Rothko entusiasmou-se ao ponto de procurar um novo estúdio até encontrar o tal ex-ginásio no número 222 da Bowery, com altíssimo pé direito. E em Julho começou a trabalhar na série - grandes telas com fundos espessos em vermelho, carmim, castanho, negros, com rectângulos equadrados mais escuros ou mais claros, como janelas ou cortes.
Depois dos seus primeiros anos figurativos, Rothko explicou que figurar era sempre mutilar, porque é impossível pintar verdadeiramente uma figura. Quis encontrar outra forma mais satisfatória, que temporariamente passou por figuras mitológicas, até chegar às grandes manchas geométricas de cor que o tornaram célebre.
Rothko terminou os Murais Seagram em Maio de 1959 e partiu em viagem à Europa, para visitar família. Foi então, ao tirar o passaporte, que mudou oficialmente de nome. E quando voltou pôs fim ao envolvimento com o Four Seasons - devolveu dinheiro e ficou com os quadros. Como diz o curador da actual exposição na Tate, Achim Borchardt-Hume, até hoje correm diversas versões sobre a reviravolta de Rothko. Há quem diga que inicialmente o artista estava convencido de que o Four Seasons não iria ser um exclusivíssimo restaurante, mas sim uma cantina para os empregados do arranha-céus. Outros acreditam que a mancha inquietante das telas era afrontosa para os milionários que as tinham encomendado. A citação de Rothko que ficou para a Wikipédia, e também está no catálogo da exposição, é esta: "Espero pintar algo que arruíne o apetite de cada filho da puta que alguma vez coma naquela sala."
Sem comentários:
Enviar um comentário