Ivo Andrić, prémio Nobel de Literatura, nasceu na Bósnia em 1892. Desde jovem mostrou grande interesse na política da sua época. Torna-se membro do movimento nacionalista progressista Mlada Bosna (Bósnia Jovem), e chega mesmo a ser preso por suspeita de conspiração no assassinato do Arquiduque Francisco Fernando, que despoletaria a I Grande Guerra. É dentro dos muros da prisão de Maribor que «humilhado como um verme» escreve os seus primeiros poemas em prosa. A partir de 1920 inicia uma brilhante carreira diplomática que o leva a exercer cargos de destaque em cidades como Madrid, Viena, Bucareste, Paris e Genéva ao mesmo tempo que vai publicando contos, poemas e relatos de viagem (como, por exemplo "Portugal, zelena zemlja" – «Portugal, terra verde») em importantes revistas literárias. Completa os estudos universitários defendendo uma tese sobre o desenvolvimento da vida espiritual na Bósnia sob o domínio Turco. Em 1944 publica o seu primeiro romance «A ponte sobre o Drina».Em 1955 é publicado «O pátio maldito». É galardoado com o prémio Nobel de literatura em 1961. Morre em 1975, na Jugoslávia de Tito, com quem mantinha relações próximas.Para além de «O pátio maldito», publicado em mais de vinte países, destacam-se ainda na obra de Ivo Andrić os romances «Crónica Bósnia» e «A mulher de Sarajevo». Frei Petar, monge bósnio cristão, é preso por engano e encarcerado na prisão de pior reputação duma Istambul, então Constantinopla, capital do Império Otomano: «O pátio maldito». Nesta, cruzam-se assassínos, violadores, assaltantes, conspiradores, mas também inocentes e falsos acusados de todas as classes e religiões, cada qual com um percurso, uma história e várias mentiras.No «pátio maldito», o frade vai conhecendo as histórias dos seus companheiros de infortunio. A sua voz vai-se diluíndo nos muitos relatos dos outros prisioneiros até desaparecer entre as diversas histórias que ouve, as mentiras que cada um inventa e as diferentes noções de justiça e de realidade... Entre ódios e recordações vão-se misturando presente e passado, realidade e ficção, numa história de histórias.Uma notável metáfora sobre a harmonia entre os homens em condições adversas.
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