Houve um tempo em que a música era importante para a televisão. E não para falar sobre a música como um objecto de consumo, e ou trabalhar para criar programas para estrelas descartáveis, mas sim da música como cultura, com todas as suas manifestações.
Naquela época, na década de 80, Paloma Chamorro criou e apresentou "The Golden Age" o melhor programa de música na história da televisão de Espanha.
Durante cerca de dois anos, entre 1983 e 1985, "La Edad de Oro" tinha tudo para se tornar num mito: a modernidade, estrelas de reputação (internacional, como The Smiths e Lou Reed tocaram ao vivo na pequena tela, e não era exactamente simples), controversas (reclamações colectadas de blasfémia) de curta duração, mas intenso.
Os 55 programas tinha tudo num formato que ninguém se atreveu a repetir.
Não era incomum. Todos os dias, após a emissão na TVE 2 (para a época, em UHF), foram montados os debates públicos sobre o que deveria ser tal programa. Uma vez que certos sectores, reagiam mal sobre, as entrevistas com músicos perturbados (com droga, diziam), relatórios sobre as artes (de mau gosto) e as performances musicais.
E a música não estava interessada nas audiências televisivas (no grande público televisivo da época)grande parte do tempo. Na verdade, a maioria das pessoas que tocaram no programa, apesar de serem músicos famosos de grande sucesso da crítica não tinha um êxito maciço.
Mas o jornalista Rafa Cervera explica bem o sucesso de "A Era de Ouro ': para muitas pessoas o programa era um reality show, como Big Brother, mas a besta. Eles colocaram La Edad de Oro para ver, ao invés disso era atirado para a piscina como pode acontecer no Big Brother, alguém monta um numero sacando a façanha, como o fez Stiv Bators, soltando um absurdo.
Como programa não havia nada de especial: era um show ao vivo completo com performances ao vivo e também em público. Na verdade, tinha até momentos chatos,e pretensiosos. Mas, é claro, era lógico dada a sua alegação "artística" ou artie. Paloma Chamorro pensava que estava fazendo historia.
Na lista de orações e pedidos, a Paloma pediram ao chefe dos estudios Prado del Rey para deixar os convidados e artistas fumarem maconha durante o tempo das filmagens. Eles deram permissão, mas, obviamente, apenas verbal. No entanto, Prado del Rey pertence a Pozuelo de Alarcón e de lá que comandava era a Guarda Civil. Se quisessem poderiam entrar no "jogo", embora Paloma fosse muito cuidadosa para não ver qualquer uniforme ou no quadro da câmera.
Então, o programa tinha de tudo: entrevistas com músicos que não respondiam, porque de facto não eram capazes, outros não, porque não queriam, e até mesmo missas negras, e vídeos com(de um segundo)crucifixos na cabeça de porcos.
Que foi o ponto culminante, Palomo Chamorro foi denunciada. A promotoria pediu para se retratar publicamente da suposta blasfémia, contida no vídeo e pagar 33 pesetas (uma por cada ano de vida de Cristo). Foi absolvida em 1998.
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