Há espaço para as obras icónicas que ilustram a evolução do seu alter-ego - Mr. DOB -; para tal criou o alter-ego Mr. DOB, uma personagem que reúne elementos da pop art, manga e anime. Inspirou-se na mascote da Sega, o Sonic, e na conhecida personagem de manga Doraemon, os projectos inspirados nos otaku (termo japonês que designa os fanáticos de manga e anime); os trabalhos que criou com a sua empresa Kaikai Kiki; e para as criações em parceria com a Louis Vuitton, que nesta mostra tem direito a uma loja.
A carreira de Takashi Murakami nas artes começou de forma tradicional. Tirou um curso na Universidade Nacional de Belas Artes e Música de Tóquio, onde aprendeu nihonga, um estilo de pintura japonesa do séc. XIX. O seu lado mais moderno e contemporâneo surgiu na década de 90, com a ajuda do amigo e artista Masato Nakamura. Mas desde a infância que Murakami era influenciado por outros mundos. O pai, que trabalhava numa base naval nos EUA, dava-lhe a conhecer a arte norte-americana, que o deixava fascinado. Gostava de Hollywood - George Lucas e Steven Spielberg, em particular -, dos desenhos animados de Walt Disney e, sobretudo, da pop art de Andy Warhol. Por isso não é de estranhar que a sua arte seja uma mistura entre a cultura tradicional japonesa, as correntes mais contemporâneas como o manga e o anime, e as cores vivas da pop art. Em menos de uma década o seu ADN ("ZuZaZaZaZaZa", 1994) passou a ser uma figura redonda com diferentes olhos e um grande sorriso ("DOB's March", 1995), transformou-se numa criatura feroz com dentes aguçados e olhos inquietantes ("The Castle of Tin Tin", 1998), para depois se tornar num monstro gigantesco com dentes aguçados e com substâncias grotescas a sair da boca, que se confundem com as figuras circundantes e a própria baba ("Tan Tan Bo Puking - a.k.a. Gero Tan", 2002). Nesta última obra a narrativa pictórica de Murakami pode ser vista como alegoria da insaciável necessidade de consumo da sociedade. O bem, o mal, a doçura e a perversão, o humor e a denúncia social estão lá. É recorrente encontrar nos seus trabalhos imagens amáveis de cores vivas, flores pop e sorridentes, com duplos significados. Por exemplo, as setas multicores presentes em muitas das suas obras podem ser interpretadas de duas formas: como "uma referência às bombas atómicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasáqui, aos órgãos genitais masculinos, e uma referência às alucinações induzidas pelas drogas". A união do pop com a cultura japonesa é ainda visível noutros projectos de Murakami. O artista chegou mesmo a inventar o termo "poku", para definir a junção do pop e do otaku. A obra de grande escala "PO + Ku Surrealism Mr. DOB", criada em 1998, é o exemplo máximo desta sinergia: um fundo monocromático de onde rompem várias imagens animadas de olhos exorbitados e dentes afiados. No que toca às esculturas, a "marca" Murakami mostra mais uma vez as suas influências. O destaque da mostra de Bilbau vai para "Miss ko2" (1997), uma boneca-manga-vestida-de-empregada que ambiciona ser cantora de música pop; para o "Inochi" (2004), figura adaptada da personagem E.T., do realizador norte-americano Steven Spielberg;A internet é hoje em dia o reflexo daquilo que somos para o bem e para o mal. Eu criei este blogue com o objectivo de falar sobre a cultura pop - musica, cinema, livros, fotografia, dança... porque gosto de partilhar a minha paixão, o meu conhecimento a todos. O meu amor pela música é intenso, bem como a minha curiosidade pelo novo. Como não sou um expert em nada, sei um pouco de tudo, e um pouco de nada, o gosto ultrapassa as minhas dificuldades. Todos morremos sem saber para que nascemos.
02/05/2009
Takashi Murakami - o Andy Warhol japonês
Takashi Murakami é conhecido como o Andy Warhol japonês. O Guggenheim de Bilbau recebe, até final de Março, uma exposição retrospectiva do artista. São cerca de 90 obras que dão a conhecer a arte-manga-com-influência-pop que já conquistou o mundo da arte, da moda e da música.
Aos 46 anos Takashi Murakami é considerado "um dos artistas japoneses mais influentes das últimas décadas", segundo o Museo Guggenheim Bilbao. Os factos confirmam-no. A marca de luxo Louis Vuitton já se rendeu à sua arte; a Levis, a Kangol e a Nissan idem. O cantor Kanye West também. O motivo? As obras pictóricas, que "aliam motivos da cultura pop a características estilísticas da arte tradicional japonesa". A exposição ©Murakami, patente no Guggenheim Bilbao, é uma boa oportunidade para compreender por que o trabalho do artista atrai tão vasta audiência. Só terá de rumar à cidade basca. A mostra, organizada pelo The Museum of Contemporary Art de Los Angeles (MOCA), esteve no Brooklyn Museum de Nova Iorque, em Abril de 2008, e no Museum für Moderne Kunst em Frankfurt, em Setembro, e chega agora a Bilbau, onde deverá terminar o itinerário pelo mundo de Murakami.
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