“Olha que coisa mais linda/ Mais cheia de graça/ É ela menina/ Que vem e que passa”.
A música mais emblemática da bossa nova, Garota de Ipanema,
foi interpretada pela primeira vez a 2 de Agosto de 1962 num clube do
Rio de Janeiro, celebrando hoje 50 anos de um sucesso que ultrapassou
fronteiras.
Nesse dia, estiveram no palco o compositor da música
António Carlos Jobim (mais conhecido por Tom Jobim), o cantor João
Gilberto, o poeta Vinicius de Moraes, o baterista Milton Banana e o
contrabaixista Otávio Bailly.
A letra da música, escrita por Vinicius a pedido do amigo Jobim, nasceu com o nome Menina que passa,
mas acabou por ser reformulada e deu lugar ao título hoje conhecido por
várias gerações, explicou o
professor de literatura, melómano e especialista em bossa nova, Carlos
Alberto Afonso.
A história do tema tem como ponto de partida o Bar
do Veloso, na antiga rua Montenegro (actualmente rua Vinicius de
Moraes), local onde o poeta e o compositor Tom Jobim se refugiavam no
início dos anos 1960, com a companhia inebriante do whisky, para admirar
o «doce balanço» das ancas de uma jovem carioca.
Em 1965,
Vinicius de Moraes confessou que a musa que inspirou o tema foi a
adolescente Heloísa ‘Helô’ Pinheiro, actualmente com 67 anos.
«Nunca
respondi aos seus piropos, só entrava no bar para comprar cigarros para
os meus pais ou passava por lá para ir gozar o sol nos meus dias de
férias», afirmou Helô Pinheiro, numa recente entrevista .
Três
meses depois da primeira apresentação no Rio de Janeiro, a música foi
interpretada pelos mestres da bossa nova na famosa sala de concertos
Carnegy Hall, em Nova Iorque, dando início à internacionalização do
tema.
A canção seria posteriormente gravada em inglês por Astrud
Gilberto, versão que ficou marcada pela célebre interpretação do
saxofonista norte-americano Stan Getz.
Segundo o professor Carlos
Alberto Afonso foi a bossa nova que influenciou o jazz, e não o
contrário, «porque nessa época as melodias de Cole Porter já estavam
desgastadas».
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