29/04/2012

SÉTIMA LEGIÃO 30 ANOS DEPOIS

Década de 80. Às nossas rádios chegava, directamente de Inglaterra, o post-punk dos Echo & The Bunnymen, dos New Order e dos Joy Division. Por cá, assistia-se ao grande boom do rock português, com Rui Veloso, Xutos & Pontapés, Heróis do Mar e GNR a assumirem o papel de protagonistas, e com os Sétima Legião, a darem os primeiros passos nas lides da música, com uma postura vanguardista. Trinta anos passados, mantém-se o poderio de Rui Veloso, Xutos & Pontapés e GNR, reedita-se a discografia dos entretanto extintos Heróis do Mar e comemora-se o 30º aniversário de carreira e o regresso aos grandes palcos dos Sétima Legião Os portugueses Sétima Legião dão hoje o primeiro concerto que assinala os 30 anos de carreira de uma das mais emblemáticas bandas do país. Para o arranque, os músicos escolheram a Casa da Música, no Porto, onde começam a tocar às 21h00. Os bilhetes para o concerto custam 30 euros. Pedro Oliveira (voz e guitarra), Rodrigo Leão (baixo e teclas) e Nuno Cruz (bateria) formaram a Sétima Legião em 1982 numa altura em que o rock português vivia um momento de expansão, com nomes como UHF e Rui Veloso a apostarem no rock. Nessa altura, a introdução da gaita-de-foles foi um risco que acabou por compensar o grupo. "Não parece nada que passaram 30 anos, parece menos, mas hoje tocamos melhor do que há trinta anos", disse à agência Lusa Rodrigo Leão. A sonoridade do grupo denunciava influências da música pop rock inglesa, em particular o ambiente de Manchester e de bandas como Joy Divison. Os primeiros temas da Sétima Legião ainda foram escritos em inglês, mas foi com as letras em português, quase todas de Francisco Ribeiro de Menezes, com a introdução de bombos e da gaita de foles, que conquistaram uma marca distintiva na música portuguesa. Os concertos marcados para a Casa da Música (Porto) e para o Coliseu dos Recreios (Lisboa) reúnem os elementos que integraram a formação original da banda: Rodrigo Leão (baixo), Pedro Oliveira (voz e guitarra), Nuno Cruz (bateria), Gabriel Gomes (acordeão), Paulo Marinho (gaita de foles, flautas), Ricardo Camacho (teclas), Paulo Abelho (percussão) e Francisco Ribeiro de Menezes (teclas). Ricardo Camacho, teclista, médico e investigador, explicou à agência Lusa que os espectáculos deverão ser longos, com mais de vinte temas, sobretudo os que ainda preservam a memória da banda, como "Glória", "Mar d'Outubro", "Sete Mares" e "Por quem não esqueci". Os Sétima Legião editaram seis álbuns, desde "A um Deus desconhecido" (1984) até "Sexto Sentido" (1999) e nunca anunciaram oficialmente um fim, sendo que os músicos foram tocando informalmente ao longo dos anos. Rodrigo Leão, que prosseguiu carreira nos Madredeus e a solo, fala de um "nervosismo saudável" em recuperar agora as canções tal como eram e Ricardo Camacho sublinha que nada mudou nestes anos: "Discutimos imenso, mas mantemo-nos amigos". Há elementos que continuaram na música, como Paulo Abelho e Paulo Marinho, outros que seguiram percursos paralelos, como Francisco Ribeiro de Menezes, diplomata e actual chefe de gabinete do primeiro-ministro. Toda a discografia da Sétima Legião foi remasterizada e reeditada esta semana, juntamente com uma colectânea intitulada «Memória», que inclui um DVD com um concerto gravado nos anos 1990 no pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa. A discografia é, como referiu Ricardo Camacho, "um documento sobre uma banda que deixou alguma marca na música portuguesa". Sobre o público que estará nos concertos, Rodrigo Leão e Ricardo Camacho não sabem bem quem os aguarda. "Possivelmente gente da nossa idade e que nos ouvia há trinta anos", disse Rodrigo Leão. "Se calhar algum público mais novo, que não nos conhece, mas que já nos ouviu na rádio", prosseguiu Ricardo Camacho. A banda tem pelo menos mais dois concertos agendados para assinalar os 30 anos:um a 18 de Maio, nas Caldas da Rainha, e outro a 8 de Setembro, em Cascais. O outro concerto é dia 4 de Maio no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Até ao final de Novembro a Sétima Legião vai passar por todo o país. Esta ideia de reunião já vinha a ser falada há algum tempo nos muitos concertos "só para amigos" que dão no Frágil. Uma outra sugestão pode ser uma passagem pelo SWR Barroselas Metalfest, o festival de metal que promete não dar descanso à tipicamente pacata vila minhota de Barroselas. Os passes para os cinco dias desta 15ª edição do festival custam 85 euros e os bilhetes diários custam 35 euros. Os concertos começam às 17h00. Hoje há música com os Monkeypriest, Legacy of Brutality, Warhammer, Asphyx, Process of Guilt, Aspen, Hirax, Mythological Cold Towers, Nuklear Goat, Ondskapt, Foscor, The Firstborn, Mother of the Hydra, Eccentric Pendulum, Bloodsoaked e Woslom.

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