A internet é hoje em dia o reflexo daquilo que somos para o bem e para o mal. Eu criei este blogue com o objectivo de falar sobre a cultura pop - musica, cinema, livros, fotografia, dança... porque gosto de partilhar a minha paixão, o meu conhecimento a todos. O meu amor pela música é intenso, bem como a minha curiosidade pelo novo. Como não sou um expert em nada, sei um pouco de tudo, e um pouco de nada, o gosto ultrapassa as minhas dificuldades. Todos morremos sem saber para que nascemos.
31/12/2008
MARK ROTHKO
Os Murais Seagram são um "caso" da pintura do século XX. Mark Rothko pintou-os para um restaurante luxuoso de Nova Iorque, depois devolveu o dinheiro da encomenda e ficou com eles. Acabaram espalhados pelo mundo. Uma exposição na Tate Modern junta uma boa parte.
Entre 1958 e 1959, num antigo ginásio da baixa de Nova Iorque, Mark Rothko criou uma série de telas que se tornaram um caso na pintura do século XX. O autor, nascido na Rússia, em 1903, numa família judia, chegara a América de barco, com 10 anos. Quando acabou de pintar essa série mudou oficialmente o nome de Marcus Rothkowitz para Mark Rothko.
Que acontecera, entretanto, entre 1958 e 1959? Elvis Presley foi incorporado no Exército e os franceses elegeram De Gaulle. A Síria e o Egipto juntaram-se na República Árabe Unida. Em Notting Hill explodiram motins raciais. Morreu o primeiro humano com HIV no Congo. Fidel Castro tomou o poder em Cuba e o Dalai Lama saiu do Tibete para o exílio. 9235 cientistas publicaram um apelo contra testes nucleares e o Alaska tornou-se um dos Estados Unidos da América. Nos cinemas, foi a época de "Gata em Telhado de Zinco Quente" e de "Vertigo". Publicaram-se "Breakfast at Tiffany's", de Truman Capote, "A Condição Humana", de Hannah Arendt, "O Teatro e o Seu Duplo", de Artaud, "Naked Lunch", de William Burroughs, "Doutor Jivago", de Boris Pasternak.
Este era o mundo enquanto Mark Rothko, fechado no seu estúdio da Bowery, onde antes treinavam equipas de basquete, pintou a sequência de telas que ficou conhecida como Murais de Seagram.
E meio século depois - agora -, uma exposição em Londres junta pela primeira vez o maior número destas telas jamais reunido, tentando reconstituir o que estaria na cabeça de Rothko quando as pintou.
Pela primeira vez, porque esta série, concebida para ser vista como um todo, acabou estilhaçada entre Londres, Washington e Japão - o Kawamura Memorial Museum of Art tem nada menos que cinco pinturas, e é o parceiro decisivo da exposição que pode ser vista até 1 de Fevereiro. Entre mais de 60 obras expostas, os Murais de Seagram são o eixo e o chamariz.
Seagram é um famoso edifício na Park Avenue, em Nova Iorque, concebido por Mies Van der Rohe, em colaboração com Philip Johnson. O projecto incluía o restaurante Four Seasons, até hoje um símbolo de requinte. Jonhson e a herdeira do império Seagram, também arquitecta, convidaram Mark Rothko a pintar os murais para as paredes. A encomenda significava reputação, dinheiro e a possibilidade de trabalhar uma série de grandes dimensões.
Rothko entusiasmou-se ao ponto de procurar um novo estúdio até encontrar o tal ex-ginásio no número 222 da Bowery, com altíssimo pé direito. E em Julho começou a trabalhar na série - grandes telas com fundos espessos em vermelho, carmim, castanho, negros, com rectângulos e quadrados mais escuros ou mais claros, como janelas ou cortes.
Depois dos seus primeiros anos figurativos, Rothko explicou que figurar era sempre mutilar, porque é impossível pintar verdadeiramente uma figura. Quis encontrar outra forma mais satisfatória, que temporariamente passou por figuras mitológicas, até chegar às grandes manchas geométricas de cor que o tornaram célebre.Rothko:1903-1970.
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