07/11/2010

JAKI LIEBZEIT / BURNT FRIEDMAN + ULVER + X-TG


O Clubbing de ontem (hoje)5 de Novembro reuniu em cartaz (X-TG, Ulver e Burnt Friedman & Jaki Liebezeit - baterista dos CAN- já os tinha visto há uns 5 anos na Maia ),e públicos diferentes, não muitos..., e que fizeram a escolha de deixar até horas demasiado tardias. No entanto, mesmo não se sendo de ferro, há quem tenha vontades metálicas sinfónicas( Ulver) e tenha aguentado até ao fim dos concertos na Sala 2 da Casa da Música. Os X-TG (Throbbing Gristle sem Genesis P-Orridge que abandonou o projecto no início da semana que passou,) actuaram desde as 23:30 ás 00:50, a dupla Friedman/Liebezeit das 01.45 ás 02:50, e por fim os Ulver das 02.45, ás 04:10...uf!!!!

Throbbing Gristle já actuaram no Porto com o novo logótipo e com o tal nome novo.Do alinhamento só não tocaram as duas musicas cantadas por Genesis P. Orridge- Cosey Fanni Tutti substitui P-Orridge na voz.

A segunda música do alinhamento, segundo Peter Christopherson, (dos Coil) sempre muito comunicativo após cada musica, foi a primeira a ser criada enquanto X-TG. Uma sucessão de sons graves estabelecia o andamento para uma batida quase aleatória, ruídos maquinais e vozes processadas, em seus tons fabris caracterizou a actuação dos londrinos que nos anos 1970, levaram a arte e a música a níveis de violência extremos. Inventaram um género, a música industrial.



Esta é a banda que um político conservador britânico classificou de "destruidores da civilização", quando, ainda enquanto COUM Transmissions (o grupo de música e arte que se transformaria nos Throbbing Gristle, em 1975), montou a exposição "Prostitution" com tampões usados, seringas e imagens da carreira de Fanni Tutti enquanto modelo porno. As performances COUM envolviam frequentemente sexo ao vivo ou actos bizarros como tentativas de masturbação com cabeças de galinha em cima do pénis.

Enquanto muitos ingleses andava entretidos com os três acordes do punk, os TB preferiram inventar uma outra forma de música, feita de "loops" de cassetes, ruído saído de violinos partidos, baixos e guitarras baratas em doses industriais, vozes entre o sonambulismo e a violência militarista, tudo filtrado por um batalhão de efeitos, e letras inspiradas pelo lado mais bizarro e feio da humanidade. Uma música ainda hoje inclassificável.

Eram, ao mesmo tempo, música pré ou anti-rock'n'roll (porque à margem das convenções - P-Orridge definia-os frequentemente como "antimúsica") e uma enorme experiência rock (porque muito poucos tinham levado o rock a níveis tão extremos). Influenciados pelos Fugs e Velvet Underground e, num plano não musical, pela Fluxus, pelos dadaístas e "accionistas" de Viena (Hermann Nitsch, etc.). Criaram um novo género, a música industrial, que vai da violência absurda dos Whitehouse à dança cerebral dos Cabaret Voltaire.

Com uma interacção reduzida, a banda foi orientando o público através da sua experiência sónica, sentados em secretárias, movimentos lentos dos três membros da banda quase como se estivessem a elaborar um importante trabalho de laboratório.

Acto que se sentia nas músicas, ao longo do concerto foram poucos os sons repetidos sobre as lentas batidas industriais, levando todos nós para fora dos seus corpos, como os próprios X-TG admitiram. Por vezes um ruído caía de forma intuitiva na música, mas pode ter sido previamente escolhido, ou mesmo inventado para o efeito.

Se há algo de que não podemos acusar este trio é a postura profissional, carisma, e uma recusa de envelhecer orientada para a criatividade e para o verdadeiro desfile de objectos utilizados que foi o concerto. Desde um theremin alterado, a uma mini-trompete e guitarra de Fanny Tutti e um iPad,(a musica mais bonita da noite, com mais groove- incrivel o som que saía das mãos de Peter Christopherson) muita coisa serviu para levar os antigos Throbbing Gristle a pôr a Sala 2 a estremecer como uma velha fábrica a laborar.

Com um carácter mais natural, foi o concerto de Burnt Friedman e Jaki Liebezeit, o baterista dos míticos Can. Um duo de percussão e sintetizadores de batidas muito seguidas, filtradas ao som artificial da bateria, num kit de percussão sem bombo nem pratos de choque, ao som muito urbano dos teclados discretos e carregados de efeitos.

Trinta e cinco anos depois, ainda não sabem tocar nenhum instrumento (pelo menos segundo os livros). Em 1981, os Gristle anunciaram que a "missão estava acabada" e partiram para outros projectos, como os Psychic TV e os Coil. É uma questão vital para o grupo continuar a ser desafiante, reflecte Tutti. "Liberta-te das formas estabelecidas de pensar e construir música. Conheço músicos que aprenderam música convencionalmente para quem é impossível improvisar. Quando não têm uma partitura agarram-se a acordes que aprenderem e que estão metidos no seu subconsciente. Isso é incrivelmente restritivo do ponto de vista criativo. Gosto de responder a um som na sua forma essencial, não da forma como foi categorizado".

O ritmo do duo alemão tornou o ambiente da sala Suggia ligeiro e ameno, óptimo para descansar o corpo do anterior concerto dos TB. Esta fluidez devia-se, sobretudo, aos quase 40 anos de actividade de Liebezeit conseguindo dar à actuação um balanço constante e liberdade a Friedman para extravasar calmamente com os seus sintetizadores perante um público que foi saindo aos poucos da sala principal. Aliás, perto do início do concerto dos noruegueses Ulver, a sala Suggia estava relativamente vazia.


Kristoffer “Garm” Ryg e companhia entrarem em palco. Na tela que projectou os vídeos, que são metade da actuação dos Ulver, podia ler-se o nome da banda em letras grandes seguida da frase “We come as thieves.” Mal os Ulver pisaram o palco, na tela gigante por trás do palco surgi um sol quente e bem alaranjado a percorrer a tela, até aparecer a lua. Começou a ouvir-se Eos, a faixa de abertura de Shadows of the Sun. Garm e a restante banda tocaram músicas de praticamente todos os registos desde Perdition City (2000), passando mesmo pelo EP A Quick Fix of Melancholy (2003) e pela banda sonora Svidd Neger, demonstrando muitas das facetas em que este projecto vanguardista se move, com influencias, folk, sinfónico, experimental,e black metal.

E assim foi: os noruegueses entraram com a voz estilo operático e o portátil de Garm, mais outros dois computadores, uma bateria, um enorme gongo, sintetizadores, guitarra/baixo/piano, um componente visual com os vídeos arrojados (morte, sangue, sexo) luzes escuras numa actuação parca em palavras, para saírem silenciosamente e sem cerimónias. Em For The Love of God, com a sua negritude, um vídeo cruzava imagens alusivas ao cristianismo com outras menos santas, de teor sexual. Um telefone a tocar indicou o início do tema Operator em que um homem se tentava suicidar através de todos os meios possíveis no grande ecrã.

Arcturus -era o outro projecto de Garm e Skoll, que começou como black metal sinfónico e transitou em metal avant-garde. Garm deixou a banda em 2003.

O guitarista/pianista, e mais recente membro Daniel O’Sullivan pertenceu há progressive/art-rock band Guapo, e aos Mothlite.

Head Control System - um duo de Garm e do músico Português (metal) Daniel Cardoso.

Ved Buens Ende - projecto paralelo de Skoll e Carl-Michael Eide -separou-se, e reuniram mais uma vez em 2007.

Sem comentários:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails