06/11/2007

joe strummer-the clash


Strummer com a vida em filme
ANDY BUTTERTON/ap

Joe Strummer, falecido aos 50 anos, em 2002, em imagens inéditas no documentário de Julian Temple


Dean Goodman *

Há trinta anos, um novo documentarista, Julien Temple, recebeu um ultimato dos Clash, uma das duas bandas punk de Londres que ele acompanhava.

"Tens de escolher. Não pode haver tanta cobiça. Tens de escolher entre nós e eles", disseram os membros do Clash a Temple.

Então, ele escolheu "eles" - os Sex Pistols. E acabou por realizar dois filmes "The great rock 'n' roll Swindle" e "O lixo e a fúria". Temple também realizou videoclipes para artistas como Rolling Stones e David Bowie.

Os Clash tornaram-se um mito do rock com a sua mistura de letras políticas e estilos musicais com raízes no reggae e rockabilly. O seu terceiro álbum, "London calling", foi considerado o melhor disco dos anos 1980 pela revista "Rolling Stone", mesmo tendo sido lançado em 1979.

Temple às vezes privava com o líder dos Clash, Joe Strummer, mas não eram amigos próximos. Isso mudou há cerca de uma década, quando Strummer comprou uma casa de campo em Somerset, Inglaterra. A amizade dos sobreviventes do punk foi estimulada por terem em comum um idealismo de esquerda e origens de classe média.

Foram bons tempos, que terminaram em 22 de Dezembro de 2002, quando Strummer morreu de ataque cardíaco , enquanto lia o jornal, sentado no sofá. Tinha 50 anos. Temple, agora com 53 anos, foi uma das pessoas que carregaram o caixão do amigo, no funeral.

Agora, presta homenagem a Strummer no documentário "Joe Strummer The future is unwritten" (Joe Strummer: o futuro não está escrito).

Filósofo equivocado

O documentário de duas horas narra a infância privilegiada de Strummer como filho de diplomata, o suicídio do seu irmão mais velho, os seus dias de hippie nos "squats" (prédios invadidos ilegalmente por comunidades alternativas) de Londres, a sua ascensão à fama com os Clash, e a sua luta para encontrar um propósito na vida depois de o seu autoritarismo levar a banda a separar-se.

A tendência de Strummer de magoar as pessoas mais próximas é um tema recorrente, assim como o seu lado maquiavélico e a sua ânsia pela fama. Foi um mulherengo, mas também um anfitrião sedutor e um pensador profundo, que sempre falou contra a injustiça.

"Considero-o um filósofo e uma pessoa que tinha um código de vida que é muito viável", disse Temple.

Dos seus antigos colegas dos Clash, apenas o baixista Paul Simonon se recusou a participar no filme. O baterista Topper Headon, que batalhou longamente contra o vício na heroína, fez-se difícil, mas finalmente contou histórias de Strummer a roubar-lhe a namorada e a expulsá-lo da banda.

A entrevista de Temple com o guitarrista Mick Jones começou de forma desastrosa, ainda que os dois músicos sempre se tivessem dado bem.

"Ele ficou incrivelmente desconfortável, nervoso. E aquilo afectou-me. Não conseguimos falar de nada durante meia hora", disse Temple. Mas acabaram por soltar a língua e Jones falou durante horas.

Strummer narra o filme, com áudio retirado de cerca de 100 entrevistas e trechos do seu programa de rádio London Calling, da BBC World Service.

A maior parte das imagens do filme é inédita, incluindo 14 minutos de imagens a preto-e-branco da época em que os Clash foram formados. A família de Strummer também cedeu o seu arquivo.

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