O regresso da banda que marcou o panorama pop/rock alternativo dos anos 90 satisfez visivelmente a plateia numa em que também atuaram os Glass Candy ou Melody's Echo Chamber. Ao segundo dia, o Optimus Primavera Sound, no Parque da Cidade, no Porto, passa a funcionar com os quatro palcos para a atuação de 22 bandas.
18h50: Depois do aquecimento (a meio gás) das bandas portuguesas Dear Telephone e Memória de Peixe, e dos Ghost Digital, a meio da tarde no Optimus Primavera Sound no Parque da Cidade do Porto; a portentosa voz de Neko Case apoderou-se do Palco Superbock, conquistando uma plateia - algo sonolenta - com os seus ares de Janis Joplin moderna (a referência torna-se tão óbvia quanto a sua imagem) e o seu sentido de humor canadiano.
Invocando a sua faceta indie rock (que herdou da sua longa e afamada colaboração com os The New Pornographers) embrulhada na boa-disposição da sua banda, Neko Case actuou pela primeira vez em territórios nacionais (e já prometeu nova visita no final do ano) e deliciou com uma folk despreocupadamente clássica.
Mas foi, contudo, com OM que o festival começou, um nível de execução técnica num patamar de músicos como Cisneros e Amos a proporcionarem e a demonstrarem um controlo sobre os seus instrumentos um pouco fora do normal. Aos sobreviventes Meat Puppets, juntou-se os Swans, Mão Morta, OM, o rock imaginativo dos Local Natives de Los Angels, dos canadianos Metz, e os repetentes Shellac de Steve Albini.
22h20: No Palco Pitchfork, a meio da noite, a parisiense Melody Prochet lidera o seu projecto algo tenro e traz-nos a dreampop lustrosa de Melody's Echo Chamber, que em 2010 serviu de banda de suporte para os australianos Tame Impala. Em perfeita harmonia com o público e com o espaço em que se apresentou, os temas mais pomposos do seu ainda único álbum ecoaram ao longo de um concerto decorado com a candura do rock psicadélico que se esconde por detrás da figura vulnerável e tremeluzente de Melody, visivelmente surpreendida pela onda de calor e devoção com que os presentes respondiam perante temas como You Won't Be Missing That Part Of Me ou o derradeiro Jam.
01h25: A encabeçar o cartaz do festival e a marcar o retorno de uma das aplaudidas bandas do panorama pop/rock alternativo britânico, a actuação dos icónicos Blur deu-se precisamente nos termos em que se construíram as expectativas de uma plateia tão saudosista quanto exigente. Damon Albarn fez esquecer o peso da idade (passaram-se dez anos desde a última actuação da banda em Portugal), liderando um espectáculo frenético onde não faltaram êxitos como Girls & Boys (que abriu o alinhamento), Coffee And TV, ou ainda no épico encore ao som de The Universal ou do muito esperado Song 2. A energia (ainda juvenil) dos Blur espalhou-se por uma plateia que convocou todas as suas forças e continuou a pular e a bradar as letras bem alto até ao último minuto de um dos concertos mais esperados do festival.
03h00: O galardão de maior - e, sem dúvida, mais agradável - revelação deste segundo dia de festival - vai para os Glass Candy, um duo norte-americano que trouxe, pela primeira vez, a sua electrónica a Portugal. Com um repertório discográfico já relativamente extenso (o lançamento do próximo álbum, Body Work, prevê-se para o final deste ano), o projecto encabeçado pela vocalista Ida No (que mergulhou entre a plateia, levou fãs ao palco e ainda teve tempo para cantar os parabéns - em uníssono com o público - ao parceiro de banda, Johnny Jewel), agitou o Palco Pitchfork com as batidas refrescantes e os ritmos de uma sonoridade muito própria, que precisa de ser (re)descoberta urgentemente.
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