Rock Rendez Vous 1980-1990
Entre Dezembro de 1980 e Julho de 1990 o Rock Rendez Vous serviu de rampa de lançamento para a modernidade rock portuguesa. Foi no palco da Rua da Beneficência, em Lisboa, que bandas como os Xutos e Pontapés, Heróis do Mar ou Mão Morta deram alguns dos seus mais memoráveis concertos.
« O RRV foi das melhores coisas que aconteceu à música portuguesa da minha geração ». Zé Pedro, Xutos e Pontapés.
« O RRV era o clube rock! Para quem vivia fora de Lisboa e tinha notícias da capital através dos jornais, o RRV era uma espécie de CBGB, o sítio onde se tinha de tocar porque só depois de se passar pelo RRV é que se existia ». Adolfo Luxúria Canibal, dos Mão Morta.
O futuro dos Xutos e Pontapés foi, talvez como o de nenhuma outra banda, construído no RRV, não apenas por ali terem recrutado argumentos para a própria banda, como foi o caso de João Cabeleira, que depois de sair dos Vodka Laranja foi convidado a ingressar nos Xutos ali mesmo na sala, após um concerto, mas também porque foram a banda que mais concertos e maiores enchentes ali registou. .O álbum 1º de Agosto ao Vivo no Rock Rendez Vous é o mais sólido documento dessa ligação «O concerto do RRV que mais me marcou», revela Luís Varatojo, então nos Peste & Sida, «foi o dos Xutos & Pontapés a 31 de Julho de 1986. Os Xutos eram a melhor banda portuguesa nessa altura, davam grandes concertos. O som dos Xutos era o som do RRV, tinha a ver com aquela sala e com aquele ambiente, era um casamento perfeito».
Como é claro, nem toda a gente pinta de cor de rosa (ou negro…) as memórias do RRV. António Manuel Ribeiro, que com os seus UHF tocou 13 vezes naquele clube, não tem problemas em pedir escusas a um sentimento mais «politicamente correcto» e afirma não guardar grande imagem daquele clube: «Com o decorrer do tempo somos levados a maquilhar as situações porque, amiúde, o saudosismo pesa». Ainda assim, confessa guardar dois momentos especiais em relação àquela sala: «Um concerto dos Xutos que nós fomos apoiar e a meio o amplificador do Tim deu o berro. Como não havia um substituto no RRV, eu e o Peres fomos buscar o nosso à sala de ensaios na Costa da Caparica. Houve um intervalo com música ambiente e depois o concerto prosseguiu. E, em Janeiro de 1989, demos aquele que seria o último grande espectáculo com a sala esgotada. Estávamos a promover o LP Em Lugares Incertos e a RFM estava a gravar para transmitir em directo». À beira dos anos 90, os ânimos ainda não tinham esmorecido: «a dada altura tiraram-me do palco, andei por cima das cabeças, ficaram-me com a camisa e devolveram-me de novo ao palco – mosh e grunge antes de Seattle. Mas também lá demos espectáculos com 20 pessoas, quando nos pediam dois dias antes para taparmos o buraco de uma desistência e a promoção falhava. Mas o Pita, que dirigia o espaço, era e é um amigo e aos amigos diz-se presente».
Sérgio Noronha, actualmente a desempenhar funções de direcção na SIC Música, era também jornalista na época áurea do RRV e recorda igualmente o ambiente afável desse clube: «O ambiente era muito de clã: toda a gente se conhecia. Mas recebiam de braços abertos os “newcomers”, parecendo até que tinham convertido mais uns apóstolos». Sérgio recorda-se do último comboio no Cais de Sodré para a Linha e como era possível identificar as «tribos»: «a malta vestida de preto, cabelo espetado, eyeliner e gabardines vinha do RRV e do Bairro Alto – da Jukebox e do Rock House; os friques vinham do Jamaica; em Alcântara entravam os betinhos que vinham do Bananas».
Entre Dezembro de 1980 e Julho de 1990 o Rock Rendez Vous serviu de rampa de lançamento para a modernidade rock portuguesa. Foi no palco da Rua da Beneficência, em Lisboa, que bandas como os Xutos e Pontapés, Heróis do Mar ou Mão Morta deram alguns dos seus mais memoráveis concertos.
« O RRV foi das melhores coisas que aconteceu à música portuguesa da minha geração ». Zé Pedro, Xutos e Pontapés.
« O RRV era o clube rock! Para quem vivia fora de Lisboa e tinha notícias da capital através dos jornais, o RRV era uma espécie de CBGB, o sítio onde se tinha de tocar porque só depois de se passar pelo RRV é que se existia ». Adolfo Luxúria Canibal, dos Mão Morta.
O futuro dos Xutos e Pontapés foi, talvez como o de nenhuma outra banda, construído no RRV, não apenas por ali terem recrutado argumentos para a própria banda, como foi o caso de João Cabeleira, que depois de sair dos Vodka Laranja foi convidado a ingressar nos Xutos ali mesmo na sala, após um concerto, mas também porque foram a banda que mais concertos e maiores enchentes ali registou. .O álbum 1º de Agosto ao Vivo no Rock Rendez Vous é o mais sólido documento dessa ligação «O concerto do RRV que mais me marcou», revela Luís Varatojo, então nos Peste & Sida, «foi o dos Xutos & Pontapés a 31 de Julho de 1986. Os Xutos eram a melhor banda portuguesa nessa altura, davam grandes concertos. O som dos Xutos era o som do RRV, tinha a ver com aquela sala e com aquele ambiente, era um casamento perfeito».
Como é claro, nem toda a gente pinta de cor de rosa (ou negro…) as memórias do RRV. António Manuel Ribeiro, que com os seus UHF tocou 13 vezes naquele clube, não tem problemas em pedir escusas a um sentimento mais «politicamente correcto» e afirma não guardar grande imagem daquele clube: «Com o decorrer do tempo somos levados a maquilhar as situações porque, amiúde, o saudosismo pesa». Ainda assim, confessa guardar dois momentos especiais em relação àquela sala: «Um concerto dos Xutos que nós fomos apoiar e a meio o amplificador do Tim deu o berro. Como não havia um substituto no RRV, eu e o Peres fomos buscar o nosso à sala de ensaios na Costa da Caparica. Houve um intervalo com música ambiente e depois o concerto prosseguiu. E, em Janeiro de 1989, demos aquele que seria o último grande espectáculo com a sala esgotada. Estávamos a promover o LP Em Lugares Incertos e a RFM estava a gravar para transmitir em directo». À beira dos anos 90, os ânimos ainda não tinham esmorecido: «a dada altura tiraram-me do palco, andei por cima das cabeças, ficaram-me com a camisa e devolveram-me de novo ao palco – mosh e grunge antes de Seattle. Mas também lá demos espectáculos com 20 pessoas, quando nos pediam dois dias antes para taparmos o buraco de uma desistência e a promoção falhava. Mas o Pita, que dirigia o espaço, era e é um amigo e aos amigos diz-se presente».
Sérgio Noronha, actualmente a desempenhar funções de direcção na SIC Música, era também jornalista na época áurea do RRV e recorda igualmente o ambiente afável desse clube: «O ambiente era muito de clã: toda a gente se conhecia. Mas recebiam de braços abertos os “newcomers”, parecendo até que tinham convertido mais uns apóstolos». Sérgio recorda-se do último comboio no Cais de Sodré para a Linha e como era possível identificar as «tribos»: «a malta vestida de preto, cabelo espetado, eyeliner e gabardines vinha do RRV e do Bairro Alto – da Jukebox e do Rock House; os friques vinham do Jamaica; em Alcântara entravam os betinhos que vinham do Bananas».
1 comentário:
Sprung Aus Der Wolken... tb lá estive.
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