20/01/2012

DAVID BYRNE

Já pensaram por alguma vez comprar uma dessas bicicletas eléctricas para deixar mais o carro em casa, fugir dos engarrafamentos, ser um bocadinho mais ecológico e, por que não, ver se o exercício entra de vez na ordem do meu dia.

Quando veem uma vizinha entrar e sair do prédio a bordo da sua bicicleta, ou uma bike elétrica, a Ecobike, não sentem uma ponta de inveja "positiva". Viajar pela cidade sobre duas rodas tem o seu charme, ainda mais quando o clima é verão…Adoro bicicleta, já se tornou num hobby para muito tempo.


Diários de Bicicleta, de David Byrne

Escrito ao longo dos anos, cheio de reflexões, divagações, impressões, memórias e devaneios de David Byrne, Diários de bicicleta segue o fluxo de pensamentos que andam soltos enquanto pedalamos. Quem costuma andar de bicicleta entende o que estou dizendo.

Músico dos Talking Heads, designer, escritor, multi-tarefas, o criativo Byrne começou a pedalar mais assiduamente nos anos 80 e as bicicletas dobráveis caíram como uma luva na rotina agitada do músico profissional, que a cada hora está num lugar diferente levado por turnés. Com as duas rodas na mala, nunca teve problemas em montar na sua bicicleta e sair pedalando em qualquer lugar do mundo, tendo ou não ciclovia para andar pela rua.

As páginas são pensamentos que surgem de acordo com a paisagem à frente, com boas pitadas de reflexões políticas e acerca da capacidade humana de erguer e destruir coisas belas – sejam elas edifícios, florestas ou sistemas de governo.

Os capítulos são divididos por lugares que Byrne passou, e atento quando está em Berlim, pensa na América Latina, quando está em Nova Orleans, lembra-se de Salvador, num passeio em Buenos Aires faz referência a Londres, em Istambul recorda Manila…

Uma militância no que ele escreve e pensa, a favor de cidades mais amáveis e afeitas aos homens que aos carros. As duas rodas movidas unicamente pelo esforço humano são capazes de realizar pequenos milagres ao conduzi-lo de um lado a outro. E isso não tem nada de místico.

O fato de superar obstáculos, sentir o vento, vencer o cansaço, descobrir outros lugares, movimentar-se sem provocar barulho, estar no mundo em movimento com toda a liberdade e fragilidade comum à condição humana, pode levar o ciclista a um estágio quase de meditação e a uma consciência política e social impressionantes.

Os relatos de Byrne mostram isso e quem costuma pedalar com frequência sabe do que ele fala. O livro tem uma bicicletinha que se move no rodapé à medida que avançamos nas páginas dá uma mostra das subtilezas embutidas no volume.

Para arrematar, Byrne inclui umas dicas no fim do livro, sobre comportamento de ciclista, manutenção de bicicletas, segurança no trânsito. Embora abomine o capacete (eu não tenho... ainda), reconhece que é importante, especialmente em lugares onde ciclistas e motoristas ainda não têm uma convivência pacífica, como em países como a Holanda.

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