Literatura e política se cruzaram amiúde na América Latina dos últimos
100 anos. Mas o que menos se viu foram escritores dispostos a defender
opiniões minoritárias e impopulares entre a intelectualidade esquerdista
dominante. Dentro dessa minoria, ninguém mostra tanto brio quanto Mario
Vargas Llosa, o romancista e ensaísta peruano de 75 anos que concorreu à
Presidência de seu país em 1990 e ganhou o Nobel de Literatura no ano
passado.
Em "A Festa do Chibo", Mario Vargas Llosa recupera uma tradição na
literatura latino-americana, a do romance sobre ditadores, e retratando a
ditadura de Trujillo, na República Dominicana, recupera também a força
das suas melhores obras.
O inegável talento do autor para manejar
conflitos, criar tensões, descrever situações, revelar as razões humanas
que se ocultam por detrás dos factos históricos, para poder criar
personagens que inspiram repugnância e compaixão, resulta num romance surpreendente.
Sem comentários:
Enviar um comentário