24/10/2009

ROBERT CRUMB - Fritz the Cat

Há 50 anos, Robert Crumb esboçava Fritz the Cat, longe de imaginar o sucesso que lhe traria uma personagem inspirada num gato que teve em criança e na personagem então criada para divertir as suas irmãs. Marco na história da banda desenhada "underground" norte-americana, de que muitos consideram Crumb o pai, Fritz é um animal que serviu ao autor para criticar de forma ácida e mordaz a América dos anos 60 e a sua cultura pop, em narrativas delirantes e politicamente incorrectas, em que tudo é questionado. Nas primeiras histórias, no traço de Crumb, ainda se reconhecem influências de Disney, mas, com o passar dos anos, emergiu o seu estilo impressivo, sujo e com os cenários bem preenchidos. Morador numa grande cidade, preguiçoso, egocêntrico, interesseiro, volúvel, sem princípios éticos ou morais, provocador de conflitos e desejoso de experiências sexuais com qualquer fêmea, independentemente da sua raça, o felino fez de Crumb tudo aquilo que ele não desejava: um autor respeitado e aclamado, com a sua criação transformada num objecto de desejo da sociedade de consumo. A boa aceitação da longa-metragem com o seu nome, dirigida por Ralph Bakshi, em 1972 - que foi o primeiro filme de animação a ser classificado para adultos nos EUA -, foi a gota de água que levou o desenhador a decidir acabar com ele. Isso sucederia nesse mesmo ano, em "The death of Fritz the Cat", em que o felino morre às mãos de uma ex-namorada, uma avestruz neurótica e enciumada, armada com um picador de gelo, ainda antes da estreia do segundo filme animado, "The nine lives of Fritz the Cat" (1974). Publicado inicialmente na revista "Help" e depois em alguns jornais e publicações "underground", "Fritz the cat", cujas histórias, pin-ups e ilustrações diversas continuam a ser reeditadas, fez uma breve aparição em Portugal, no jornal "Lobo mau" (1979).

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