Condenado pelo autor antes da morte,
esse texto fragmentado foi salvo da fogueira, seu amigo Max Brod,
que o lançou em 1927.
Segundo Max Brod, o amigo que se
recusou a destruir os manuscritos de Kafka (1883-1924), contrariando a
vontade do escritor à morte, "O Desaparecido ou Amerika", romance
inacabado escrito entre 1912 e 1914, deveria terminar com um capítulo
sobre o "Theatro de Oklahama", "o maior teatro do mundo". O que Kafka
deixou desse "último capítulo" não passa de um fragmento, mas é uma das
principais chaves para a compreensão do seu primeiro romance.
O austríaco
Thomas Bernhard dizia: "Quando se abre um dos meus livros, acontece o
seguinte: é preciso imaginar que se está no teatro". Seria possível
dizer a mesma coisa de qualquer livro, de qualquer autor. Todo romance
encena um tipo de teatro. Kafka, Beckett e Thomas Bernhard, entretanto,
fazem desse elemento da representação literária uma evidência
incontornável para o leitor. Trata-se sempre de uma representação da
representação.
O "lugar" encenado na literatura é uma combinação
de imaginação e memória, uma recriação simbólica do mundo pela
imaginação.
A América de Kafka é "Amerika", um país ao mesmo tempo
imaginário e real. Kafka nunca pôs os pés fora da Europa.A América de Kafka é uma espécie de
empresa que abarca o mundo, onde a redenção é conseguir um emprego,
conseguir fazer parte, pertencer.
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