Foi um concerto brilhante e capaz de nos transportar para tempos que não vivemos em primeira mão: na face austera de Cave adivinhamos os tempos dos Birthday Party; nas descidas alucinantes ao público, com os fãs, em êxtase, a segurarem-lhe nas pernas. Conseguimos quase imaginar-nos nas noites históricas dos anos 80 e 90 a que não assistimos.
Arranque glorioso da segunda edição do Optimus Primavera Sound muito por culpa dos concertos de, por ordem crescente, Dead Can Dance, James Blake e Nick Cave & The Bad Seeds que fizeram esquecer o muito frio.
A versão 2013 do Optimus Primavera Sound destaca-se desde logo no lado direito de quem entra onde as ofertas gastronómicas não encontram rival em qualquer outro festival. Um verdadeiro luxo calórico com as francesinhas do Cufra, as bifanas da Conga, os biscoitos da Ribeiro e o pernil em pão do Guedes, que ganha de longe no título de maior eterna fila durante toda a noite.
Dia histórico no Parque da Cidade da Porto, o Optimus Primavera Sound viveu a madrugada mais intensa e emotiva da sua curta vida com a celebração de vida dos Blur perante a maior enchente que já se viu no recinto.
As manas Deal vieram mostrar o quanto vale ainda «Last Splash», disco com 20 anos e que é mais conhecido como o disco onde está «Cannonball».
Os Dead Can Dance não desiludiram ninguém, e havia muita gente para os ver, mas facilmente se imagina temas como «Children of the Sun», «Opium» ou «Amnesia» em local mais recatado e intimista
Os Deerhunter confirmaram em palco o bom momento de inspiração que mostram no recente disco «Monomania» sem esquecerem «Halcyon Digest», álbum que fez furor em 2010. Os norte-americanos convenceram e foram aprovados pelos muitos resistentes ao frio e ao cansaço.
James Blake pelas 3 da manhã é um figura incrível a aparecer nos ecrãs que ladeiam o palco, ar de menino bem comportado e expressões tranquilas de quem está concentrado na sua música encantadora. Ouvimos ao nosso lado alguém dizer que o timbre da voz marca toda a diferença, não ultrapassa os limites aceitáveis de um Antony Hegarty, por exemplo, e mantém-se no domínio do fascinante.
James Blake já andou meio perdido num palco secundário do Alive, intimista no Tivoli de Lisboa, agora no seu auge, seguro e com um reportório forte que resulta num alinhamento convincente. Podia ir para palco com o seu laptop e cantar por cima de camadas instrumentais pré-gravadas mas prefere uma experiência mais orgânica rodeando-se de bons músicos que dão vida a «Digital Lions», «To The Last» ou «Limit To Your Love»
Ao terceiro dia o frio foi-se, o Sol brilhou ainda com mais intensidade e chegaram as guitarras desbravadas, endiabradas e possessas, guiando o muito menos publico?? do que na vespera.?
No palco ATP, os Mão Morta assinam um concerto cheio de nervo e retribuem a enchente com um desfiles de clássicos de tirar as respiração e uma performance de Adolfo Luxúria Canibal a fazer esquecer o cancelamento do veterano Rodriguez.
No palco principal os Grizzly Bear
encantaram os seus fãs com uma actuação segura e entreteram quem já
estava a marcar posição para o concerto mais aguardado.
De regresso ao palco ATP deixar a nota
sobre a emocionante passagem do resistente Daniel Johnston que continua a
incrível luta em palco contra a sua conhecida doença. Também destaque
para os renascidos Meat Puppets que provam ser muito mais do que uma
mera bandeira grunge e até surpreendem com uma versão de «Sloop John B».
Mas o maior destaque vai para a banda de Steve Albini, uma espécie de
grupo residente dos Primaveras, que voltou a repetir a excelente
actuação do ano passado. Não há Primavera sem os Shellac, isso é certo.
Uma palavra para o regresso a Portugal dos Metz após dois concertos em Lisboa e Porto no inicio do ano.
O último dia de festival foi o menos
entusiasmante, musicalmente falando, apesar de algumas passagens
memoráveis assinadas pelos Dinosaur Jr., Liars,
Sea and Cake, White Fence, Dan Deacon e, especialmente, Savages.Uma palavra para o regresso a Portugal dos Metz após dois concertos em Lisboa e Porto no inicio do ano.
Também a nível de cabeças de cartaz, este último dia apresentava nomes sonantes mas mais ao nível teórico do que prático.Tudo bem revisto chega-se à conclusão que levamos saudades das Savages, a banda certa à hora certa na tenda Pitchfork bem lideradas pela carismática Jehnny Beth.
Defenderam com convicção um dos grandes discos deste ano, «Silence Yourself», e vemos ali sombras nada incomodativas de Joy Division. Grande concerto a pedir urgente regresso em nome próprio.
Muitos se aventuraram no som bruto dos Fucked Up, outros preferiram a zona de restauração para descansar, comer e fazer já um balanço que é positivo.
O Optimus Primavera Sound conseguiu
crescer sustentadamente, melhorou as condições no recinto, recebeu cerca
de 75 mil pessoas nesta segunda edição - números da organização -
manteve o excelente ambiente num espaço que se apresentou sempre limpo,
continua a cimentar uma relação de qualidade musical com conforto para
quem visita o evento construindo uma imagem de marca que o diferencia de
todos os outros festivais por cá.
Depois da grande enchente do segundo
dia, os nomes em cartaz para o derradeiro dia não convenciam tanto e daí
termos sentido muito menos apertos entre concertos.
A terceira edição do Optimus
Primavera Sound já tem datas confirmadas: 5, 6 e 7 de Junho contando com
os norte-americanos Neutral Milk Hotel como primeira banda confirmada.
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