18/07/2009

ORFEU E EURYDICE

A coreógrafa canadiana Marie Chouinard transforma a narratividade do mito antigo de Orfeu e Eurídice em emoções e sensações, jogando com as noções de liberdade, de transcendência e de superação do corpo, reivindicando a totalidade do mesmo. Orfeu o poeta dos poetas. Na mitologia grega, Orfeu era poeta e músico, filho de Apolo, e da musa Calíope. Era o músico mais talentoso que já viveu. Quando tocava a sua lira, os pássaros paravam de voar para escutar, e os animais selvagens perdiam o medo. As árvores curvavam-se para pegar os sons no vento. Orfeu apaixonou-se por Eurídice e casou-se com ela. Mas Eurídice era tão bonita que, pouco tempo depois do casamento, atraiu um apicultor chamado Aristeu. Quando ela recusou as suas atenções, ele perseguiu-a. Tentando escapar tropeçou numa serpente que a picou e matou-a. Por causa disso, as ninfas, companheiras de Eurídice, fizeram todas as suas abelhas morrerem. Orfeu ficou transtornado de tristeza. Levando a sua lira, foi até o Mundo dos Mortos, para tentar trazê-la de volta. A canção pungente e emocionada da sua lira convenceu o barqueiro Caronte a levá-lo vivo pelo rio Estige. A canção da lira adormeceu Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões. Seu tom carinhoso aliviou os tormentos dos condenados. Finalmente Orfeu chegou ao trono de Hades. O rei dos mortos ficou irritado ao ver que um vivo tinha entrado no seu domínio, mas a agonia na música de Orfeu comoveu-o, e ele chorou lágrimas de ferro. A sua esposa, a deusa Perséfone, implorou-lhe que atendesse o pedido de Orfeu. Assim, Hades atendeu o seu desejo. Eurídice poderia voltar com Orfeu ao mundo dos vivos. Mas com uma única condição: não olhasse para ela até que ela, estivesse outra vez à luz do sol. Orfeu partiu pela trilha íngreme que o levava para fora do escuro reino da morte, tocando músicas de alegria e celebração enquanto caminhava, para guiar a sombra de Eurídice de volta à vida. Ele não olhou nenhuma vez para trás, até atingir a luz do sol. Mas então virou-se, para se certificar de que Eurídice o estava seguindo. Por um momento ele viu-a, perto da saída do túnel escuro, perto da vida outra vez. Mas enquanto ele olhava, ela tornou-se de novo num fino fantasma (ou em outras versões uma estátua de sal),o seu grito final de amor e pena não mais do que um suspiro na brisa que saía do Mundo dos Mortos. Havia-a perdido para sempre. Em desespero total, Orfeu ficou amargo. Recusava-se a olhar para qualquer outra mulher, não querendo lembrar-se da perda da sua amada. Posteriormente deu origem ao Orfismo, uma espécie de serviço de aconselhamento baseado na doutrina espírita, ajudava muito os outros com os seus conselhos , mas não conseguia resolver os seus próprios problemas, até que um dia,furiosas por terem sido desprezadas, um grupo de mulheres selvagens chamadas Mênades caíram sobre ele, frenéticas, atirando dardos. Os dardos de nada valiam contra a música do lirista, mas elas, abafando sua música com gritos, conseguiram atingi-lo e mataram-no. Depois despedaçaram o seu corpo e atiraram a sua cabeça cortada no rio Hebro, e ela flutuou, ainda cantando, "Eurídice! Eurídice!" Chorando, as nove musas reuniram os seus pedaços e os enterraram no monte Olimpo. Dizem que, desde então, que os rouxinóis das proximidades cantaram mais docemente que os outros. Pois Orfeu, na morte, se uniu à sua amada Eurídice. Quanto às Mênades, que tão cruelmente mataram Orfeu, os deuses não lhes concederam a misericórdia da morte. Algumas interpretações deste mito, dizem que as pessoas que se dedicam a ajudar os outros, (Psicologia, psiquiatria, assistente social e até mesmo aqueles que fazem muita caridade), são pessoas que reconhecem que sofrem ou sofreram algum problema grave e agora buscam estas áreas tentando evitar que os outros, sofram o que eles sofreram, ou seja, é aquele que cura mas que não consegue se auto curar.Dizem ainda que no fundo essas pessoas estão se auto enganando, pois evitar que os outros sofram, não vai apagar o que eles mesmos sofreram.

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