Maria Gabriela Llansol morreu aos 77 anos. No dia 24 de Novembro foi o do seu aniversário,e evocou-se a sua figura humana e a sua dimensão literária numa sessão na Biblioteca Municipal de Sintra.
«Será por termos aprendido a ler através de romances que acabamos por dar a primazia à leitura sob o signo do contínuo?», pergunta José Afonso Furtado no livro O Papel e o Pixel. Do impresso ao digital: continuidades e transformações.
O filósofo Spinoza, pôde dizer que «sentimos e experimentamos que somos eternos», porque «uma coisa que tende a perseverar no seu ser, se nenhuma causa exterior a destruir, continuará a existir sempre» (Ética III, viii). Mas também naquele outro sentido, puramente llansoliano, que desde O Livro das Comunidades nos vem dizendo que «a morte se apaga na escrita», e « é como um enleamento de alegria num lugar sombrio e húmido» de onde progressivamente volta a emergir a luz. Por isso, ao desejo e à interrogação da Maria Gabriela, quando escreve em Amigo e Amiga «quero saber mais do mundo para onde irei»
«Passar da fase de estar consciente à de escrever requer um papel sempre à mão, e uma interrupção voluntária da vida quotidiana...»
«... só sinto consolação no acto de escrever – o fio de luz por onde me escapo às linhas tecidas sobre mim...»
«A estas partes ligadas, sempre em deslocação, chamo a escrita...»
(Maria Gabriela Llansol, Um Falcão no Punho [1985])
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