Inspirada por Steve Reich, techno de Detroit, um período de seis meses na Tailândia, e ficção científica, exuberante artesanato e electrónica avant-pop, Laurel Halo é tão teórica como brincalhão. Uma nativa de Ann Arbor, MI, e moradora em Brooklyn, Halo começou a tocar piano aos seis anos e acrescentou viola e violino ao seu repertório ainda em criança. No entanto, não começou a compor até que aos 19 anos, usando não só a teoria clássica da sua infância, mais o fascínio com a traduçãode formas geométricas como arcos e abóbadas em música e os sons que absorveu na Universidade de Michigan, e de forma livre como DJ na,estação de rádio WCBN, como pedras de toque para seu trabalho.
Com uma carreira breve, mas já com diversos registos em carteira - em particular Frkwys Vol. 07 em colaboração com gente como Daniel Lopatin e James Ferraro - a potenciar todo um buzz
em redor, Laurel Halo habita uma fronteira entre a canção e o
experimentalismo electrónico com ecos da IDM do início dos anos 90, da
pop mais etérea e da música de dança leftfield
Lançou vários EPs entre 2006-2009, incluindo The Future Fruite, e Ambrosia, 2009, (do qual duas músicas foram, remix por Mogi Grumbles, um ano depois). Lançamento de Halo no entanto, foi o EP, King Felix, inspirado na novela de Philip K. Dick, VALIS, lançado pela Hippos in Tanks -- também a casa de GAMES, Sun Araw, e Oneohtrix Point Never. Halo manteve uma agenda lotada, colaborando com os labelmates GAMES, e preparou o lançamento em 2012, do album de estreia, Quarantine, acabado de sair pela Hyperdub
Não é necessário entrar pela militância Tumblr/Blogger para constatar que o buraco indie
cheio de bandas de guitarrinha frágil em devoção afectada "xonice"
está hoje muito mais dependente dos efeitos da música electrónica, no
que a atenção diz respeito. Não deixa de ser uma zona de conforto
demasiado conformista, mascarada por um
hipotético bom gosto, habitando num limbo que
não permite resvalar, ora para o nicho da música far out, ora
para a aceitação massiva com a cultura popular- já que a ironia não faz parte da agenda
pós(?)-pós-moderna. E é nessa indecisão que a cena mais leftfield da música de dança tem vindo a escalar o top da Billboard indie – se este existisse.
Com aquela vaga de estranheza que levou as gentes de Brooklyn ao stardom
possível há uns 8 ou 9 atrás - a tornar-se uma prática comum, é normal
que nomes nascidos no lamacento mundo das cassetes e dos concertos em locais duvidosos se tenham visto alvo de uma transversalidade algo estranha
com as aproximações sucessivas à canção. Mesmo quando o talento está
longe de ser o suficiente para essa prática e a
referenciar legados mais ou menos esquecidos ou fechados como a cold
wave, a house de Chicago, a Warp dos primeiros tempos e a pop sintética.
Podia-se pensar no percurso da Not Not Fun desde os seus primórdios até à
criação da 100% Silk como cápsula destes movimentos laterais, mas para
situar a Laurel Halo pode-se traçar um contínuo de senhoras como Stellar
Om Source, Zola Jesus e Grimes – mais ou menos nesta ordem – para
chegar até à essência contextual de Quarantine, sem grandes
transtornos para qualquer uma das partes. Com a vantagem de que, em
relação a estas duas últimas – mesmo com a influência de Kate Bush em comum – a Laurel Halo pareça ser uma
exploradora mais incansável do som enquanto processo para as tais
canções, ao invés de lhes chegar por uma via tentativa de aproximação.
Com o conhecimento de causa da música electrónica nas suas vertentes
mais expansivas – a kösmische desse grupo de viajantes que se encontrou
em Frkwys vol. 7 - ou cerebrais – a IDM postulada em Hour Logic - Quarantine procura alinhar essas facetas em torno da tendência mais cancioneira de King Felix
Laurel Halo regressa ao Aquário da ZDB, em Lisboa no próximo dia 24 de Maio Na mesma noite, os Gala Drop dão continuidade às suas explorações após o lançamento de Broda em colaboração com Ben Chasny, num regresso da banda lisboeta ao palco da ZDB
1 comentário:
vai ser um concerto a não perder, e quem sabe não aparece o Chasny!
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