O realizador e produtor norte-americano Arthur Penn, que rodou o filme "Bonnie & Clyde" (1967),(um dos filmes meu top ten), morreu na terça-feira, um dia depois de ter completado 88 anos, noticiou hoje o jornal New York Times.
Arthur Penn era considerado um realizador pioneiro por ter desenvolvido, nos anos 1950 e 1960, um método de trabalho na direção de atores focado na espontaneidade e na emotividade, escreve o jornal.
O realizador dirigiu peças para televisão, encenou na Broadway, mas foi no cinema que se destacou, por exemplo, com "The miracle worker" (1962), que deu a Anne Bancroft o Óscar de melhor atriz, e "Bonnie & Clyde" (1967), um dos filmes de culto do cinema americano, protagonizado por Warren Beatty e Faye Dunaway.
"Arthur Penn trouxe [para o cinema americano] a sensibilidade dos filmes artísticos europeus dos anos 1960. Abriu caminho para uma nova geração de realizadores que acabavam de sair das escolas de cinema", disse o realizador e argumentista Paul Schrader, citado pelo New York Times.
"Bonnie & Clyde" é um retrato sobre um casal de criminosos, onde não falta sexo, violência e algum humor, não esquecendo que rompeu barreiras quando estreou nos anos 1960 e serviu de referência para toda uma geração de realizadores independentes.
"Ele abriu caminho para a geração dos diretores americanos dos anos 70", como Martin Scorsese ou Francis Ford Coppola, considerou ao New York Times o argumentista Paul Schrader de "Taxi Driver".
Arthur Penn, irmão do fotógrafo Irving Penn, nasceu em Filadélfia a 27 de setembro de 1922, desde cedo se interessou por teatro e enquanto fez o serviço militar criou um grupo teatral com outros militares.
Estudou na Europa, passou pelo Actors Studio, onde se praticava o método de representação de Stanislavski, produziu séries televisivas, filmou peças de teatro em direto na televisão e chegou a ser conselheiro do então senador John F. Kennedy nos debates televisivos.
Marlon Brando, Robert Redford, Robert Duvall, Dustin Hoffman, Gene Hackman foram alguns dos actores com quem Arthur Penn trabalhou ao longo da carreira, que ainda assim teve altos e baixos na militância do cinema independente face às grandes produções de Hollywood.
“O Pequeno Grande Homem” (1970), com Dustin Hoffman; “Duelo de Gigantes” (1976), com Marlon Brando e Jack Nickolson, são dois westerns realizados a seguir e que reflectiram sobre o fim deste género que marcara o cinema clássico americano.
O western "Um de nós morrerá",1958, onde Paul Newman interpreta o famoso pistoleiro Billy the Kid.O segundo filme, "O milagre de Anne Sullivan", conta a história de uma jovem surda, cega e muda que tenta comunicar com as pessoas á sua volta, obteve dois Oscars em 1962 para a atriz principal e coadjuvante, Ann Bancroft e Patty Duke, respectivamente. "Vício de matar" e "O alvo" são outros títulos das três dezenas de filmes que deixa.
O cineasta, cujas obras apresentavam o individuo marginalizado face à ordem social numa América moderna que ele achava doente, abordou ainda a imigração jugoslava nos Estados Unidos em "Georgia" (1981), ou a África do Sul pós-apartheid com o seu último filme, "Inside" (1996).
No virar do século ainda produziu vários episódios da série televisiva "Lei & Ordem", e a peça de teatro "Fortune´s Fool", com Alan Bates e Frank Langella.
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