NICO -VELVET UNDERGROUND

A versão nova-iorquina para o que já vinha acontecendo em San Francisco (nas festas de Ki-Suco Elétrico promovidas por Ken Kesey ao som do Grateful Dead) e em Londres (nas noitadas intermináveis do povo do jornal International Times, ao som do Pink Floyd). Mas se na Califórnia essa combinação parecia um monte de vagabundos chapados e na Inglaterra abria conexões improváveis com a cultura pagã e a era vitoriana, em Nova York ela era oferecida cínica e cinza. A HORA DE NICO A musa dark. Para criar o contraponto para uma banda que se apresentava de preto e de óculos escuros, Andy chamou uma modelo e actriz que andava à sua volta. Nico já havia participo em alguns filmes de Warhol e tinha um pequeno currículo invejável: uma ponta em La Dolce Vita, de Fellini, um filho que dizia ser de Alain Delon, uma música de Dylan composta para ela ("I'll Keep It With Mine"), um disco lançado pela edotora do empresário dos Stones e uma gravação com Serge Gainsbourg. A sua presença gelada e de sotaque carregado ajudavam a abrir portas - ninguém resistia á beleza da mulher. Nem Andy Warhol, que a colocou sob um holofote branco e na frente dos Velvet, fazendo Reed entregar algumas composições para ela.Para Nico, Lou Reed passou "All Tomorrow's Parties", que ganhou o tom solene com sua voz. "Mo" segurava o ritmo constante, monótono, alternando bombo e bateria, enquanto Cale novamente criava uma base repetitiva a partir de um exercício de piano clássico. "Femme Fatale" e "I'll Be Your Mirror", foram mais duas musicas escritas para Nico. O Exploding Plastic Inevitable (o nome do novo espectáculo havia sido pinçado por Morrissey de palavras escolhidas aleatoriamente na contracapa do disco Bringing it All Back Home, de Bob Dylan, que traz Rubin na capa, ao lado de Dylan) rodou nos Estados Unidos durante 1966 sob vaias e trapalhadas. A completa inexperiência de Warhol em gerir uma banda era o melhor contraponto para uma banda que afrontava o público fora de Nova York. Junkies, gays do mundo da moda e das artes plásticas, mesmo para os timidamente freaks anos 60, era muito para cabeça das pessoas. Mas todo o barulho ajudava a lenda da banda a crescer. A Califórnia, entretinha-se com os fãs dos Grateful Dead e Frank Zappa, mas chamaram a atenção de Marshall McLuhan. O nome de Warhol atraía um outro tipo de público para os shows de rock e a colisão entre pop e maturidade proposta no encontro dos Beatles com Bob Dylan ganhava contornos radicais e caricatos.

A contracapa, causou problemas para o grupo, pois havia uma foto em que o rosto do actor Eric Emerson aparecia projectado sobre a banda num filme de Andy (Chelsea Girls). Correndo o risco de ter um processo, a MGM recolheu o disco das lojas na semana. O disco Velvet Underground and Nico só voltou às lojas dois meses depois - sem conseguir tocar no rádio (basicamente devido aos temas), os Velvet iniciavam a sua carreira, num culto (até hoje) ao nunca figurar na lista dos 100 discos mais vendidos da semana, dando origem à clássica frase atribuída a Brian Eno: "Poucas pessoas compraram os Velvet Underground & Nico. Mas quem comprou, formou uma banda".