01/08/2012

ASAE FECHA O FESTIVAL DO SEXO KAZANTIP 2012

Criado na Ucrânia durante os anos 1990, o KaZantip é conhecido como o «festival das orgias» e esteve envolto em polémica depois da publicação na Internet de um vídeo, alegadamente gravado durante uma das edições, de uma criança a praticar sexo oral.

Esse mesmo vídeo esteve, aliás, na base de uma queixa judicial apresentada em fevereiro contra a realização do evento em Portugal. Apesar disso, o KaZantip acabou mesmo por abrir portas a 20 de julho, mas uma inspeção da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) no dia seguinte pôs a descoberto várias irregularidades que viriam a comprometer o festival

O “PreZidente da República de Kazantip” — como se auto-intitula o principal responsável de um festival que pretendia funcionar como um “país” independente com reis e governo — fugiu. Após uma tentativa de “golpe de estado”, ameaças de pancadaria e complicações com as leis locais, a curta estadia em Portugal do suíço Roland Stach, de 50 anos, acabou como o festival — em polémica.

 O festival mais longo do mundo — que na Ucrânia ficou conhecido como o festival das orgias — e em Portugal prometia cinco semanas de música electrónica nas margens do Alqueva, encerrou ao terceiro dia. Os salários dos artistas ficaram por pagar, os fornecedores prejudicados, os participantes sem festival e até outros membros da organização ficaram de mãos a abanar. Stach partiu rumo à Suíça e nada mais se sabe dele.

Pelo caminho ainda apagou a conta de Facebook do Festival, emails da organização e qualquer outro registo. Sobrou só a página do festival — à qual nenhum outro membro da organização tem acesso — com um comunicado, não assinado, explicando o porquê do encerramento do festival, alegadamente por falta de licenças.

Um membro da organização, que pediu para não ser identificado, declarou ao PÚBLICO que “o Roland foi mesmo ameaçado de violência física por outros organizadores e fugiu. Não ia haver dinheiro para pagar a ninguém, pois o festival não estava a dar lucro.”

Na manhã de dia 21 de Julho, o Kazantip foi alvo de uma inspecção da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), um procedimento comum em qualquer festival de Verão. A acção detectou que nem tudo estava de acordo com a legislação. Havia duas irregularidades menores: a ausência de livro de reclamações na entrada do festival e a falta de licença para a água dos chuveiros e casa de banho. Apesar destas infracções, o festival poderia realizar-se tendo de pagar somente uma pequena multa. Contudo, uma infracção mais grave fechou as hipóteses de sucesso ao festival. O licenciamento pedido pela Câmara de Moura para a zona de restauração estava incorrecto, segundo o comunicado disponível na página do Festival. Com esta limitação, o festival ficou impossibilitado de comercializar alimentos e bebidas no espaço, pelo que a organização ficou proibida de cobrar entradas.

“Existiam planos de emergência para outras falhas, mas a organização não contava que fosse pela alimentação que lhe cortassem os pés”, pode-se ler no comunicado disponível na página do festival.

Mesmo nestas condições, o Kazantip continuou em funcionamento por mais dois dias. Ao terceiro dia, começaram a surgir conflitos com e entre os festivaleiros. O problema de não haver bebidas nem alimentos no local estava a ser aumentado exponencialmente pelas temperaturas que se faziam sentir. Os “súbditos” viam-se obrigados a percorrer todos os dias um trajecto de 30 minutos de autocarro para ir buscar alimentação aos minimercados locais. No entanto, também começaram a trazer “grandes doses de álcool.”

No dia 23 de Julho, a GNR de Moura teve de ser chamada ao local. Quatro festivaleiros andavam a “pilhar” tendas e a ameaçar membros da organização do festival.

“Esses quatro indivíduos foram detidos para identificação e depois saíram em liberdade pois ninguém apresentou queixa”, declarou Filipe Alexandre Costa, da GNR.

Após esta ocorrência, os membros da organização decidiram encerrar o festival. Foi quando Roland atirou a toalha ao chão, fez as malas e fugiu para a Suíça.

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