Mark Arm, 46 anos, há pelo menos 20 é um nome emblemático do rock mundial. Há exatas duas décadas, ele e três amigos de Seattle, reunidos sob o pegajoso nome Mudhoney, lançaram um EP intitulado “Superfuzz Bigmuff”, pelo selo independente Sub Pop.
As seis faixas do compacto traziam a mesma mistura caótica de garage punk e humor indigesto que tornara o single “Touch me I’m sick”, lançado pela banda dois meses antes, febre no circuito underground dos EUA.
Se nunca alcançaria sucesso comercial – o que não era pretendido e muito menos esperado –, “Superfuzz Bigmuff” seria rapidamente reconhecido como um dos discos elementares do fenômeno musical que varreria o mundo na década seguinte.
Baptizado de grunge, esse fenómeno reuniria sob a mesma égide grupos muito diferentes entre si, tanto em termos musicais como de propósitos. O estrondoso sucesso comercial de alguns desses grupos – e, mais precisamente, a forma como eles lidaram com esse sucesso – gerou desconforto e causou uma cisão profunda entre aqueles que elegeram o underground como estilo de vida e muitos dos que abraçaram o sonho dourado das grandes editoras, entre eles os Nirvana.
Conflitos à parte, porém, a era grunge já entrou para a história da música pop e deixou discos memoráveis pelo caminho.
Mark mandou uma carta a um fanzine em 1981 fingindo ser outra pessoa e chamando sua própria banda (Mr. Epp and the Calculations, à época) de “puro grunge”. A intenção foi pejorativa, mas para muitos esse é o primeiro registo desse termo no contexto de Seattle.
Mark Arm "Eu quis escrever do ponto de vista de alguém que tinha trombado com a banda por acaso e achado uma porcaria. Foi uma armação mesmo (risos). Mas não fui eu quem inventou o grunge, o termo já circulava por aí bem antes de mim. O Steve Turner [guitarrista do Mudhoney] tem um disco de relançamento do [grupo de rockabilly dos anos 1950] Johnny Burnette and the Rock and Roll Trio, 1974, e na contracapa está escrito que o som da guitarra de Paul Burlison é “grungy” [“sujo”, “lamacento”].
1. In utero - Nirvana (Geffen, 1993)
2. Nevermind – Nirvana (Geffen, 1991)
3. Every good boy deserves fudge – Mudhoney (Sub Pop, 1991)
4. Superunknown – Soundgarden (A&M, 1993)
5. Bricks are heavy – L7 (Slash, 1992)
6. Sweet oblivion – Screaming Trees (Epic, 1992)
7. Stoner witch – Melvins (Atlantic, 1994)
8. Ten – Pearl Jam (Epic, 1992)
9. Jar of flies – Alice In Chains (Columbia, 1994)
10. Superfuzz Bigmuff + Early Singles - Mudhoney (Sub Pop, 1990)
11. Incesticide – Nirvana (Geffen, 1992)
12. Solid action – U-Men (Chuckie Boy, 2000)
13. Wrecker! – Mono Men (Estrus, 1992)
14. Down on the upside – Soundgarden (A&M, 1996)
15. Fontanelle – Babes in Toyland (Reprise, 1992)
Sem comentários:
Enviar um comentário