16/03/2009

ANDY WARHOL

Ultimamente um dos artistas mais mencionados tem sido Andy Warhol, várias capas com Warhol,várias capas de Warhol enchem revistas, jornais, exposições por todo o mundo, são assunto dia. A exposição "O grande mundo de Andy Warhol" no Grand Palais,é inaugurada a 18 de Março e está aberta até 13 de Julho. Programa expositivo: rostos de presidentes (Carter, Gerald Ford), estrelas do espectáculo e do desporto (Stallone, Eastwood, Debbie Harry, Nico, Grace Jones, Pelé), da arte (Julian Schnabel, Warhol, ele próprio), enfim, aristocratas, "socialites". São retratos pintados nos anos 1960, 1970 e 1980, é a vertente de Warhol como "retratista da corte", a quem se encomendava (às vezes pagando 25 mil dólares) uma cara pintada com cores eléctricas, encomenda essa que permitia a Warhol manter a máquina da sua Factory em andamento e financiar outros projectos mais difíceis. Tudo começou em 1962, a seguir à morte de Marilyn Monroe, com o retrato de Marilyn. Só acabou em 1987, com a morte de Warhol. Entre um e outro momento, Warhol pintou muita gente por encomenda. O processo era o mesmo: a partir de uma polaroide ou de uma foto tiradas na Factory (que se transformava em "passerelle" de celebridades) ou de uma foto de arquivo, a preto e branco (no caso dos mortos, como Marilyn), devidamente reenquadradas para as caras ficarem em grande plano, dava-se início a um processo "industrial", em que os traços da psicologia do retratado iam desaparecendo para criarem a superfície lisa de um ícone. o comissário da exposição, Alain Cueff, propõe então uma reelaboração de uma faceta que, segundo ele, é mais incompreendida devido a um preconceito: o de que as obras-encomenda são gestos artísticos menos relevantes. Diz ele, por exemplo, numa entrevista à revista "Beaux Arts", que há uma relação entre a educação religiosa de Warhol, a sua infância em Pittsburgh, num meio ortodoxo, e o seu fascínio em relação aos rostos, e que os retratos que deixou são uma prova substancial. "Nas imagens dos santos [no culto ortodoxo] vêem-se sobretudo caras, ao contrário do culto católico, que privilegia o contexto do gesto crístico." Mais: defende que os retratos do homem que um dia disse "I wanna be a machine" fazem justiça a esse lema: acelerando, deixando de fora o não essencial, passando sem os traços da psicologia, chegando à "essência" do retratado. E "nos melhores retratos, vacilamos: ele [Warhol] lembra-nos que há uma grande beleza no estar vivo".

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