A internet é hoje em dia o reflexo daquilo que somos para o bem e para o mal. Eu criei este blogue com o objectivo de falar sobre a cultura pop - musica, cinema, livros, fotografia, dança... porque gosto de partilhar a minha paixão, o meu conhecimento a todos. O meu amor pela música é intenso, bem como a minha curiosidade pelo novo. Como não sou um expert em nada, sei um pouco de tudo, e um pouco de nada, o gosto ultrapassa as minhas dificuldades. Todos morremos sem saber para que nascemos.
18/09/2009
Como é que ouves música?
Há uma semana, o Publico lançou esta pergunta aos fãs do Ípsilon no Facebook. Agora imprimiram as respostas.
Na casa e no trabalho continuo a ouvir música da mesma forma que antigamente, com a vantagem de ter acesso imediato àquilo que me apetece ouvir, sem ter de ir à loja ou ficar um mês à espera que determinado disco chegue (mas continuo a ir às lojas e a comprar discos). A grande diferença é que ouço mais discos menos vezes. Já dificilmente aparece "aquele" disco, não porque haja falta de qualidade, mas porque o acesso é tão fácil que até tira a pica. Por outro lado, assisto a muito mais concertos, em salas pequenas ou médias (mas deixei de ir a festivais e a concertos de grande envergadura, mesmo quando gosto muito do alinhamento), o que quer dizer que ando a dar cada vez mais importância ao acto performativo, à envolvência, etc. Agradeço à pirataria, ao colapso das editoras major e dos estudos de mercado, pois nos últimos tempos assisti ao vivo a bandas tão fantásticas como os Liars, Health, Shit and Shine, Animal Collective, Vetiver, e poderia teer assistido a outras como Sunn O))), Boris, Lightning Bolt, No Age, Earth, etc.
Paulo Couto, 30 anos
A música que ouço está sempre em formato mp3, que descarrego da Internet através de programas de partilha de ficheiros como o Soulseek. Ouço música no mp3 enquanto faço as minhas deslocações diárias. Em tempos de férias, disponho de mais tempo livre e o computador torna-se o instrumento de escuta escolhido. Não me ocorre sequer gastar dinheiro num CD ou vinil. Penso até que nunca o fiz. O mp3 oferece vantagens relativamente às outras plataformas existentes: é fácil de obter, gratuito e simples de armazenar/manipular. Os reprodutores de mp3 encontram-se no mercado a preços acessíveis e com grande capacidade de armazenamento. O facto de poder usar auscultadores é também um factor preponderante, pois permite-me ouvir a música onde e quando quiser (sem incomodar ninguém)."
César Marques, 18 anos
Eu cada vez ouço mais música em vinil. E tudo aponta para que o aumento das vendas do vinil e do mp3 engula o CD, que nunca foi particularmente visto com carinho. Comprar mp3 é algo que vai contra as minhas convicções, mas o myspace e o youtube são cada vez melhores formas de descobrir música hoje em dia."
André Gomes, 26 anos
A caminho do trabalho uso o telemóvel para ouvir rádio ou os últimos álbuns aos quais quero dedicar alguma atenção. No trabalho utilizo sempre o computador para ouvir rádio (que é quase uma companhia "silenciosa" porque na maior parte das vezes não presto atenção, e quando "desperto" deste hipnotismo é porque há uma música que fez a diferença). Em viagens longas, utilizo o leitor de mp3, onde armazeno o novo, e o sempre presente, músicas e álbuns que são quase muletas para certas fases de turbilhão existencial. Em casa, utilizo o leitor de CD e também ouço em vinil (felizmento tenho acervo herdado, que tento alimentar esporadicamente com os registos que considero mais marcantes). Quanto ao futuro, imagino dois perfis, que não serão mutuamente exclusivos... Um, o consumo dito massificado usará cada vez mais suportes multifunções, com várias opções integradas de acesso à internet (downloads, uploads, compra, venda, troca, identificação de lojas de música no percurso), isto num aparelho híbrido telemóvel-consola-palmtop-leitor-gps-etc. Dois, um perfil talvez mais purista, que procurará "conservar" os hábitos e suportes mais clássicos."
Samanta Velho, 29 anos
A música acompanha-me cada vez mais porque se tornou fácil transportar comigo todas as minhas músicas favoritas; por mais diversas que sejam as situações, tenho sempre à mão a "banda sonora" adequada. Já quase não me recordo de sair à rua sem a companhia do meu leitor de mp3, uma necessidade quase tão imprescindível como a própria carteira. Em casa dei um grande descanso à aparelhagem e ao velhinho sistema de som. Os CD foram "rippados" para mp3 e guardados, só em raras excepções saem da gaveta. E tornou-se mas esporádica a compra de novos álbuns no típico formato. Comprar mp3 é sem dúvida mais útil e fica bem mais em conta. Apenas em casos de edições especiais ou mais limitadas é que esse ritual ainda se mantém. Por outro lado, estou a pensar em investir num novo gira-discos e associar-me ao regresso do vinil. Um outro recurso que é frequente utilizar: as plataformas Web para descoberta e partilha de música. Estas redes são particularmente úteis porque permitem uma vasta descoberta de novos sons e um excelente contacto com os amigos e novas pessoas que partilham as nossas preferências."
Dulce Daniel, 26 anos
Em qualidade e diversidade, como ouvintes atentos nunca estivemos melhor - a Internet não faz o trabalho por nós, mas funciona como um par de ouvidos extra. Nos últimos dez anos, o interesse pela música menos popular foi incrementado pela Internet, e geraram-se cultos que quase não se viam referidos na maioria da imprensa escrita, ou pelo menos não à velocidade da Web. Eu continuo a ouvir música através do PC convertido em sistema de áudio ou do mp3, e não mudarei radicalmente nos próximos anos; para mim o importante continua a ser a qualidade da canção e o meu desejo intenso e diário de descobrir novas coisas. Nunca fui fã de concertos, mas em relação à música ao vivo penso que o frenesim é o mesmo de há 50 anos. Do ponto de vista "fashionista", não admira que os "headphones" se tornem cada vez maiores ou menores, conforme as tendências de moda, ou que os dispositivos de armazenamento pareçam quase peças de vestuário diário. Metade do interesse gerado pela música transferiu-se para o desejo de possuir o último modelo de leitor mp3, com a última função "high tech" ou outro qualquer dispositivo de audição."
Carlos Abreu, 27 anos
Actualmente ouço música sobretudo a partir do formato mp3. Trabalho essencialmente ao computador e como tenho a sorte de poder ouvir música enquanto trabalho, os softwares de reprodução de mp3, juntamente com os auscultadores, são o meio preferencial.
O leitor de mp3 também me acompanha em deslocações a pé, a fazer desporto e quando quero ouvir música em casa sem incomodar ninguém. Há cerca de 3 anos voltei a comprar vinil, mas não regularmente. CD já não compro, a menos que estejam a um preço mesmo interessante e ainda assim penso sempre duas ou três vezes. Prefiro o vinil ao CD, e só compro álbuns de que realmente gosto. Não me passa pela cabeça comprar um vinil sem antes o ter ouvido vezes sem conta em mp3. Na verdade, agora que penso nisto, o álbum físico está a ganhar na minha vida um estatuto de objecto que gosto de ter para guardar e ouvir de vez em quando. Não são raras as vezes em que, por circunstâncias várias, estou em casa a ouvir um álbum via mp3 e ele está na estante do vinil."
Sofia Pinto, 26 anos
"Oiço música de forma descartável, sem muito tempo para ouvir duas vezes, porque, só hoje, já saíram 3 músicas que são a nova "cena"..."
Hugo Alves, 28 anos
"Como ouvinte de música considero-me um indefinido, já que ouço música nos vários formatos: vinil em casa, CD no carro, ipod nas viagens e mp3 no trabalho.
Na próxima década julgo que a música em formato digital vai continuar a aumentar o seu peso na indústria musical; o actual "revival" do vinil continuará e os CD serão os grandes derrotados. Nos próximos tempos, estas edições "deluxe", que têm aumentado exponencialmente, ajudarão a manter algum interesse no CD, mas mais tarde ou mais cedo passarão a ser um formato marginal. Apesar de tudo, acredito que, tal como o vinil, os CD não irão desaparecer por completo. É complicado prever até onde vai o processo revolucionário em curso, mas, analisando a evolução, qualquer dia haverá alguma coisa que seja mais atractivo que os leitores de mp3 e afins. Uma coisa é certa: a indústria musical nunca mais será a mesma e a maneira de promover os artistas terá de ser forçosamente diferente".
João Oliveira, 24 Anos
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