIDE" (2007) e "Mocidade Portuguesa Feminina" (2007), entre outros. Segundo Irene Pimentel, "dos anos 60 até ao presente existe mais de uma centena de versões de temas cantados originalmente por José Afonso, inclusive uma versão do 'Grândola, Vila Morena' em sueco" e, segundo Joaquim Vieira, "uma outra em jazz, um estilo de que o Zeca até nem gostava". Irene Pimentel disse que na elaboração do volume não implicou um grande recurso a fontes orais mas muita leitura da imprensa - "essa grande historiadora dos séculos XIX e XX" - e de livros como 'José Afonso - O Rosto da Utopia', de José A. Salvador, e "José Afonso - Um Olhar Fraterno", de João Afonso dos Santos, irmão do músico. As fotos foram recolhidas em arquivos, alguns particulares, tendo a autora contado com o auxílio de vários familiares, nomeadamente os irmãos de Zeca, João Afonso e Mariazinha, e a filha Maria Helena. A obra hoje apresentada insere-se na colecção Fotobiografias Século XX, dirigida por Joaquim Vieira e composta por oito volumes dedicados a oito figuras da cultura portuguesa. Acompanham José Afonso, a fadista Amália Rodrigues, o poeta Fernando Pessoa, os actores Vasco Santana e Amélia Rey Colaço, o pintor Amadeo de Souza-Cardoso, o fotógrafo Joshua Benoliel e o arquitecto Pardal Monteiro. José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos (Aveiro, 2 de Agosto de 1929 — Setúbal, 23 de Fevereiro de 1987), mais conhecido por José Afonso ou Zeca Afonso, foi um cantor e compositor português. Não obstante o seu trabalho com o fado de Coimbra e a música tradicional, vulgo folk português, realiza também as célebres actuações no TEP (Teatro Experimental do Porto) com Adriano Correia de Oliveira entre outros. José Afonso ficou indelevelmente associado pelo imaginário colectivo à música de intervenção, através da qual criticava o Estado Novo, regime de ditadura vigente em Portugal entre 1933 e 1974, que haveria de eclodir mais tarde depois do 25 de abril de 1974. Os seus últimos espectáculos decorreram no Coliseu de Lisboa e do Porto, em 1983, quando Zeca Afonso já se encontrava doente. No final desse mesmo ano, é-lhe atribuída a Ordem da Liberdade, mas o cantor recusa. Zeca Afonso é um ícone, uma figura fundamental pelo seu trabalho na música (sabia uma nota de música-criava as melodias na cabeça mas não sabia passá-las para uma pauta )e pelo alento que deu aos que acreditavam que a Ditadura não ia durar para sempre. Muitos títulos e frases das suas canções foram ficando e continuam a ser utilizados, como 'venham mais cinco', 'traz outro amigo também' ou 'eles comem tudo'. A propósito das canções,o repórter Joaquim Vieira e director-adjunto do Expresso, redactor principal da Visão, director da revista Grande Reportagem e director-adjunto para os programas da RTP,tem produzido e realizado documentários como "Álvaro Cunhal" (2005), "A Voz da Saudade" (2007) e "Por Amor ao Piano" (2008), autor de obras como "Jornalismo Contemporâneo - Os Media entre a Era Gutenberg e o Paradigma Digital" , "Os Meus 35 anos com Salazar" (ambos de 2007), e que foi preso político - recordou que "não era permitida a entrada de discos de José Afonso na prisão de Caxias, onde só se conseguiu aceder a um porque foi escondido dentro da capa de um disco de música clássica". A fotobiografia acompanha o percurso do cantor e autor, do nascimento (Aveiro, 1929) à morte (Setúbal, 1987), incluindo as suas passagens por Angola e Moçambique, os tempos de estudante em Coimbra, a expulsão do ensino e o sucesso na música, detendo-se em datas emblemáticas como o ano de 1953, em que nasceram os seus dois primeiros filhos e saíram os dois primeiros discos. O livro é ilustrado por fotos do cantor em família e com amigos ou em actuações ao vivo mas também por reproduções das capas dos discos e de cartazes a anunciar espectáculos e por 'facsimiles' de poemas. Em 1985 é editado o seu último álbum de originais, "Galinhas do Mato", em que, devido ao avançado estado da doença, José Afonso não consegue cantar na totalidade. Devido a isso, o álbum foi completado por: José Mário Branco, Helena Vieira, Fausto e Luís Represas. Em 1986, já em fase terminal da sua doença, apoia a candidatura de Maria de Lourdes Pintasilgo à presidência da república. José Afonso morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987, no Hospital de Setúbal, às 3 horas da madrugada, vítima de esclerose lateral amiotrófica. Será certamente recordado como um resistente que conseguiu trazer a palavra de protesto antifascista para a música popular portuguesa e também pelas suas outras músicas, de que são exemplo as suas baladas. Em 1994 é feita um CD duplo em homenagem a José Afonso a que se chamou "Filhos da Madrugada Cantam José Afonso". No fim de Junho seguinte, muitas das bandas portuguesas que integraram o projecto, participaram num concerto que teve lugar no então Estádio José de Alvalade, actual Estádio Alvalade XXI. José Afonso,foi alguém que “ousou anunciar a possibilidade de um mundo diferente, mais justo, fraterno e equilibrado”

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