É um dos nomes do "underground" experimental britânico, de dia trabalha numa biblioteca, à noite grava discos, é um homem de família, gosta de cozinhar (tem um livro de receitas vegan, reeditado pela Ashgrove Press)e sente-se melhor a trabalhar apenas com uma pessoa do que em grupo. "Cresci em sítios em que tens de criar o teu entretenimento. Fechas-te num quarto e fazes música", conta. Por volta dos 11 anos, começou a registar num gravador de cassetes o que tocava na guitarra. Hoje 30 anos depois, continua a criar em casa, a lançar discos, alguns em edições limitadas a poucas dezenas de exemplares. "Alguma coisa estaria errada se não fosse assim. Seria tudo uma fachada", diz. "Tenho um emprego durante o dia, uma família. Sou um tipo normal. Posso ter longas conversas sobre futebol e coisas normais. Há alguma mitologia em torno do artista torturado: se a vida fosse desagradável, não sei se seria divertido fazer música".
A prolífica colaboração com Simon Wickham-Smith (um Tibetano, que já passou um ano como monge Budista em retiro no Kagyü Samyé Ling Monastery na fronteira da Escócia. Esteve ocupado numa série de traduções focadas na vida e poemas de amor do sexto Dalai Lama. Também gosta de ilusionismo. “Encontrei o Simon quando estávamos ambos na Universidade de Londres,” lembra Youngs. “Ouvi-o por acaso a ter uma conversa acerca de John Cage e aproximei-me dele e começámos a falar. No fim da semana fomos a um concerto do Stockhausen juntos.” Nesta altura Wickham-Smith já tinha escrito, embora não publicado, história da música minimalista desde La Monte Young e Tery Riley), começou em quatro longas free-form noise collages/jams, Lake (1990 - VHF, 1997)e Ceaucescu (Forced Exposure, 1992) é talvez o maior sucesso da série: caoticamente orquestrada para dulcimer, teclados, guitarras, psicadelia e cacofonia, mas também inteiramente cantado e exala um sentimento quase religioso fora da cacofonia hiper-psicodélica. Nas suas peculiares excursões musicais o duo conseguiu fundir o majestoso e amador I Live In A Big City, Goat, At Home.
Young também gravou quatro duetos sem título com o líder dos Acid Mothers Temple, Makoto Kawabata, publicado num álbum sem título (VHF, 2002).
No início de 1990 Richard Youngs vivia em Harpenden, uma pequena cidade inglesa.A importância da A-Band para o rock underground britânico pode ser comparada com o impacto explosivo que grupos como os AMM, SME ou The People Band tiveram na cena free jazz e de improvisação. Um grupo de formação flutuante composto por artistas, sem abrigo, conceptualistas punk e coleccionadores de discos, foram o primeiro grupo britânico a produzir uma música ancorada no drone livre, no músculado e abrasivo da maioria do seu rock altamente energético, enquanto o mantinham guiado pelo mais elementar folk. Apesar de fornecerem uma base de trabalho conceptual para futuros grupos como os Vibracathedral Orchestra e Decaer Pinga, a A-Band deixou pouca coisa em termos de gravações, fora um LP raro na Siltbreeze, um single, um LP e um CD-R póstumo.
Youngs foi membro da A Band, colectivo com formação em permanente mudança, uma trupe de experimentalistas e de inadaptados em geral que faziam parte stand-up comedy, parte actuação artística ao estilo Fluxus, parte palestra sobre viagens, concertos cem por cento improvisados. Youngs surgia em palco a ler bilhetes de comboio, ele lê o destino de volta de cada um dos bilhetes que acumulou no ano transacto - 171 restos que compõem o arco dos seus movimentos à volta da Inglaterra,e aproveitava as noites livres em clubes folk para improvisações com dois acordes que duravam até que alguém o expulsasse do palco ou lhe cortasse o som. "Era um jovem, zangado", recorda. "Fazíamos apenas o que queríamos e não nos preocupávamos se alguém ia gostar".
“Eu era quase confrontacional nos shows ao vivo,” continua. “Queria obter uma reacção e adorava todas essas coisas e pressionar até ser fisicamente parado. Lembro-me de ir a outro clube folk e bater nas teclas e um teclado, depois passar o resto da actuação tendo uma discussão com um membro da audiência acerca do que estava eu a fazer. Depois fiquei com a sensação que a actuação tinha sido um sucesso total. enquanto agora ... nahhh. Apenas um gesto oco, penso.”
Dono de uma discografia extensa - a edição número 100 aproxima-se - Youngs tem construído uma carreira generosa, fez mesmo alguns ensaios com o compositor/baixista/pianista escocês Bill Wells, Youngs no baixo, Bill na guitarra e Katrina, dos The Pastels na bateria, Jandek,(a secção rítmica Youngs/Neilson tem estado ao seu mais alto nível no que se refere a “punição cerebral”, como parte do grupo de Jandek, tocou com o quase eremita texano nos únicos 3 concertos que ele deu até 2005), e aparecendo apesar de não creditados no álbum Glasgow Sunday, de Jandek, para a Corwood), Andrew Paine, Neil Campbell, Matthew Bower, entre muitos outros músicos que valorizam a sua incrível entrega à improvisação, ao rock ou à folk, space rock, noise, ambient, minimalismo, algumas das vezes com todas estas atitudes em simultâneo.
Experimentalista, guitarrista e poeta escocês do som, Richard Youngs surgiu no início dos anos 90 com o abrasivo encantador, Advent, primeiro disco, foi a primeira edição na editora No Fans Records, do próprio Youngs, prensada numa edição de 300 cópias (foi reeditado em CD pela Table of elements e, mais recentemente, pela Jagjaguwar), hoje em dia é incluído em muitas listas como um dos melhores álbuns minimalistas ( uma escolha do reputado crítico Alan Licht], na qual estabeleceu-se como o sucessor de Terry Riley, e reinterpreta tradicional blues e folk music. Como Loren Mazzacane Connors, outro guitarrista brilhante Youngs com quem tem mais em comum, tem recebido elogios pelos seus trabalhos originais e inovadores, lançando um fluxo constante de álbuns ao longo dos anos 90.
Talvez Ilk, o grupo que Youngs formou para estender as suas investigações no Rock Progressivo, um género com o qual mantém uma afeição profunda, seja o mais perto que chegou a um grupo rock standard. Formado em 1997 como um novo projecto solo, os Ilk eram de início vocalizados pelo pai de Youngs, Edward, um engenheiro agrónomo, e as letras eram de um amigo e colaborador, Andrew Paine. Desde então transformou-se num projecto do duo Youngs/Paine, com a dupla combinação pseudo-orquestrail em multipista de guitarra, bandolim, teclados, baixo, percussão e ‘narração’.
Youngs interessou-se por drones repetitivos, sound collages, gravações electrónicas, estranhos instrumentos de percussão, e até mesmo kazoos como acompanhamento para os seus improvisos de guitarra. A guitarra e um triste sentimento predominante de saudade, são as únicas constantes em execução através dos diferentes trabalhos de Youngs.
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