23/01/2009

JOANA VASCONCELOS

"Ser artista é criar o seu próprio formulário" frase de Joana Vasconcelos que nasçeu em Paris, a 8 de Novembro de 1971,e veio com três anos para Portugal,os pais estavam exilados, era fotógrafo,e tinha uma casa de artes gráficas,onde fazia edições de revistas e jornais. Expõe regularmente desde 1994, é artista plástica contemporânea, considerada como uma das mais marcantes da última década. Formou-se no AR.CO, em 1996. Tem feito um percurso internacional que não faz parte das estruturas nacionais. Fêz desenho e joalharia, trabalha frequentemente em esculturas inspiradas em objectos banais do quotidiano, e em instalações. A sua mais famosa obra, Nectar, com sete metros de altura e três de diâmetro um castiçal feito de garrafas de vidro no Japão com garrafas de saquê, pertence à Colecção Berardo e está exposta no Museu Colecção Berardo, instalado no CCB.
Muitos dos seus trabalhos estão patentes em colecções privadas europeias.O tampão, o crochet, o garfo, a garrafa são internacionais, é uma linguagem globalizada, tem a ver com as mulheres de todo o mundo. Em 2006, fêz A Ilha dos Amores com umas esculturas de cimento cobertas de renda que eram as Cariátides. Pensei no Canto Nono d’Os Lusíadas, que ninguém podia ler na escola, aquele em que a recompensa dos navegadores se dava numa ilha cheia de ninfas e deusas. As mulheres eram um prémio, e no terrorismo o motivo ainda é o mesmo. A mulher é a moeda de troca para os grandes feitos dos homens de Camões. Até hoje, não mudou, refere Joana. Na Bienal de Veneza, em 2005, a artista representou Portugal com A Noiva, e surpreendeu com um lustre de 4,70m, mas que ao invés de ser de cristal ou de vidro, foi construído por 40 mil tampões higiénicos.
As suas obras incluem uma sandália gigante feita de tachos e panelas,o sapato é feito da panela 16 que é a panela do arroz, e para que a tampa da panela seja uma lantejoula ampliou a peça à escala. Para isso usou 149 panelas e 266 tampas. A sua famosa Burka com motor,inspirada nas sete sais das mulheres da Nazaré,(a obra precisou de doze pessoas para ser instalada no local),o sofá de tabletes de aspirina, uma cama de comprimidos de valium, ponto de encontro de 2000 um carrossel com cadeiras que criou para o Museu de Serralves, valquíria III,de 2004, fazem parte de algumas das suas obras. Eu a primeira vez que vi uma obra de Joana Vasconcelos foi em Serralves, na exposição descoberta de novos talentos,onde vençeu o prémio EDP/Novos Artistas, em 2000. Actualmente no Museu de Arte Contemporânea de Elvas estão em exposição obras de vários artistas, entre eles Joana Vasconcelos. Aberta desde 17 de Janeiro conta com várias obras de artistas como Pedro Cabrita Reis, Rosa Almeida, Adriana Molder, André Gomes, de Pedro Proença, Rui Chafes e Rui Sanches, entre outros. Joana Vasconcelos apresenta a peça «Noiva» e «Cama –Valium». "Dizer a verdade nem sempre é cómodo. Há velaturas, há tanta coisa que a nossa tradição do véu impede de exprimir. Por isso fiz A Burka com sete saias da Nazaré por baixo. Disseram que eu estava maluca. Tem um motor, um mecanismo que faz subir a Burka, como se fosse a Ascensão de Nossa Senhora, e depois cai" “Trabalho a recontextualização desses objectos que toda a gente tem em casa. Trabalho-os para a contemporaneidade, dou-lhes uma nova forma.”
"Sou feminista, criticando as mulheres. A mulher está sempre a trabalhar no interior, está perdida no seu interior, começa a descobrir que existem outras coisas. O objectivo é o pensamento, através da inteligência. Critico as mulheres que mantêm o discurso feminista, que é conservador, que não evoluiu".
"As pessoas ou procuram saber ou dizem logo mal. A minha crítica é que sou “aquela do crochet”, sou igual a todas as que ficaram fechadas em casa, que não podiam sair, estudar, trabalhar. Sou criticada pelas mulheres. Não tenho galerista cá, nem agente ".

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