26/08/2012

SWANS

 Desde que abortaram em 1996, M. Gira passou a formar os angelicais e acústicos, Angels Of Light. O tempo longe dos Swans, bem como mover-se em outras direcções criativas resultou na reunião da banda em 2009. O que Gira está fazendo nestes dias não é radicalmente diferente dos Swans, mas sim um crescimento orgânico musical do que fez antes.

Em 2010, My Father Will Guide Me Up A Rope To The Sky, quebrava 14 anos de silêncio e de ansiedade em ouvir Swans, foi um assunto maduro, mas não da maneira como o ambiente de 1996 Soundtracks For The Blind, nem o acoustico Burning World, 1989.

 Há dois meses atrás, em entrevista há Spin, Gira revelou que o novo disco iria haver algumas surpresas - ou seja, as contribuições de Karen O, bem como membros dos Low e Akron/Family. Agora foi revelado que Ben Frost, Grasshopper dos Mercury Rev e Jarboe (nos backing vocals e "colagem de voz") também se apresentam no registro, que tem cerca duas horas.

Com o lançamento recente The Seer, um pouco de melancolia, humanidade foi removido e substituído por temas grandiosos e selecções de noise mais épicas. Novamente, isto é os Swans sendo Swans, sem tentar soar como os Swans. Gira sempre se move em frente, bem ou mal,  este é outro passo em frente para o rolo compressor.

 Gira disse que apelido Swans, vem da noção de uma criatura, bonita majestosa, com um temperamento ruim. Nestes dois últimos registos temos visto o majestoso e a beleza, mas não tanto do feio. Não o feio que veio de 1983 com Filth, ou Greed, 1986.

Michael Gira, o lider da noise-rock Swans, intitula The Seer o "ponto culminante" de uma vida de trabalho. Não é de se vangloriar da espera: mais de duas horas, o seu 12º álbum, cobre todos os pontos da brutalidade e da beleza em busca de epifanias. A faixa-título de 32 minutos "Avatar" exulta, canta, o terror extremo. "The Seer levou 30 anos, para o fazer. É o culminar de cada álbum anterior dos Swans, bem como qualquer outra música que eu já fiz ... ".

Os Swans são uma banda que atrai superlativos. Não se discute os Swans, como a melhor, ou a mais pesada, ou a mais alto, ou a banda mais maldita no mundo (como foi feito), mas oferece-nos uma banda que faz o melhor para a música extrema, como uma experiência profunda, e que transcende a mimesis ou expressão.  

Quer dizer: eles não cantam sobre emoções; Eles eliminam-as, pois eles são a sensação, eles buscam, criam. Há uma sensação de Michael Gira que bem poderia ser mais conhecido pela maioria. É verdade, que os Swans podem parecer primitivos, ou não-evoluídos musicalmente, foi (uma vez) o ponto. As letras iniciais enfrentam, lidam o abstracto, os arquétipos do poder, escravos e os lordes, o lado rufiã da natureza, e figuras monocromaticas, mais do que qualquer registo posterior como The Downward Spiral, NIN, ou contemporâneos Sonic Youth ou The Birthday Party soar comercial.

Com o início dos anos noventa, mais ou menos inventado, Crescendo-Rock-As-We-Know-It, e os picos dramáticos de Soundtracks for the Blind (1996) ou Swans Are Dead (1998) antecipou o melhor de Mogwai, GYBE! ou Sigur Ros- crescendo rock' porque o experimental Soundtracks ... veio cinco minutos atrasado a ser mencionado no ensaio de Simon Reynolds,1994 de post-rock, e esta colagem de duas horas de sons encontrados e sinistro drone-scapes nem sempre receberam o crédito que merece.

 Então, o que faz 30 anos de experiência como som? Volte-se a figura do artista começar a ver o que são os Swans: a que som poderiam ter chegado, só alguém com uma sensibilidade especial, e uma missão especial a que não se pode disfarçar. Após o divórcio dos seus pais, par de anos de quase diárias viagens de ácido, uma temporada na prisão, e depois numa fábrica, o jovem Michael Gira fugiu para Israel - tudo antes dos 15 anos. Um ano depois de seu desaparecimento, foi localizado a trabalhar como mineiro.  

Trazido de volta aos Estados Unidos, matriculou-se na faculdade de artes, onde conhece Kim Gordon e, através dela, tornou-se parte integrante da cena musical de Nova Iorque, logo após a No Wave ter rebentado. O line up de início inclui mesmo Thurston Moore recrutado do Glenn Branca’s Guitar Army.

 A razão pela qual ainda estamos a ouvir uma banda que evoluiu (ver, por exemplo, Filth, de 1982) é por causa de quão longe estes Swans conseguiram se desenvolver e evoluir, para uma descontraída e deliberada rotura com o passado inicial: a partir de percussão-industrial pesada e mudar para uma espécie de mais elevado post-rock, que englobava (mas não limitado a) crescendo-rock,  depois uma versão country alternativo na maioria da década (com os Angels of Light) permitiu a Gira tocar, ironicamente, musicas espirituais, e, ocasionalmente, criar uma cacofonia de sons, como nos bons ol'days. 

E assim chegamos a 2012. The Seer é o culminar dos 30 anos da viagem de Gira, nas suas duas melhores horas. Dez anos depois de GYBE’s Levez vos Skinny Fists… e 16 anos depois de Soundtracks…isso não é realmente um álbum difícil.

 "Lunacy" é o primeiro movimento, e começa com uma dissonante linha de guitarra, que os lentos "droning chants" se constroem a partir do nada, num crescendo de guitarras e tambores tribais. A ajudar Gira a empurrar esta mensagem estão os vocalistas Alan Sparhawk e Mimi Parker dos Low.

 A maioria das faixas vai satisfazer os ouvintes que vieram para o pós-rock através de filmes de Hollywood. Há, no entanto, um caso para as passagens mais difíceis do álbum, e virando o centro das atenções em algumas das influências de Gira, mostrando o quanto este não constitui a partida. Olhe-se para o longo tema titulo do album, The Seer,  trinta e dois minutos de duração e abre com uma gaita de foles, ou talvez dolorosamente dissonante órgão. De quatro a 13 minutos, tem-se uma série de post-rock convencional, embora com uma voz terrivelmente sinistra, diabólica, que se eleva e resvala para algo mais sinistro ("iveseenitall-iveseenitall-iveseenitall-I’VE SEEN IT ALL-I’VE SEEN IT ALL").

Sim, são os Swans antes e depois e por isso têm outras psychedelic voyagers, mas raramente com tanto legado musical carregado em cada único single. Grande parte de Seers, é composto de seis a dez minutos fortalecido de repetição implacável, mas o que está repetido é bem tocado, e disposto de forma requintada, e dentro de faixas individuais, pode-se ouvir ecos dos The Residents’ 'ethnographic forgeries', ou Sun City Girls (cujo Sir Richard está em turné com os Swans). Há um monte de Can e, em alguns lugares um grunhindo de Captain Beefheart.

 Não se pode rever um álbum dos Swans sem tocar no som da guitarra de Norman Westberg. Se totalmente a ataca o seu instrumento, utilizando-o para o noise ou apenas levemente tocando no fundo, as contribuições de Westberg são o irrepreensível som dos Swans. 

Indiscutivelmente, este é um desenvolvimento e um novo alvo apontado para bandas mais jovens. Um dos cruciais ingredientes que definiu os Swans como uma seminal banda de post-rock, foi a sua exploração de loops não-rítmicos, para criar paisagens sonoras com uma sensação de constrição, não havendo desenvolvimento de todo, mas o desenvolvimento é cerebral, interior, subjectivo. Dependendo da experiência de ouvir ao longo do tempo, o harmónico e o melódico em vez das relações com outros elementos da composição. 

Tudo o que faz destas rápidas e surpreendentes duas horas. Não é tudo avant-garde.. 'Song for a Warrior' (cantada por Karen O-  a sua voz é tão bela, tão transcendente ) é uma das peças mais simples que Michael Gira já escreveu, e é linda. Como na folha musical de Gira aparece Jarboe ( nos vocais de apoio um par de vezes), Karen O, faz um bom trabalho bem como soar e animar para tal um titã musical, uma figura mítica de mãe que abraça morte a também.

 Aqui está a mais 30 anos de Swans. A única questão agora é, onde nos vão levar os proximos Swans ?

 Agora "The Seer" continua a solidez do regresso da banda e será editado no próximo dia 28 de Agosto, amanhã, e está disponível em streaming. Espécie de encerramento em estúdio do que havia iniciado há alguns meses com o lançamento do disco ao vivo, We Rose From Your Bed With the Sun in Our Head (2012).
NB - Incluído no pacote de edição especial, um DVD, 100 minutos dos Swans ao vivo.

 The Seer:
1. Lunacy
2. Mother of the World
3. The Wolf
4. The Seer
5. The Seer Returns
6. 93 Ave. B Blues
7. The Daughter Brings the Water
8. Song for a Warrior
9. Avatar
10. A Piece of the Sky
11. The Apostate

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