03/04/2009

Caso de Josef Fritzl inspira sátira polémica em Viena

Menos de um ano depois de a polícia ter capturado o austríaco que sequestrou durante 24 anos a filha estreou em Viena uma sátira para denunciar o sensacionalismo e a forma abusiva como a imprensa noticia estas histórias A história dos Fritzl já foi drama e tragédia e a partir de agora é também comédia. Menos de um ano depois de a polícia ter capturado o austríaco que sequestrou durante 24 anos a filha e teve com ela sete crianças, o encenador Hubsi Kramar estreou em Viena uma sátira que parte deste caso para denunciar o sensacionalismo com que a imprensa noticia estas histórias. A polémica estalou logo em Janeiro, altura em que Kramar - um actor que em 2000 chocou Viena ao tentar entrar no baile da ópera vestido de Adolf Hitler - anunciou que estava a preparar uma peça baseada na história de Josef Fritzl. O 3raum-anatomietheater, uma pequena sala de espectáculos da capital, foi vandalizado, o encenador recebeu ameaças de morte e a peça, inicialmente baptizada de "Pensão Fritzl - uma novela de cave", passou a chamar-se "Pensão F". Como no caso de Amstetten, a pequena cidade onde Fritzl vivia, a controvérsia atraiu a imprensa e o encenador aproveitou a sala cheia para inverter os papéis e confrontar os jornalistas com a abordagem predadora que costumam adoptar, segundo defende. A correspondente da BBC que assistiu à peça contou como as imagens dos espectadores, captadas por um intrusivo operador de câmara, eram difundidas num ecrã gigante no palco, frente aos actores sentados num sofá. "Agora somos nós a audiência", ironizou Kramar, com um pequeno bigode a lembrar o de Fritzl. O espectáculo é composto por sketches e músicas que satirizam a forma como as vítimas de violência são abusadas pelos próprios media. Num deles, relata a jornalista da BBC, uma "estilista de vítimas" tenta dar um ar mais sexy a uma mulher que se prepara para contar a sua história frente às câmaras. Noutro, uma vítima com um saco de papel na cabeça é sucessivamente interrompida quando tenta contar a sua história. Kramar garante não ter tido contacto com a família de Fritz (a recuperar numa clínica dos longos anos de cativeiro) e diz que o seu objectivo é denunciar o voyerismo de uma sociedade falsamente conservadora e a hipocrisia da imprensa, que usa o "interesse humano" para "esconder vergonhosos interesses económicos". E avisa: esta "perfeita sátira aos media" é um trabalho inacabado, que vai evoluir durante o julgamento de Josef Fritzl, com início marcado para o próximo dia 16. "A imprensa está a escrever o guião e eu vou reagir", explicou, citado pelo "The Guardian". Apesar de pedir o fim da exploração mediática dos casos de abusos, a peça - que inclui no elenco algumas vítimas - termina com um apelo à denúncia de casos de pedofilia e exploração sexual. "Os casos de [Natascha] Kampusch e de Fritzl são excepções, muitos outros casos continuam por contar", afirmou.

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